Construções de espaços fantásticos : literatura, cartografia e mapeamento no século XX
Resumo
Resumo: Esta tese tem por objeto de estudo mapas publicados em obras de literatura ficcional no século XX. Parto da compreensão de que mapas literários possibilitam um ponto de vista alternativo para o entendimento do que são mapas, mapeamento e cartografia em diferentes períodos históricos uma vez que não estão sujeitos, em teoria, às normas do mapeamento formal. A maneira como narrativas literárias operam os mapas, a cartografia e as relações espaciais revela aproximações e distanciamentos em relação à linguagem cartográfica disciplinar e outras práticas de mapeamento de forma que seu estudo contribui para as discussões mais amplas sobre a história dos mapas. As obras de três autores foram selecionadas para o desenvolvimento da pesquisa: J.R.R. Tolkien (1892–1973), Lloyd Alexander (1924 2007) e Terry Pratchett (1948–2015). Estes escritores anglófonos caracterizam diferentes momentos da literatura de fantasia, respectivamente gênese, consolidação e subversão do gênero e refletem atitudes variadas no que concerne os mapas de suas obras. A análise das fontes é conduzida a partir das discussões teórico-metodológicas da história dos mapas e da história da cartografia, especialmente a abordagem processual de Matthew Edney que leva em consideração a produção, circulação e consumo dos mapas. Cada estudo de caso entremeou três dimensões de análise: as obras literárias e seus mapas; as relações entre mapas literários e mapas produzidos em outros regimes de mapeamento; e os modos de compreensão do espaço entre geografia, história e literatura. Dentre as temáticas específicas aprofundadas ao longo da tese estão a mistura de elementos provenientes de diferentes períodos históricos, notadamente as inspirações medievais e renascentistas mobilizadas nos mapas literários do século XX; e as relações entre esses mapas e seu próprio contexto de produção cartográfica e demais modos de mapeamento correntes no período; nesse ponto surgem questões como os vínculos entre cartografia, imperialismo e nacionalismo. As maneiras como escritores e leitores leem, elaboram e interpretam mapas são matizadas por concepções diversas acerca desses objetos que podem ser temporal, geográfica e culturalmente localizadas Abstract: This thesis examines maps published in 20th-century fictional literature. Its basis is the understanding that literary maps offer an alternative perspective on maps, mapping, and cartography across different historical periods, as they are not bound, in theory, by the conventions of formal mapping. The way literary narratives operate maps, cartography, and spatial relations reveals similarities and differences in relation to disciplinary cartographic language and other mapping practices. Therefore, their study contributes to broader discussions on the history of maps. The works of three authors were selected for the research: J.R.R. Tolkien (1892–1973), Lloyd Alexander (1924–2007), and Terry Pratchett (1948–2015). These English speaking writers characterize different moments in fantasy literature, respectively the genesis, consolidation, and subversion of the genre, and reflect varied attitudes toward the maps in their works. The analysis is conducted based on theoretical and methodological discussions of the history of maps and cartography, particularly Matthew Edney’s processual approach, which considers the production, circulation, and consumption of maps. Each case study intertwined three dimensions of analysis: literary works and their maps; the relationships between literary maps and those produced under other mapping regimes; and the conceptions of space across geography, history, and literature. Among the specific themes explored in depth throughout the thesis are the blending of elements from different historical periods, notably medieval and Renaissance inspirations mobilized in 20th-century literary maps; and the connections between these maps and their own context of cartographic production and other contemporaneous modes of mapping; which raises questions about the ties between cartography, imperialism, and nationalism. The ways writers and readers read, create, and interpret maps are colored by diverse conceptions of these objects, which can be situated within specific temporal, geographic, and cultural contexts
Collections
- Teses [172]