Produção da cidade e degradação do ambiente : a realidade da urbanização desigual

Abstract

Resumo: Este trabalho pretende discutir as razões do contraste entre a realidade das cidades brasileiras e as práticas de planejamento e gestão urbana desenvolvidas no Brasil nas últimas décadas. As razões desse contraste fundamentam as hipóteses que orientam o desenvolvimento desse trabalho. A primeira hipótese pretende confirmar que o padrão de segregação sócio-espacial e degradação ambiental que caracteriza nossas cidades decorre da sua produção sob moldes capitalistas. Embora essa hipótese pareça óbvia, ela foi inserida de forma proposital, não para repetir uma velha discussão, mas na tentativa de superar as críticas e avançar nas soluções. Uma segunda hipótese formulada tem por base a prática profissional da autora junto a prefeituras municipais, onde o zoneamento do uso do solo constitui o principal, quando não o único, instrumento de planejamento. Pretende-se verificar, então, o papel exercido por esse instrumento na degradação ambiental urbana. A terceira hipótese é, na verdade, uma visão otimista do futuro das cidades, a partir da qual são identificadas alternativas viáveis para a gestão urbana, que podem contribuir para reversão do padrão segregacionista dominante. Para contextualização da discussão a ser desenvolvida, optou-se por trabalhar com Curitiba, materializando no espaço dessa cidade os elementos que comprovam nossas hipóteses. Pretende-se com esse trabalho lançar argumentos que auxiliem para o resgate da utopia urbana, não como visão ideal e inatingível de uma cidade perfeita, mas como concretização de uma cidade melhor, e possível

Abstract: This work discusses the reasons for the discrepancy between the reality of the Brazilian cities and the roll of planning and management urban practices adopted in the last decades in Brazil. Reasons for this contrast are to be found on the hypothesis that oriented the development of this work. The first hypothesis intends to confirm that the pattern of environmental and social degradation that characterises Brazilian cities results from capitalist production features. Although this hypothesis seems obvious, it was deliberately adopted, not in order to repeat an old discussion, but tentativelly to cope with criticisms and to find solutions. The second hypothesis is based on the professional experience of the author in municipal structures, where zoning constitutes the main, not to say the sole, planning instrument. The idea is to verify the role played by this instrument in the social and environmental urban degradation. The third hypothesis is, in fact, an optimistic vision of the cities future, what is believed to be possible by establishing other mechanisms for the urban planning that could contribute to reverse the generalised segregacionist urban pattern. In order to contextualise the discussion, some examples of the City of Curitiba were studied. The main purpose of this work is to reestablish the urban utopy, not as an ideal and impossible perfect city, but as a perspective of a better, and possible, city