Impacto do estilo de liderança na motivação, satisfação e estresse ocupacional dos funcionários em uma instituição pública de saúde

Abstract

Resumo: As instituições públicas de serviço de saúde no Brasil frequentemente expõem seus trabalhadores a situações de alta pressão, escassez de recursos e elevado estresse. Neste cenário, a liderança é ainda mais crítica para resultados organizacionais de diversos níveis. Buscando compreender melhor os impactos da liderança neste contexto, neste estudo são analisados os efeitos do estilo de liderança sobre a motivação, a satisfação no trabalho e o estresse ocupacional em uma instituição pública de saúde. A investigação adotou abordagem quantitativa, com survey aplicado a 371 funcionários de uma instituição pública de saúde, e análise por modelagem de equações estruturais com mínimos quadrados parciais (PLS-SEM). Das nove hipóteses formuladas, sete foram confirmadas. As relações diretas sustentadas foram: H2, entre liderança e satisfação; H4 e H5, entre satisfação, motivação e estresse; e H6, entre motivação e estresse. As hipóteses H7, H8 e H9 confirmaram os efeitos mediadores da satisfação sobre os impactos da liderança nos desfechos psicossociais. Embora os efeitos diretos da liderança sobre motivação (H1) e estresse (H3) não tenham sido sustentados, os caminhos indiretos via satisfação foram significativos, corroborando o modelo teórico proposto. A satisfação desponta como elo articulador entre práticas de liderança e resultados psicossociais. A pesquisa ainda contribui metodologicamente ao aplicar o PLS-SEM com elevado rigor estatístico em um contexto de investigação organizacional no setor público da saúde, campo ainda pouco explorado com esse nível de robustez metodológica. Destaca-se, também, a validade da estrutura formativa da satisfação no trabalho, representando avanço metodológico para estudos futuros em contextos públicos. Os resultados da pesquisa indicam que lideranças orientadas à valorização profissional, à escuta ativa e à comunicação institucional estão associadas a maiores níveis de satisfação e menores índices de estresse ocupacional. Esse padrão sugere que o desenvolvimento de competências socioemocionais por chefias, especialmente em ambientes de elevada pressão assistencial, pode favorecer a construção de contextos organizacionais mais equilibrados, com efeitos positivos sobre o bem-estar e o engajamento das equipes. Tais evidências oferecem suporte à formulação de políticas de gestão de pessoas que priorizem programas de formação continuada com foco em reconhecimento, apoio emocional e mediação de conflitos no cotidiano hospitalar

Abstract: Public healthcare institutions in Brazil often expose their employees to highpressure situations, resource constraints, and elevated stress levels. In this context, leadership plays a critical role in organizational outcomes at multiple levels. This study analyzes the effects of leadership style on motivation, job satisfaction, and occupational stress in a public healthcare institution. A quantitative approach was adopted, with a survey conducted among 371 employees and data analyzed using partial least squares structural equation modeling (PLS-SEM). Of the nine hypotheses tested, seven were confirmed. The direct relationships supported included H2, between leadership and satisfaction; H4 and H5, between satisfaction, motivation, and stress; and H6, between motivation and stress. Mediation hypotheses H7, H8, and H9 confirmed the mediating role of satisfaction in the effects of leadership on psychosocial outcomes. Although the direct effects of leadership on motivation (H1) and stress (H3) were not supported, the indirect effects through satisfaction were statistically significant, corroborating the proposed theoretical model. Job satisfaction emerged as a central link between leadership practices and psychosocial outcomes. The study also offers methodological contributions by applying PLS-SEM with high statistical rigor in a public healthcare management context, a field still scarcely explored with such robustness. Additionally, it highlights the validity of modeling job satisfaction as a formative construct, representing a methodological advancement for future research in public sector settings. The findings indicate that leadership practices focused on employee recognition, active listening, and institutional communication are associated with higher satisfaction levels and lower occupational stress. This pattern suggests that developing socioemotional competencies among mid-level managers, particularly in high-pressure healthcare environments, may help build more balanced organizational contexts with positive effects on employee well-being and engagement. These findings support the formulation of people management policies that prioritize ongoing leadership training programs focused on recognition, emotional support, and conflict mediation in the hospital work environment