Estudo das paleotensões na Região de Londrina, Paraná

Abstract

Resumo : Entre dezembro de 2015 e janeiro de 2016, uma série de sismos com magnitudes entre 1.1 e 1.9 graus na escala Richter ocorreu no município de Londrina, norte do Paraná, e seus arredores, chamando a atenção da população, mídia e autoridades locais, bem como da comunidade científica. Uma rede sismológica local foi instalada na região em janeiro de 2016, permitindo identificar a localização, intensidade e caracerísticas gerais dos sismos. Foram sismos rasos (até 250 m de profundidade), portanto os epicentros estariam nas camadas de rocha basáltica da Formação Serra Geral, que constitui o embasamento rochoso da região. Estudos de campo e escritório foram feitos com o objetivo de aumentar o conhecimento geológico/estrutural de Londrina, na tentativa de correlacionar os eventos sísmicos ao regime de falhas locais e às paleotensões atuantes nas rochas. Foram medidas noventa e nove falhas na área de estudo, em sua maioria falhas transcorrentes, sendo que em setenta destes planos foi possível também verificar indicadores cinemáticos, como estrias e steps. Resultados da análise cinemática identificaram três direções de paleotensões compressivas atuantes nos basaltos desde o Cretáceo Superior até o Holoceno. A direção de paleotensão N70E é a que mais provavelmente mantém-se ativa, baseando-se na visão de diversos autores de que tensores próximos à direção E-W correspondem à atual tensão atuante para a Plataforma Sulamericana. Resultados das análises estrutural e morfométrica ainda demonstraram que predominam falhas de direção NE para a área de estudo, provavelmente heranças do embasamento da Bacia do Paraná, além de falhas NW, possivelmente relacionadas ao arqueamento de Ponta Grossa. Sismos de pequena magnitude não são incomuns para regiões intracratônicas como a Bacia do Paraná, e a superfície das falhas transcorrentes podem funcionar como dissipadores de tensões crustais acumuladas, sob a forma de pequenos sismos. Logo não se descarta que os eventos em Londrina tenham sido puramente naturais, resultado de reativações de sistemas de falhas já existentes. Palavras

Abstract : Between Descember 2015 and January 2016, a series of earthquakes with magnitudes between 1.1 and 1.9 degrees in Richter scale reached the city of Londrina, north of Paraná state, and cities around, calling attention of population, media and local authorities, as well of scientific community. A local seismographic network was installed in the region on January 2016, allowing to identify the location, intesity and general characteristics of the earthquakes. The earthquakes were shallow (reaching up untill 250 m depth), therefore the epicenters were in the basaltics rocks of Formação Serra Geral, which constitutes the rocky basement of the region. Studies made in the field and in the office were made with the objective of increasing the geological and structural knowledge of Londrina, trying to correlate the seismic events to the local fault regime and to the geological tensions acting in the rocks. There were measured ninety nine faults in the study area, with majority of strike-slip faults, and in seventy of these faults was possible to identify kinematics indicators as striaes and steps. Kinematic analysis identified three compressive paleotension directions that were active in basalts between the Upper Cretaceous and Holocene. The direction of paleotension N70E is the most probably still active, based on previous authors who believe that E-W tensors, or near E-W tensors, corresponds to the atual tension active to the Sulamerican Plataform. Results of structural and morphometric analysis showed that NE faults predominates in the study área, probably as heritage of Paraná Basin basement, besides there were identified NW faults too, possibly related to the Ponta Grossa arc. Small earthquakes are not unusual in intraplate regions as the Paraná Basin and the fault surfaces could work dissipating crustal tensions that were accumulated in form of small quakes. Therefore, the earthquakes in Londrina could be purely associated to natural causes, as result of reactivation of pre-existing fault systems