Sintomas em crianças e adolescentes no pós-transplante imediato de células-tronco hematopoiéticas : estudo de casos múltiplos
Resumo
Resumo: Objetivo: Avaliar os sintomas relatados por crianças e adolescentes no pós-transplante de células tronco-hematopoiéticas imediato. Método: Estudo prospectivo de casos múltiplos realizado com 11 crianças e adolescentes em uma unidade pediátrica de transplante de células tronco-hematopoiéticas de um hospital do Sul do Brasil. A coleta dos dados ocorreu de novembro de 2023 a julho de 2024. Inicialmente os participantes foram caracterizados quanto ao perfil sociodemográfico e clínico, em seguida identificados, sintomas através das avaliações diárias (do primeiro dia do pós-transplante, D+1 até dois dias após a enxertia medular), por intermédio da escala Symptom Screening in Pediatrics Tool – versão brasileira e dois instrumentos complementares de avaliação de dados clínicos. Para a análise dos dados utilizou se o software RStudio e R versão 4.4.2. Os resultados foram organizados em gráficos e tabelas, ademais, as taxas de incidência (em porcentagem) dos sintomas e demais fatores relacionados ao estado geral dos participantes - unidades de análise. Os escores de incômodo causados pelos sintomas, foram analisados com estatística descritiva, teste exato de Fisher e correlação de Spearman (a = 0,05). Resultados: A maioria dos casos é composta pelo sexo masculino 90,90% (n=10) e feminino 9,09% (n=1), com idade de oito anos 18,18% (n=2); nove anos 27,27% (n=3); 10 anos 18,18% (n=2); 12 anos 27,27% (n=3) e 16 anos 9,09% (n=1). O tempo médio entre transplante e enxertia foi de 19 ± 3 dias. Adrenoleucodistrofia foi o diagnóstico predominante, e 54,5 % (n=6) dos transplantes foram haploidênticos com células de medula óssea. A aplasia medular ocorreu em 100% (n=11) dos casos e doença do enxerto contra o hospedeiro em 27,3% (n=3). Entre os sintomas avaliados, a mucosite oral apresentou maior incidência com 72,7% (n=8), seguida de assustado ou preocupado 54,5% (n=6); dor (exclui-se dor de cabeça) 54,5%% (n=6); fadiga 54,5% (n=6) e mudança no apetite 54,5% (n=6). A tristeza 45,5% (n=5); mudança na aparência física 45,5% (n=5) e náusea e vômito com 45,5%% (n=5). O mal humor ou raiva com 36,4% (n=4); dificuldade em pensar 36,4% (n=4) e cefaleia 36,4% (n=4). A disgeusia 27,3% (n=3); formigamento ou dormência 27,3% (n=3); prurido 27,3% (n=3); constipação 27,3% (n=3) e diarreia 27,3% (n=3). Por fim, saudade de casa corresponde a 9,1% (n=1). O escore diário do grau de incômodo variou de 0 a 27 (pontuação máxima = 60 pontos), com pico no D+11 do pós-transplante, indicando incômodo moderado e heterogêneo entre os casos. No manejo farmacológico dos sintomas, as terapias mais frequentes foram a ondansetrona prescrita em 90,9% (n=10); ciclofosfamida e analgesia contínua com morfina atingiram 63,6% (n=7). Conclusão: A avaliação demonstrou que a mucosite oral, náusea/vômito e disgeusia foram os sintomas mais persistentes; alopecia, tristeza e fadiga, por sua vez, apresentaram picos durante o período de maior toxicidade provocados pelo regime de condicionamento pré-transplante, evidenciando que os sintomas não se comportaram de maneira linear. O que reforça a importância do monitoramento diário dos sintomas para estratégias individualizadas de cuidado, visando melhorar a qualidade de vida e acelerar a recuperação de crianças e adolescentes submetidas ao transplante de células-tronco hematopoiéticas Abstract: Objective: To assess symptoms reported by children and adolescents in the immediate post hematopoietic stem cell transplantation period. Method: This prospective multiple-case study was conducted with 11 children and adolescents in a pediatric Hematopoietic Stem Cell Transplantation unit of a hospital in Southern Brazil. Data collection occurred from November 2023 to July 2024. Participants were initially characterized according to sociodemographic and clinical profiles, followed by daily symptom assessments (from the first post-transplant day, D+1, to two days after marrow engraftment) using the Brazilian version of the Symptom Screening in Pediatrics Tool and two complementary instruments for clinical data evaluation. Data analysis was performed using RStudio and R version 4.4.2. Results were organized into charts and tables, and symptom incidence rates (in percentage) as well as other factors related to participants’ general condition were calculated. Symptom-related distress scores were analyzed through descriptive statistics, Fisher’s exact test, and Spearman’s correlation (a = 0.05). Results: Participants were predominantly male (90.9%, n=10) and female (9.1%, n=1), aged eight years (18.2%, n=2), nine years (27.3%, n=3), ten years (18.2%, n=2), twelve years (27.3%, n=3), and sixteen years (9.1%, n=1). The mean time between transplantation and engraftment was 19 ± 3 days. Adrenoleukodystrophy was the predominant diagnosis, and 54.5% (n=6) of transplants were haploidentical using bone marrow cells. Bone marrow aplasia occurred in 100% (n=11) of the cases, and graft-versus-host disease (GVHD) in 27.3% (n=3). Among the assessed symptoms, oral mucositis had the highest incidence (72.7%, n=8), followed by feeling scared or worried (54.5%, n=6), pain (excluding headache) (54.5%, n=6), fatigue (54.5%, n=6), and appetite change (54.5%, n=6). Sadness (45.5%, n=5), change in physical appearance (45.5%, n=5), and nausea/vomiting (45.5%, n=5) were also frequent. Irritability or anger (36.4%, n=4), difficulty thinking (36.4%, n=4), and headache (36.4%, n=4) followed. Dysgeusia (27.3%, n=3), tingling or numbness (27.3%, n=3), pruritus (27.3%, n=3), constipation (27.3%, n=3), and diarrhea (27.3%, n=3) were less frequent, while homesickness was reported in 9.1% (n=1) of cases. The daily distress score ranged from 0 to 27 (maximum score = 60), peaking on D+11 post-transplant, indicating moderate and heterogeneous discomfort across cases. Regarding pharmacological management, the most frequent therapies were ondansetron (90.9%, n=10), cyclophosphamide, and continuous morphine analgesia (63.6%, n=7). Conclusion: The assessment revealed that oral mucositis, nausea/vomiting, and dysgeusia were the most persistent symptoms, while alopecia, sadness, and fatigue peaked during the period of highest toxicity caused by the pre-transplant conditioning regimen. These findings demonstrate that symptom progression was not linear, reinforcing the importance of daily symptom monitoring to support individualized care strategies aimed at improving quality of life and accelerating recovery in pediatric Hematopoietic Stem Cell Transplantation recipients
Collections
- Dissertações [346]