Prevalência mundial do consumo de grupos alimentares em lactentes e associação com a má nutrição : uma revisão sistemática

Abstract

Resumo: Oconsumo de diferentes grupos alimentares por crianças de6a23meses é recomen dado pela Organização Mundial da Saúde- OMS- para assegurar o desenvolvimento e crescimento infantil, e trará benefícios durante toda vida do indivíduo. A alimentação complementar deve garantir que as necessidades nutricionais dos lactentes sejam atendidas, e uma alimentação diversificada está relacionada com a adequação da ingestão de nutrientes necessários para combater todas as formas de má nutrição infantil. O objetivo desta revisão sistemática é avaliar a prevalência mundial do consumo dos grupos alimentares em crianças de 6 a 23 meses e a associação com a má nutri ção. A revisão seguiu o modelo proposto pelo Joanna Briggs Institute com protocolo registrado na PROSPERO sob número CDR: 42020143462. Os critérios de inclusão: estudos que avaliaram o consumo dos grupos alimentares propostos pela OMS entre crianças de 6 a 23 meses de idade sem nenhuma patologia ou restrição alimentar, emsituação domiciliar. As fontes de informações utilizadas foram PUBMED, LILACS, SCOPUS, WOS, EMBASE, CINAHL E FSTA. Foram encontrados 13.938 estudos, e destes 53 foram incluídos. Os estudos foram realizados no continente africano (67,9%) e asiático (32,1%), entretanto a quantidade de amostra da Ásia foi maior que da África, sendo 78,4% e 21,6%, respectivamente. A maioria dos artigos apresentaram "Baixo Risco de Viés" (87,2%), por outro lado, a heterogeneidade foi alta (98%- 100%) tanto para a análise mundial, como para os subgrupos. A prevalência mundial do consumo dos grupos de grãos, raízes e tubérculos foi de 85,3%, seguido do grupo de produtos lácteos (40,8%) e o grupo frutas e verduras ricas em vitamina A (34,1%). Outrossim, o consumo do grupo outras frutas e verduras foi de 23%, e as menores prevalências foram encontradas nos grupos leguminosas e oleaginosas (20,6%), ovos (11,4%) e carnes (5,5%). Foi encontrada a associação entre o consumo dos grupos grãos, raízes e tubérculos e leguminosas e oleaginosas com o deficit de peso para altura. Além disso, o deficit de altura para idade está relacionado com o consumo de alimentos de origem animal. Por fim, o consumo do grupo de ovos e frutas e verduras ricas em vitamina A têm relação com o deficit de peso para idade. Concluiu-se que os estudos foram realizados em países de baixa e média renda, e em regiões caracterizadas pela mánutrição infantil. Apesar da variabilidade no consumo dos grupos alimentares, foi observado um baixo consumo nos alimentos de origem animal e de frutas e verduras, evidenciando que as crianças apresentam uma alimentação monótona. Como limi tações da revisão, não foi possível estabelecer a prevalência do consumo em nível mundial, bem como não foi utilizada a meta-análise devido a alta heterogeneidade. Faz-se necessário avaliar o consumo dos grupos alimentares em crianças através do método da OMS, em continentes como a Europa, a Oceania e a América.

Abstract: The consumption of different food groups for children from 6 to 23 months is recom mended by the WHO (World Health Organization) to ensure children's growth and development and will bring benefits for the whole life. The complementary feeding should guarantee that the nutritional requirements of the infants are met and, diversity feeding is related to the mean micronutrient density adequacy required to combat all sub nutrition forms. The objective of this systematic review is to evaluate the worldwide prevalence of the food group consumption for children from 6 to 23 months and the association with sub nutrition. This review followed the model proposed by Joanna Briggs Institute with the protocol registered on PROSPERO with the number CDR: 42020143462. The inclusion criteria: studies that evaluated the food groups defined by WHOconsumption between children from 6 to 23 months of age with no pathology, nei ther food restriction, in the household. The information sources applied were PUBMED, LILACS, SCOPUS, WOS, EMBASE, CINHAL, and FSTA. It was found 13.938 studies, and those 53 were included. The studies were carried out in the African (67,9%) and Asian (32,1%) continents, however, Asia's sample quantity was higher than Africa's, representing 78,4% and 21,6%, respectively. The majority of the articles were classified as "Low Risk of Bias" (87,2%), on the other hand, the heterogeneity was high (98- 100%) for the total population analysis, as well for the subgroups. The worldwide consumption's prevalence of the group grains, roots, and tuber was 85,3%, hereupon the dairy products groups (40,8%), and vitamin A-rich fruits and vegetables (34,1%). Likewise, the consumption of other fruits and vegetables was 23%, and the lowest prevalence was found on the legumes and nuts group (20,6%), eggs (11,4%), and f lesh foods (5,5%). It was observed the association between wasting and the con sumption of grains, root and tuber, and legumes and nuts. Furthermore, stunting is related to the consumption of animal origin foods. Finally, the consumption of eggs and vitamin A-rich fruits and vegetables is associated with underweight. In conclusion, the studies were conducted in low-and-middle-income countries, characterized by sub nutrition.Although the variability of the food groups consumption, it was observed the lowest consumption in animal origin foods and fruits and vegetables, highlighting that children have monotonous feeding practices. The limitation of this review, it was no possible to establish the worldwide prevalence of the consumption, as well it was not run the metanalysis due to the strong heterogeneity. It is necessary to measure the food group’s consumption in infants through the method defined by WHO, in continents like Europe, Oceania, and America.