Geo-grafias da saúde popular comunitária : mulheres, saberes e práticas cotidianas de cura, uma experiência desde o movimento de benzedeiras do Paraná e do setor de saúde do MST Paraná
Resumo
Resumo: Esta tese propõe uma leitura das geo-grafias da saúde popular comunitária feminina com foco nas práticas realizadas por dois movimentos sociais no Paraná: o Movimento Aprendizes de Sabedoria (MASA), protagonizado por Benzedeiras da região centro-sul do estado e o Setor de Saúde do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do PR. O objetivo central do trabalho consiste em analisar o papel das mulheres desses dois movimentos sociais na construção de outras geo-grafias a partir das práticas de saúde popular comunitária e das diferentes relações que se tecem ao redor, dando relevância ao estreitamento de vínculos, ao afeto e à partilha coletiva para romper os cercamentos impostos pelo sistema-mundo moderno colonial-patriarcal-medicalizado. Parto do princípio que as práticas de saúde popular comunitárias, coletivas, formam diferentes redes, atravessam e ressignificam territórios desde o cuidado/afeto, desde o fazer junto, do confluir e desde o cotidiano. No campo teórico e metodológico, buscamos construir análises pautadas na abordagem dos estudos descoloniais (com forte presença de autores que falam a partir do Brasil), da ontologia relacional e dos comuns, e a partir de uma perspectiva política poética e metodológica da pedagogia das encruzilhadas, da pesquisa-ação-participante-militante e desde "dentro". Também mobilizamos um conjunto de verbos para captar nas práticas dessas mulheres a geografia como ação: FAZER com, do SER, do CUIDAR, CONFLUIR e SENTIR. E utilizamos a escuta geográfica, que está embasada na educação popular, na pesquisa-ação-participativa, nas pedagogias do território, para reconhecer as outras e meu lugar na pesquisa. Foram 10 anos de participação nas mais diversas atividades de mobilização social e política junto ao MASA e de 06 anos junto ao MST, que permitiram um mergulho profundo na realidade dos dois movimentos, e uma análise pautada em COMO as mulheres confluem entre os desencantos (cercamentos) de geo-grafias que são fortemente marcadas pela colonialidade/modernidade da expansão capitalista geradora de violências, conflitos, expropriações, subalternização, silenciamentos, apagamentos, com uma geo-grafia do encanto, das r-existências, de saberes, de conhecimentos diversos, da relação com a natureza, da ancestralidade, do viver em comunidade, e que geo-grafam territórios educativos. Quando olhamos para essas práticas, que existem, resistem, entendemos que elas não são resquícios do passado, de algo longínquo com os dias contados para acabar, muito pelo contrário, quando observamos a quantidade de práticas se capilarizando, ganhando força em diferentes trocas como os coletivos de mulheres, de movimentos sociais, de identidades coletivas que pautam saúde enquanto forma de vida, percebemos que elas estão cotidianamente emergindo das frestas e ressignificando territórios desde um olhar para o cuidado e para a centralidade da vida. As discussões e reflexões desenvolvidas ao longo desta pesquisa nos levam a afirmar que a saúde popular realizada por esses movimentos é um ente potencializador, mobilizador e transformador do território, portanto, crucial para a manutenção dos "comuns" e para entender a diversidade de formas de ser e estar no mundo a partir de quem o constrói no cotidiano Abstract: Esta tese propõe uma leitura das geo-grafias da saúde popular comunitária feminina com foco nas práticas realizadas por dois movimentos sociais no Paraná: o Movimento Aprendizes de Sabedoria (MASA), protagonizado por Benzedeiras da região centro-sul do estado e o Setor de Saúde do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do PR. O objetivo central do trabalho consiste em analisar o papel das mulheres desses dois movimentos sociais na construção de outras geo-grafias a partir das práticas de saúde popular comunitária e das diferentes relações que se tecem ao redor, dando relevância ao estreitamento de vínculos, ao afeto e à partilha coletiva para romper os cercamentos impostos pelo sistema-mundo moderno colonial-patriarcal-medicalizado. Parto do princípio que as práticas de saúde popular comunitárias, coletivas, formam diferentes redes, atravessam e ressignificam territórios desde o cuidado/afeto, desde o fazer junto, do confluir e desde o cotidiano. No campo teórico e metodológico, buscamos construir análises pautadas na abordagem dos estudos descoloniais (com forte presença de autores que falam a partir do Brasil), da ontologia relacional e dos comuns, e a partir de uma perspectiva política poética e metodológica da pedagogia das encruzilhadas, da pesquisa-ação-participante-militante e desde "dentro". Também mobilizamos um conjunto de verbos para captar nas práticas dessas mulheres a geografia como ação: FAZER com, do SER, do CUIDAR, CONFLUIR e SENTIR. E utilizamos a escuta geográfica, que está embasada na educação popular, na pesquisa-ação-participativa, nas pedagogias do território, para reconhecer as outras e meu lugar na pesquisa. Foram 10 anos de participação nas mais diversas atividades de mobilização social e política junto ao MASA e de 06 anos junto ao MST, que permitiram um mergulho profundo na realidade dos dois movimentos, e uma análise pautada em COMO as mulheres confluem entre os desencantos (cercamentos) de geo-grafias que são fortemente marcadas pela colonialidade/modernidade da expansão capitalista geradora de violências, conflitos, expropriações, subalternização, silenciamentos, apagamentos, com uma geo-grafia do encanto, das r-existências, de saberes, de conhecimentos diversos, da relação com a natureza, da ancestralidade, do viver em comunidade, e que geo-grafam territórios educativos. Quando olhamos para essas práticas, que existem, resistem, entendemos que elas não são resquícios do passado, de algo longínquo com os dias contados para acabar, muito pelo contrário, quando observamos a quantidade de práticas se capilarizando, ganhando força em diferentes trocas como os coletivos de mulheres, de movimentos sociais, de identidades coletivas que pautam saúde enquanto forma de vida, percebemos que elas estão cotidianamente emergindo das frestas e ressignificando territórios desde um olhar para o cuidado e para a centralidade da vida. As discussões e reflexões desenvolvidas ao longo desta pesquisa nos levam a afirmar que a saúde popular realizada por esses movimentos é um ente potencializador, mobilizador e transformador do território, portanto, crucial para a manutenção dos "comuns" e para entender a diversidade de formas de ser e estar no mundo a partir de quem o constrói no cotidiano
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