Perfil clínico-epidemiológico de pacientes com condições neurocríticas internados em unidades de terapia intensiva em hospitais de Curitiba/PR : uma coorte histórica
Resumo
Resumo: Introdução: A crescente incidência de desordens neurológicas em unidades de terapia intensiva (UTIs) destaca a necessidade de uma compreensão aprofundada da evolução clínica e da sobrevida desses pacientes. Objetivo: analisar a epidemiologia de pacientes que necessitam de cuidados neurocríticos em UTIs na cidade de Curitiba-PR e suas diferenças com base em diagnósticos neurológicos agudos primários e identificar preditores de mortalidade e desfechos desfavoráveis. Método: Estudo de coorte retrospectiva de pacientes com mais de 18 anos internados em UTI de sete hospitais de Curitiba/Brasil de janeiro de 2017 a dezembro de 2022. O grupo de pacientes admitidos em UTI por diagnóstico neurológico primário foi comparado ao grupo admitido por outras causas. Dentre os neurocríticos, comparou-se as características entre os onze grupos estabelecidos pelos motivos de admissão na UTI e modelos de regressão de Cox foram utilizados para avaliar fatores associados a mortalidade e ao desfecho desfavorável (pontuação 4, 5 ou 6 na escala de Rankin modificada) nesta população. Resultados: Foram incluídos 62.101 pacientes, dos quais 10.884 foram internados por motivos neurológicos. Quando comparados aos não neurológicos, os pacientes neurológicos são significativamente mais idosos, na admissão apresentam menor nível de consciência, porém, menor valor de APACHE II e SOFA, menor tempo permanência e mortalidade na unidade, embora maior limitação funcional dos sobreviventes. Os grupos neurológicos foram compostos por: pós-operatório intracraniano (32,6%), acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico (19%), traumatismo cranioencefálico (TCE) (17%), crise convulsiva (7,1%), AVC hemorrágico (AVCh) (6,5%), hemorragia subaracnóidea (HSA) (4,5%), encefalopatia (4,2%), mielopatias (3,8%), infecção de sistema nervoso central (I-SNC) (1,8%), doença neuromuscular (0,8%) e outras (2,5%). Em modelo ajustado, mantiveram-se como fatores relacionados ao aumento tanto da probabilidade instantânea de óbito quanto de desfecho desfavorável da UTI: maior idade, uso de vasopressores na admissão, creatinina =1,5mg/dL, menor pontuação na escala de coma de Glasgow nas primeira 24 horas de UTI, bem como ter diagnóstico neurológico primário de AVCi, AVCh e HSA, encefalopatia e outras, quando comparado ao admitidos em pós operatório intracraniano. Conclusão: Pacientes internados em UTI por desordens neurológicas tem menor mortalidade, porém evoluem com mais dependência funcional, em comparação a internamentos por outras causas. Dentre os pacientes neurológicos internados em UTI, aqueles admitidos em uso de vasopressores, com creatinina elevada (=1,5mg/Dl) e por diagnóstico de AVCi, AVCh e HSA apresentam maior probabilidade de óbito e desfechos desfavoráveis Abstract: Objective: To describe the epidemiology of patients requiring neurocritical care in ICUs in Curitiba, Brazil, examine their differences based on primary acute neurological diagnoses, and identify predictors of mortality and an unfavorable ICU outcome. Method: Retrospective cohort study involving patients 18 years or older admitted to the ICUs of seven hospitals from January 2017 to December 2022. The group of patients admitted for primary neurological diagnoses was compared with the group admitted for other causes. Cox regression models were used to assess factors associated with mortality and an unfavorable outcome (modified Rankin Scale scores 4–6) in neurocritical care. Results: A total of 62,101 patients were included, with 10,884 admitted for neurological reasons. Compared with non-neurological patients, those with neurological diagnoses were significantly older and had a lower level of consciousness upon admission but exhibited lower APACHE II and SOFA scores, shorter ICU stays, and lower mortality rates. Despite this, surviving patients admitted with neurological diagnoses experienced greater functional limitations. The main causes of neurological admissions included postoperative monitoring of intracranial surgery (32.6%), ischemic stroke (19%), traumatic brain injury (TBI; 17%), seizure (7.1%), hemorrhagic stroke (6.5%), subarachnoid hemorrhage (SAH; 4.5%), encephalopathy (4.2%), spinal cord conditions (3.8%), central nervous system (CNS) infection (1.8%), neuromuscular diseases (0.8%), and other conditions (2.5%). Older age, use of vasoactive drugs upon admission, creatinine level =1.5 mg/dL, and lower level of consciousness within the first 24 hours, as well as primary neurological diagnoses of ischemic stroke, hemorrhagic stroke, SAH, encephalopathy, and other conditions, compared with admission for postoperative monitoring of intracranial surgery, emerged as independent predictors of an increased hazard ratio of death and an unfavorable ICU outcome. Conclusion: Patients admitted to ICUs due to neurological disorders had lower mortality rates but developed higher degrees of functional dependence. Among neurocritically ill patients, those requiring vasoactive drugs upon admission, with elevated creatinine (=1.5 mg/dL), and admission due to ischemic stroke, hemorrhagic stroke, or SAH had a greater risk of death and unfavorable outcome
Collections
- Dissertações [150]