Diálogos entre a cartografia social e a educação escolar indígena Guarani M’byá
Resumo
Resumo: Esta dissertação tem como foco as lutas por terra e território dos povos indígenas no Brasil, com ênfase especial naquelas realizadas pelo povo Guarani M'byá, do estado do Paraná, e na forma como o ensino de Geografia é abordado na educação escolar indígena. Parte-se da compreensão de que as terras e territórios das comunidades indígenas vêm sendo constantemente ameaçados desde a invasão europeia. A formação política e histórica da escola para os povos indígenas, desde os primeiros momentos da colonização, desempenha um papel central na conformação da educação nesses contextos. O objetivo geral do trabalho é identificar os obstáculos enfrentados pela comunidade Guarani M'byá no acesso aos seus direitos territoriais e aos serviços de educação escolar indígena, além de contribuir para a produção de cartografias como ferramenta pedagógica. Especificamente, buscou-se registrar o reconhecimento do território a partir da perspectiva indígena - com base na relação espiritual e cultural da comunidade com a Terra—e analisar o diálogo existente entre a produção cartográfica e o ensino de Geografia em território indígena. A produção de cartografia social com metodologia participativa atendeu à demanda da comunidade Guarani por autorreconhecimento do território em que vivem. A cartografia escolar foi proposta como metodologia de ensino alinhada às concepções e demandas indígenas sobre o conhecimento geográfico. O mapeamento da área habitada visou atender à necessidade de reconhecimento e legitimação territorial, ao mesmo tempo em que evidencia os modos de vida, o estar e ser no mundo do povo Guarani M'byá. A relação entre as lutas desse povo e o ensino escolar de Geografia permitiu estabelecer um diálogo significativo entre a produção cartográfica e a prática educativa indígena. O respeito aos tempos próprios e à cosmogonia do povo Guarani foi fundamental para a realização dos objetivos propostos. Por fim, o reconhecimento do território vivido – ponto de partida de todas as práticas educacionais e a produção de pesquisas no contexto da escola indígena buscaram contribuir com o ensino de Geografia ao evidenciar as conexões entre a cartografia, o ensino e as lutas por terra e território dos Guarani M'byá e de outros povos originários Abstract: This dissertation focuses on the struggles for land and territory by Indigenous peoples in Brazil, with special emphasis on the efforts of the Guarani M'byá people in the state of Paraná and the way Geography is taught in Indigenous school education. It begins with the understanding that the lands and territories of Indigenous communities have been continuously threatened since the European invasion. The political and historical development of schooling for Indigenous peoples, from the early stages of colonization, plays a central role in shaping education in these contexts. The general objective of this study is to identify the obstacles faced by the Guarani M'byá community in accessing their territorial rights and Indigenous school education services, as well as to contribute to the production of cartographies as a pedagogical tool. Specifically, the research aimed to document the recognition of territory from an Indigenous perspective—based on the community's spiritual and cultural relationship with the land—and to analyze the dialogue between cartographic production and the teaching of Geography in Indigenous territories. The production of social cartography using participatory methodology responded to the Guarani community's demand for self-recognition of the territory in which they live. School cartography was proposed as a teaching methodology aligned with Indigenous conceptions and demands regarding geographical knowledge. The mapping of the inhabited area aimed to meet the need for territorial recognition and legitimation, while also highlighting the Guarani M'bya people's ways of life, their way of being and existing in the world. The connection between their territorial struggles and school-based Geography education enabled a meaningful dialogue between cartographic production and Indigenous educational practice. Respect for the unique temporalities and cosmogony of the Guarani people was fundamental in achieving the proposed objectives. Ultimately, the recognition of lived territory—as the starting point for all educational practices and research within the Indigenous school context—sought to contribute to Geography education by revealing the connections between cartography, teaching, and the Guarani M'byá and other Indigenous peoples' struggles for land and territory
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