Mortalidade de crianças pretas na região sul do Brasil de 2012 2022
Resumo
Resumo : Desde a década de 1990, houve uma notável redução na taxa de mortalidade infantil brasileira, passando de 47,1 óbitos por mil nascidos vivos para 12,59 óbitos por mil nascidos vivos em 2022. Este declínio se deve aos avanços significativos no desenvolvimento econômico e social, refletindo as melhorias nos cuidados pré- natais, programas de vacinação e acesso aos serviços médicos para mães e bebês. Apesar do progresso já alcançado na redução da taxa de mortalidade infantil, ainda há lacunas de pesquisa entre os estratos sociais e raciais. Objetivou-se analisar a mortalidade de crianças negras na Região Sul do Brasil entre 2012 e 2022. Trata-se de um estudo transversal e descritivo com dados coletados no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), disponíveis na plataforma DATASUS. Os dados coletados envolveram idade de óbito da criança, causas de óbito conforme capítulos do CID-10 e perfil materno. As taxas de mortalidade infantil foram estimadas para categoria de cor/raça preta pelo método direto e analisados por meio de estatística descritiva. Foram registradas 1.238 mortes de crianças pretas na região Sul, com maior concentração no Rio Grande do Sul. A taxa de mortalidade infantil na região Sul do Brasil apresentou-se com total de 6,55 óbitos a cada mil nascidos vivos entre 2012 e 2022. A maior porcentagem de óbitos foi observada entre crianças com até 6 dias de vida com cerca de 49,35% dos registros, crianças entre 7 e 27 dias de vida representaram 31,42% e entre 28 e 364 dias de vida correspondem a 19,22% dos óbitos. Na Região Sul, a maior incidência de mortalidade infantil ocorreu entre mães de 10 a 14 anos, com taxa de mortalidade infantil de 12,07/1000, e de mães com 40 a 44 anos, com taxa de 10,21/1000. Crianças com prematuridade extrema, baixo peso ao nascer e sexo masculino apresentaram maior mortalidade, com taxas de 314,29/1000, 311,69/1000 e 7,14/1000, respectivamente. Partos cesáreos têm maior mortalidade região Sul, com taxa de 6,44/1000. Afecções perinatais foram as principais causas de óbitos, correspondendo a 59,21% do total de óbitos, seguidas pelas malformações congênitas e alterações cromossômicas, com 20,44%. As causas de mortalidade de crianças negras na região Sul seguem o padrão nacional. Fatores como idade materna extrema e baixa escolaridade, além de falhas no cuidado pré-natal, contribuem para a mortalidade independentemente do estado sul- brasileiro e necessitam de ações governamentais voltadas à promoção de planejamento familiar e à capacitação de profissionais de saúde Abstract : Since the 1990s, there has been a notable reduction in the Brazilian infant mortality rate, decreasing from 47.1 deaths per 1,000 live births to 12.59 deaths per 1,000 live births in 2022. This decline is due to significant advancements in economic and social development, reflecting improvements in prenatal care, vaccination programs, and access to medical services for mothers and babies. Despite the progress made in reducing infant mortality rates, research gaps persist among different social and racial groups. This study aimed to analyze the mortality of Black children in the Southern region of Brazil between 2012 and 2022. It is a cross-sectional and descriptive study using data collected from the Mortality Information System (SIM) and the Live Birth Information System (SINASC), available on the DATASUS platform. The data collected included the child's age at death, causes of death according to the ICD-10 chapters, and maternal profile. Infant mortality rates were estimated for the Black race/color category using the direct method and analyzed through descriptive statistics. A total of 1,238 deaths of Black children were recorded in the Southern Region, with the highest concentration in Rio Grande do Sul. The infant mortality rate in the Southern Region of Brazil was 6.55 deaths per 1,000 live births between 2012 and 2022. The highest percentage of deaths was observed among children up to six days old, accounting for approximately 49.35% of records; children aged seven to 27 days accounted for 31.42%, and those aged 28 to 364 days accounted for 19.22% of deaths. In the Southern Region, the highest infant mortality incidence occurred among mothers aged 10 to 14 years, with an infant mortality rate of 12.07/1,000, and mothers aged 40 to 44 years, with a rate of 10.21/1,000. Children with extreme prematurity, low birth weight, and male sex had the highest mortality rates, with rates of 314.29/1,000, 311.69/1,000, and 7.14/1,000, respectively. Cesarean deliveries had a higher mortality rate in the Southern Region, with a rate of 6.44/1,000. Perinatal conditions were the leading causes of death, accounting for 59.21% of total deaths, followed by congenital malformations and chromosomal abnormalities, at 20.44%. The causes of mortality among Black children in the Southern Region follow the national pattern. Factors such as extreme maternal age and low education levels, in addition to failures in prenatal care, contribute to mortality regardless of the southern Brazilian state. These issues require government actions focused on promoting family planning and training healthcare professionals
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- Medicina (Toledo) [101]