Plantão psicológico on-line como modalidade de cuidado ao luto : uma compreensão fenomenológica
Resumo
Resumo: Este estudo teve como objetivo investigar limites e possibilidades da escuta clínica em plantão psicológico on-line para pessoas enlutadas, a partir de um enquadre fenomenológico. Diante de um contexto social de pouco espaço para expressões de sofrimento e luto, há uma demanda por cuidados que favoreçam a expressão e a validação dos lutos em sua singularidade e temporalidade próprias, de modo a abrir possibilidades de significação e de novos sentidos na relação com o mundo e a vida. O plantão psicológico é uma modalidade de atendimento que busca proporcionar escuta clínica e abrir possibilidades de compreensão e de transformação diante de uma situação de intenso sofrimento. O formato on-line amplia o alcance e viabiliza o acesso de forma rápida independente da distância física. O método utilizado para este estudo foi uma pesquisa-intervenção a partir do que foi possível construir uma compreensão da própria experiência de atendimento na modalidade investigada. As participantes foram nove mulheres, com idades entre 18 e 55 anos e acessaram o plantão de cinco estados diferentes (RS, PR, SP, MG e BA). O tempo decorrido desde o falecimento variou de 15 dias a 10 anos e duas delas viviam perdas múltiplas. A pesquisa foi registrada em um diário de campo e o procedimento de análise deste seguiu a proposta de Szymanski e Fachim (2019), que resultou em cinco constelações de sentidos: Ausência de procura, Expressão do luto no plantão psicológico on line, Plantão psicológico on-line e cuidado ao luto, Formato on-line e Limites. Os atendimentos possibilitaram compreender o plantão psicológico on-line como uma modalidade potente frente aos desafios contemporâneos no âmbito dos cuidados ao luto, com especificidades importantes que favorecem a ampliação de possibilidades diante da experiência de enlutamento. Ao mesmo tempo, a modalidade apresenta limitações importantes por ser uma escuta pontual e pelas particularidades do formato on-line. Compreendeu-se ainda que o trabalho com o luto demanda uma implicação pessoal e uma disponibilidade para ser afetado e transformado como condição para o acontecimento do cuidado Abstract: This study aimed to investigate the limits and possibilities of clinical listening in on-line psychological duty for bereaved people, from a phenomenological perspective. Facing a social context of mourning expressions restriction, there is a demand for psychological care that favors the expression and validation of griefs in its own singularities and temporalities, in order to open possibilities of meanings in the relationship with the world and life. Psychological duty is a modality of psychological care that aims to provide clinical listening and open possibilities of understanding and transformation in the face of an experience of intense suffering. The on line format expands the reach and enables quick access regardless of physical distance. The method used for this study was intervention research, from which it was possible to make an understanding of the experience of psychological care in the investigated modality. Participants were nine women, aged between 18 and 55 years old, who accessed the service from five different states (RS, PR, SP, MG and BA). The time since death ranged from 15 days to 10 years and two of them had experienced multiple losses. The research was recorded in a field diary and the analysis procedure followed the proposal of Szymanski e Fachim (2019), which resulted in five constellations of meanings: Absence, Grief expression in on-line psychological duty, On-line psychological duty and grief care, On-line format and Limits. The intervention made it possible to understand the modality as a powerful practice in the face of contemporary challenges in bereavement care, with important specificities that favor the expansion of possibilities regarding grief experience. At the same time, the modality has important limitations as it is a one-off listening session and due to the particularities of the on-line format. It was also understood that working with grief demands personal involvement and a willingness to be affected and transformed as a condition for the care to occur
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