dc.description.abstract | Resumo: A acromegalia é uma doença crônica e insidiosa, geralmente causada por um adenoma hipofisário secretor do hormônio do crescimento (GH) e do fator de crescimento semelhante à insulina 1 (IGF-1). Embora o IGF-1 exerça efeitos anabólicos nos tecidos musculares e ósseos, a desregulação hormonal característica frequentemente resulta em impactos prejudiciais à saúde musculoesquelética. Os nutrientes desempenham um papel relevante nesse sistema. Minerais como cálcio, magnésio e fósforo são essenciais para a mineralização óssea e manutenção da densidade mineral óssea (DMO), enquanto proteínas e aminoácidos contribuem para preservar e aumentar a massa muscular ao estimular a síntese proteica. Além disso, vitaminas e compostos bioativos também podem beneficiar o sistema musculoesquelético. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o perfil alimentar no sistema musculoesquelético em pacientes com acromegalia. Foi um estudo observacional transversal com pacientes portadores de acromegalia em acompanhamento no Serviço de Endocrinologia e Metabologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (SEMPR). A ingestão alimentar foi avaliada por um questionário de frequência alimentar (QFA) e as recomendações diárias baseadas no Dietary Reference Intakes (DRIs) e nos guidelines mais recentes da organização mundial de saúde. A DMO, a qualidade óssea, o escore ósseo trabecular (TBS), a composição corporal [massa magra total (MMT) e a massa magra apendicular (ALM)], foram medidas por absorciometria por raios-X de dupla energia (DXA). O histórico de fraturas foi capturado por questionário. Testes de força e desempenho físico foram realizados por todos os participantes. Foram incluídos 82 indivíduos, 41 no grupo com acromegalia (GA) (58,5% mulheres, média de idade de 55,9 ± 11,8 anos; Índice de massa corporal (IMC) médio de 31,14 ± 5,16 kg/m²) e 41 no grupo controle (GC) (58,5% mulheres, média de idade de 56,8 ± 14,3 anos; IMC médio de 25,5 ± 3,3 kg/m²). A média de idade ao diagnóstico da doença foi de 43,7 ± 13,0 anos, e 63,4% dos pacientes do GA apresentavam doença controlada. Em ambos os grupos, foi observada ingestão insuficiente em relação às recomendações dietéticas de nutrientes essenciais (fibras, ômega-3 e 6, vitaminas A e E, e minerais como magnésio, potássio e cálcio). No entanto, o GA apresentou maior consumo de carboidratos, gorduras trans e certos micronutrientes em comparação ao GC (p<0,05). Apesar de valores de DMO semelhantes, o GA apresentou maior número de fraturas (GA 0,63 ± 1,11 vs. GC 0,14 ± 0,43; p=0,001) e pior TBS (homens: GA 1,10 ± 0,43 vs. GC 1,43 ± 0,09; p=0,006; mulheres: GA 1,03 ± 0,54 vs. GC 1,35 ± 0,14; p=0,009). No GA, as fraturas foram negativamente associadas às flavonas e vitamina A e positivamente associadas aos níveis de IGF-1 (p<0,05 para todas as associações). A DMO e o TBS apresentaram correlações positivas com diferentes compostos bioativos com atividade anti-inflamatória (flavonas, antocianinas e betacaroteno), além de macro e micronutrientes. O GA apresentou maior massa magra total em kg (homens: GA 66,7 ± 8,9 vs. GC 52,3 ± 8,6; p<0,001; mulheres: GA 47,1 ± 9,1 vc. GC 38,7 ± 6,0; p=0,001), ALM em kg (homens: GA 27,7 ± 4,3 vs. GC 22,3 ± 3,1; p<0,001; mulheres: GA 16,9 ± 6,4 vs. GC 15,0 ± 2,4; P=0,009) em comparação ao GC. Contudo, o GA demonstrou pior desempenho nos testes TUG (s) (GA 12,22 ± 4,27 vs. GC 9,4 ± 2,7; p=0,001), TSL5 (s) (GA 16,6 ± 5,3 vs. GC 12,2 ± 2,5; p<0,001), VM4 (m/s) (GA 0,91 ± 0,3 vs. GC 1,16 ± 0,2; p<0,001) e SPPB (GA 9,0 ± 2,6 vs. GC 11,8 ± 0,5; p<0,001). Indivíduos com acromegalia apresentaram baixa qualidade óssea e maior prevalência de fraturas, mesmo com massa óssea adequada. A ingestão insuficiente de compostos antioxidantes e anti-inflamatórios, aliada ao consumo excessivo de gorduras trans e carboidratos de baixa qualidade, pode ter contribuído para a piora da qualidade óssea e do desempenho físico. Apesar do impacto positivo de nutrientes como selênio, ß-caroteno, flavonoides, vitamina E e niacina, esses benefícios não foram suficientes para mitigar os prejuízos, destacando os desafios complexos da acromegalia para a saúde musculoesquelética | pt_BR |
