Emanuel Ringelblum : trajetória e testemunho de um historiador no gueto : uma sequência didática

Abstract

Resumo: Esta dissertação analisa a trajetória e o legado do historiador judeu polonês Emanuel Ringelblum (1900–1944), destacando sua atuação como organizador do arquivo secreto Oyneg Shabes e autor da Crônica do Gueto de Varsóvia, um registro fundamental sobre a vida, o sofrimento e a resistência dos judeus durante a ocupação nazista da Polônia entre 1939 e 1944. O estudo começa com uma reflexão historiográfica sobre a memória e os testemunhos como fontes para a construção do conhecimento histórico, enfatizando sua importância na preservação da verdade dos vencidos no processo genocidário. Em seguida, examina a biografia de Ringelblum e sua obra, buscando compreender sua narrativa no contexto de violência e extermínio, e as estratégias de resistência cultural e física empreendidas pelos judeus no gueto. O produto didático apresenta um resumo do contexto histórico e trajetória de Ringelblum, incluindo excertos selecionados da Crônica do Gueto para atividades de leitura, interpretação e debate em sala de aula. A pesquisa visa demonstrar como fontes memorialísticas, como a de Ringelblum, servem como ferramentas na construção do conhecimento histórico, instrumento de denúncia contra o apagamento histórico e como alerta à repetição de tragédias. Além disso, o estudo reforça a importância de ensinar a Shoá como meio de identificar, no presente, os mecanismos do ódio e da intolerância que levaram a destruição de vidas e minorias étnicas. Com a ascensão global da extrema direita antidemocrática e iliberal, compreender esse passado é essencial para combater a desinformação e evitar novas catástrofes humanitárias. A obra de Ringelblum não apenas documenta o horror, mas também serve como um chamado à vigilância e a ações de enfrentamento às formas de autoritarismo e violência sistêmica. Mais do que fontes para a historiografia, as narrativas memorialísticas personificam a vítima, fomentam a criação de uma relação de empatia e compaixão do leitor com o narrador e sensibilizam para o respeito à alteridade, a defesa de todas as formas de vida e dos direitos humanos, compromisso que guiaram a vida de Emanuel Ringelblum

Abstract: This dissertation analyzes the trajectory and legacy of the Polish Jewish historian Emanuel Ringelblum (1900–1944), highlighting his role as the organizer of the secret archive Oyneg Shabes and author of the Warsaw Ghetto Chronicle, a fundamental record of the life, suffering, and resistance of Jews during the nazi occupation of Poland between 1939 and 1944. The study begins with a historiographical reflection on memory and testimonies as sources for the construction of historical knowledge, emphasizing their importance in preserving the truth of the defeated in the genocidal process. It then examines Ringelblum’s biography and his work, seeking to understand his narrative within the context of violence and extermination, as well as the strategies of cultural and physical resistance undertaken by Jews in the ghetto. The didactic product presents a summary of the historical context and Ringelblum’s trajectory, including selected excerpts from the Warsaw Ghetto Chronicle for reading, interpretation, and classroom debate activities. The research aims to demonstrate how memorial sources, such as Ringelblum’s, serve as tools in the construction of historical knowledge, as instruments of denunciation against historical erasure, and as warnings against the repetition of tragedies. Furthermore, the study reinforces the importance of teaching the Shoah as a way of identifying, in the present, the mechanisms of hatred and intolerance that led to the destruction of lives and ethnic minorities. With the global rise of the antidemocratic and illiberal far right, understanding this past is essential to combating disinformation and preventing new humanitarian catastrophes. Ringelblum’s work not only documents the horror but also serves as a call to vigilance and to actions of resistance against forms of authoritarianism and systemic violence. More than sources for historiography, memorial narratives personify the victim, foster the creation of a relationship of empathy and compassion between the reader and the narrator, and raise awareness for respect for otherness, the defense of all forms of life, and human rights a commitment that guided Emanuel Ringelblum’s life