Resumo: O poetry slam ou slam é uma competição em que poetas disputam declamando poemas autorais de até três minutos. No Brasil, esse fenômeno chegou em 2008 e atraiu a participação de jovens e minorias periféricas que, através da poesia, elaboram suas vivências articulando identidade e memória, e desenvolvem estratégias de ocupação da rua, do mercado editorial e da internet. A partir da produção de narrativas de poetas negras periféricas e sua expressão no slam, esta tese analisa a produção de um corpo-testemunho que se origina na performance poética de uma memória corporal, histórica e ancestral, que percorre múltiplas temporalidades, e que, ao circular, transfere e movimenta os corpos e memórias do público presente. A pesquisa foi desenvolvida através da prática etnográfica de uma pesquisadora encarnada, que se coloca em campo em um corpo que analisa, teoriza, mas que também é atravessado pela experiência. Em uma abordagem do feminismo decolonial e da história potencial, sugere a aproximação com os Estudos da Performance considerando a análise de corporalidades em práticas de enfrentamento à colonialidadeAbstract: Poetry slam is a competition where poets perform their own original poems in rounds that are typically three minutes or less. The phenomenon arrived in Brazil in 2008 and quickly attracted young people and marginalized communities. Through poetry, these artists process their life experiences, articulating their identities and memories. They also develop strategies to occupy public spaces, the publishing industry, and the internet. Based on the production of narratives by Black women poets from their perspective within poetry slam, this thesis analyzes the creation of a body-testimony that originates in the poetic performance of a bodily, historical, and ancestral memory— one that traverses multiple temporalities and, as it circulates, it transfers and moves the bodies and memories of the audience. The research was developed through the ethnographic practice of an embodied researcher, who enters the field in a body that analyzes and theorizes, but is also shaped by experience. Grounded in Decolonial Feminism and Potential History, the work suggests an approach to Performance Studies that considers the analysis of "corporalities" in practices that challenge coloniality