Estado nutricional e qualidade de vida de pessoas com doença oncológica em atendimento ambulatorial no Hospice : uma análise das fases dos cuidados paliativos
Resumo
Resumo: Introdução: A crescente expectativa de vida de pessoas com câncer, aliada aos avanços da medicina, tem intensificado a necessidade de cuidados paliativos (CP). A nutrição, como componente da qualidade de vida (QV), desempenha importante papel nesse contexto. No entanto, ainda há lacunas no entendimento da relação entre o estado nutricional e a QV nas diferentes fases dos CP. Objetivo: Correlacionar o estado nutricional com a QV e avaliar os sintomas de impacto nutricional de pessoas em tratamento oncológico nas diferentes fases dos CP. Métodos: Estudo observacional transversal, com abordagem quantitativa, realizado com pessoas com doença oncológica, atendidos ambulatorialmente no serviço de CP de um Hospice em Curitiba. Os dados foram coletados durante o atendimento ambulatorial realizado por médico e nutricionista. Foram coletados dados demográficos, clínicos, antropométricos e aplicado o teste de qualidade de vida QLQ-C15-PAL, a Avaliação Subjetiva Global Produzida pelo Próprio Paciente (ASG- PPP) e percentual de perda de peso (%PP) para avaliação do estado nutricional, avaliação da funcionalidade pelo Eastern Cooperative Oncology Group (ECOG) e questionário de sintomas de impacto nutricional. As pessoas foram classificadas em 3 fases ambulatoriais definidas pelo Hospice. A fase 1: doença avançada, fase: 2 terminalidade, fase 3: final de vida. Resultados: O estudo incluiu 98 pessoas com diagnóstico oncológico em diferentes fases dos CP. A maioria dos participantes era idosa (75,5%), do sexo feminino (55,1%) e com tumores gastrointestinais (31,6%). A fase de terminalidade (fase 2) foi a mais prevalente, com 80,6% dos participantes. O declínio funcional foi observado conforme o avanço das fases, com 66,6% das pessoas na fase final de vida (fase 3), classificadas com dificuldade de realizar o autocuidado. Os principais sintomas encontrados foram dor (53%), anorexia (48,9%), náuseas (31,6%) e constipação (29,5%). Os sintomas dor e constipação foram os sintomas que pioraram ao longo das fases. O estado nutricional estava prejudicado em 38,2% das pessoas avaliadas pela ASG-PPP e em 35,2% dos avaliados pela %PP maior que 10% em 6 meses. A correlação entre o estado nutricional e as fases dos CP não foi significativa, demonstrando que em ambas as fases (1, 2 e 3) os indivíduos apresentavam estado nutricional prejudicado, sem relação com o processo de adoecimento. Na correlação da QV com as fases do CP, apenas a escala física e sintomas de fadiga e dor tiveram correlação significativa (p<0,05) com o processo de adoecimento. Esses achados evidenciam que os indivíduos apresentavam piora da dor e declínio funcional com o avanço das fases dos CP. Há associação significativa (p<0,05) entre o estado nutricional avaliado pela ASG-PPP e a qualidade de vida. Conclusão: A QV está relacionada com o EN de pessoas com doença oncológica em CP. O EN está prejudicado em todo o processo de adoecimento, demostrando a necessidade do atendimento nutricional em todas as fases dos CP. Os sintomas mais comuns foram a dor, anorexia, náuseas e constipação, que podem ser manejados para contribuir para a melhora do EN Abstract: Introduction: The increasing life expectancy of individuals with cancer, coupled with advancements in medicine, has intensified the need for palliative care (PC). Nutrition, as a component of quality of life (QoL), plays a significant role in this context. However, gaps remain in our understanding of the relationship between nutritional status and QoL in different phases of PC. Objective: To correlate nutritional status with QoL in individuals undergoing cancer treatment during different phases of PC. Methods: A cross-sectional observational study with a quantitative approach was conducted among individuals with cancer receiving outpatient care at a hospice service in Curitiba. Data was collected during outpatient consultations by both physicians and nutritionists. Demographic, clinical, and anthropometric data were collected, along with the QLQ-C15-PAL quality of life test, the Patient-Generated Subjective Global Assessment (PG-SGA), and percentage weight loss (%WL) to assess nutritional status. The Eastern Cooperative Oncology Group (ECOG) performance status and a nutritional impact symptom inventory were also used. Participants were classified into three ambulatory phases defined by the hospice: phase 1 (advanced disease), phase 2 (terminality), and phase 3 (end of life). Results: The study included 98 individuals with cancer diagnoses in different phases of PC. Most participants were elderly (75.5%), female (55.1%), and had gastrointestinal tumors (31.6%). The terminal phase (phase 2) was the most prevalent, with 80.6% of participants. Functional decline was observed as the phases progressed, with 66.6% of individuals in the end-of-life phase (phase 3) classified as having difficulty with self-care. The primary symptoms reported were pain (53%), anorexia (48.9%), nausea (31.6%), and constipation (29.5%). Pain and constipation worsened over the phases. Nutritional status was compromised in 38.2% of individuals assessed by PG- SGA and in 35.2% of those with a %WL greater than 10% in 6 months. The correlation between nutritional status and PC phases was not significant, indicating that individuals in all phases (1, 2, and 3) had compromised nutritional status, unrelated to the disease process. In the correlation of QoL with PC phases, only the physical scale and symptoms of fatigue and pain had a significant correlation (p<0.005) with the disease process. These findings indicate that individuals experienced worsening pain and functional decline as PC phases progressed. There was a significant association (p<0.005) between nutritional status and quality of life. Conclusion: QoL is related to nutritional status in individuals with cancer undergoing PC. Nutritional status is compromised throughout the disease process, demonstrating the need for nutritional care in all phases of PC. The most common symptoms were pain, anorexia, nausea, and constipation, which can be managed to contribute to improved nutritional status
Collections
- Dissertações [104]