Autigênero : construindo novas compreensões de gênero a partir da subjetividade de pessoas autistas trans não binária

Abstract

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo a construção de entendimentos das temáticas de diversidade de gênero e neurodesenvolvimento autista a partir da subjetividade de pessoas autistas trans não binárias, para a ampliação da compreensão do conceito de gênero e suas vivências para além de suas concepções normativas e neurotípicas. Por meio dos princípios epistemológicos e metodológicos de pesquisa qualitativa construtivo-interpretativa da Teoria da Subjetividade de Fernando González Rey, busca-se compreender como as subjetividades individuais e sociais que configuram as vivências dessas pessoas produzem sentidos subjetivos e configurações subjetivas a respeito de gênero, considerando perspectivas de pessoas autistas trans não binárias, desafiando modelos essencialistas e abrindo caminho para abordagens mais plurais e situadas. O trabalho se subdivide em tópicos que abordam o histórico e conceitos básicos sobre a temática de gênero e sobre conceitos do Transtorno do Espectro Autista (TEA), como burnout, shutdowns e meltdowns, considerando a importância de um olhar crítico sobre a normatização e necessária despatologização de identidades trans e neurodivergentes. A pesquisa traz para a discussão Políticas Públicas de Saúde no Brasil para pessoas autistas e para pessoas trans, discorre sobre a questão do diagnóstico autista e diagnósticos ligados à transidentidades de gênero e especifica a escolha de terminologias utilizadas. Com a devida justificativa da relevância social da pesquisa, informações foram trans-construídas com três participantes de pesquisa em espaços conversacionais abertos de reflexão e escrita em conjunto de seus indicadores subjetivos. Por fim, neste trabalho são direcionadas considerações sobre: (1) A importância da escuta e envolvimento de pessoas autitransgêneras nas discussões referentes às suas comunidades; (2) Desenvolvimento de uma percepção crítica sobre o discurso binário hegemônico de gênero para evitar a reprodução de práticas que marginalizam pessoas trans não binárias e autistas; (3) Possibilitar a implantação de políticas públicas e orientações psicológicas inclusivas para medidas compatíveis de cuidado em saúde; (4) Produção atualizada de conteúdo científico e acadêmico de todas as áreas para maior validade sobre os temas explorados; (5) Início de um trabalho de possível conceituação de "Gênero" na Teoria da Subjetividade

Abstract: The present work aims to construct understandings around the themes of gender diversity and autistic neurodevelopment from the subjectivity of autistic non-binary trans individuals, in order to broaden the concept of gender and its experiences beyond normative and neurotypical frameworks. Through the epistemological and methodological principles of the constructive-interpretative qualitative research approach based on Fernando González Rey’s Theory of Subjectivity, the study seeks to understand how individual and social subjectivities shaping these individuals’ experiences produce subjective senses and configurations regarding gender. This is done by centering the perspectives of autistic non-binary trans people, challenging essentialist models and paving the way for more plural and situated approaches. The work is structured into sections that address the historical background and basic concepts related to gender and to the Autism Spectrum Disorder (ASD), including aspects such as burnout, shutdowns, and meltdowns, with an emphasis on the importance of critically examining norms and advocating for depathologization. It also discusses public health policies in Brazil for both autistic and trans individuals, explores the complexities surrounding autism diagnoses and those related to gender transidentities, and specifies the chosen terminology. With a justified acknowledgment of the research’s social relevance, information was co-constructed with three participants through open conversational spaces aimed at jointly reflecting on their subjective indicators. Finally, the work presents considerations along the following lines: (1) the importance of listening to and involving autitransgender individuals in discussions concerning their communities; (2) the development of a critical awareness of the hegemonic binary discourse on gender to prevent the reproduction of practices that marginalize non-binary trans and autistic individuals; (3) the potential for implementing public policies and updated guidelines for compatible health care measures; (4) the production of more valid scientific and academic content on the subject; (5) the initial steps toward a possible conceptualization of "Gender" within the Theory of Subjectivity