As relações entre os poderes espiritual e temporal na teoria política de Álvaro Pelayo através de seu Espelho dos Reis (1341- 1344)
Resumo
Resumo : Inserido num contexto de transição do medievo para a modernidade, este trabalho visa analisar algumas das causas que desencadearam a série de querelas e comoções que movimentaram o final do século XIV e início do XV. Para tanto, destacamos dois de suma importância nesta conjectura, a saber, a centralização do poder em torno da figura régia e o declínio das prerrogativas da teocracia pontifícia - estas últimas que serão defendidas contra o avanço da esfera temporal do poder por Álvaro Pelayo, figura central de nossos estudos. Do eminente frei galego e Bispo de Silves (atual diocese de Faro, em Portugal) selecionamos o Speculum Regum (Espelho dos Reis - 1341-1344) como fonte primária, onde o autor deixa muito bem clara a sua concepção de supremacia do Sacerdotium sobre o Imperium através de uma teoria política lapidada ao longo de seu trabalho. Neste sentido, através das palavras de Álvaro analisaremos a sua teoria política e a série de virtudes elencadas e trabalhadas por ele no Speculum para dar base - e legitimidade - a seu discurso, percebendo a relação destas com o contexto em que estão sendo apresentadas, ou seja, o da já referida ascensão dos poderes régios, mas centrando nosso foco nos reinos de Portugal e Castela, representados, respectivamente, pelas figuras de Afonso IV (1325-1357) e Alfonso XI (1312-1350). Ao mesmo tempo, observaremos a própria natureza especular da obra, dadas as premissas de orientação ao rei de Castela para uma boa conduta e a prática de um reto governo através do já mencionado conjunto de virtudes exposto no texto - retendo assim, informações válidas para melhor interpretar a obra e compreendê-la dentro de seu plano de fundo histórico.
Palavras-chave: Baixa Idade Média; Teoria Política; Álvaro Pelayo.