dc.description.abstract | Abstract: Acromegaly is a chronic and insidious disease, usually caused by a growth hormone (GH)-secreting pituitary adenoma and insulin-like growth factor 1 (IGF-1). Although IGF-1 exerts anabolic effects on muscle and bone tissues, the characteristic hormonal dysregulation often results in detrimental impacts on musculoskeletal health. Nutrients play a significant role in this system. Minerals such as calcium, magnesium, and phosphorus are essential for bone mineralization and the maintenance of bone mineral density (BMD), while proteins and amino acids contribute to preserving and increasing muscle mass by stimulating protein synthesis. Additionally, vitamins and bioactive compounds can also benefit the musculoskeletal system. Thus, the objective of this study was to evaluate the impact of dietary intake on the musculoskeletal system in patients with acromegaly. This was a cross-sectional observational study with patients diagnosed with acromegaly under follow-up at the Endocrinology and Metabolism Service of the Clinical Hospital of the Federal University of Paraná (SEMPR). Dietary intake was assessed using a food frequency questionnaire (FFQ), and daily recommendations were based on the Dietary Reference Intakes (DRIs) and the latest World Health Organization guidelines. BMD, bone quality, trabecular bone score (TBS), body composition [total lean mass (TLM) and appendicular lean mass (ALM)] were measured by dual-energy X-ray absorptiometry (DXA). Fracture history was captured through a questionnaire. Strength and physical performance tests were performed by all participants. A total of 82 individuals were included, 41 in the acromegaly group (AG) (58.5% women, mean age 55.9 ± 11.8 years; mean body mass index (BMI) 31.14 ± 5.16 kg/m²) and 41 in the control group (CG) (58.5% women, mean age 56.8 ± 14.3 years; mean BMI 25.5 ± 3.3 kg/m²). The mean age at disease diagnosis was 43.7 ± 13.0 years, and 63.4% of AG patients had controlled disease. In both groups, insufficient intake of essential nutrients (fiber, omega-3 and 6, vitamins A and E, and minerals such as magnesium, potassium, and calcium) was observed relative to dietary recommendations. However, the AG showed higher intake of carbohydrates, trans fats, and certain micronutrients compared to the CG (p<0.05). Despite similar BMD values, the AG had a higher number of fractures (AG 0.63 ± 1.11 vs. CG 0.14 ± 0.43; p=0.001) and worse TBS (men: AG 1.10 ± 0.43 vs. CG 1.43 ± 0.09; p=0.006; women: AG 1.03 ± 0.54 vs. CG 1.35 ± 0.14; p=0.009). In the AG, fractures were negatively associated with flavones and vitamin A and positively associated with IGF-1 levels (p<0.05 for all associations). BMD and TBS showed positive correlations with different bioactive compounds with anti-inflammatory activity (flavones, anthocyanins, and beta carotene), as well as macro and micronutrients. The AG presented higher total lean mass in kg (men: AG 66.7 ± 8.9 vs. CG 52.3 ± 8.6; p<0.001; women: AG 47.1 ± 9.1 vs. CG 38.7 ± 6.0; p=0.001) and ALM in kg (men: AG 27.7 ± 4.3 vs. CG 22.3 ± 3.1; p<0.001; women: AG 16.9 ± 6.4 vs. CG 15.0 ± 2.4; p=0.009) compared to the CG. However, the AG demonstrated worse performance in TUG tests (s) (AG 12.22 ± 4.27 vs. CG 9.4 ± 2.7; p=0.001), TSL5 (s) (AG 16.6 ± 5.3 vs. CG 12.2 ± 2.5; p<0.001), VM4 (m/s) (AG 0.91 ± 0.3 vs. CG 1.16 ± 0.2; p<0.001), and SPPB (AG 9.0 ± 2.6 vs. CG 11.8 ± 0.5; p<0.001). Individuals with acromegaly presented poor bone quality and a higher prevalence of fractures, even with adequate bone mass. The insufficient intake of antioxidant and anti-inflammatory compounds, combined with excessive consumption of trans fats and low-quality carbohydrates, may have contributed to the worsening of bone quality and physical performance. Despite the positive impact of nutrients such as selenium, ß-carotene, flavonoids, vitamin E, and niacin, these benefits were not sufficient to mitigate the impairments, highlighting the complex challenges of acromegaly for musculoskeletal health | pt_BR |