Monitoramento da população com HIV/Aids sem tratamento antirretroviral em municípios da região metropolitana de Curitiba, Paraná

Abstract

Resumo : A Aids é caracterizada por um conjunto de sinais e sintomas decorrentes da progressão da infecção pelo vírus HIV. O HIV é um retrovírus que acomete principalmente as células do sistema imunológico, levando os indivíduos a uma imunodepressão. Há mais de quatro décadas, o cuidado e o manejo dos indivíduos com HIV/Aids é um desafio constante para a saúde pública. Estudos apontam que o acesso à terapia antirretroviral (TARV) reduziu significativamente a morbidade e a mortalidade relacionadas à Aids e estabeleceu o status de condição crônica à infecção pelo HIV. No Brasil, desde o ano de 1996, os medicamentos antirretrovirais são disponibilizados gratuitamente pelo SUS a todas as pessoas com HIV. Além disso, o Ministério da saúde indica o início imediato do tratamento para as pessoas diagnosticadas com HIV. Entretanto, muitas pessoas com diagnóstico ainda não iniciam a TARV, correndo o risco de evolução clínica para a Aids, além de elevarem as transmissões do vírus adiante por não suprimirem sua carga no organismo. Portanto, o objetivo deste estudo foi de investigar a lacuna de tratamento (gap) nos municípios mais populosos da Região Metropolitana de Curitiba (mais de 100 mil habitantes), no ano de 2023. Trata-se de um estudo descritivo, de delineamento transversal, realizado com dados obtidos de sistemas do Ministério da Saúde sobre o tratamento HIV/Aids. Foram identificadas 1397 pessoas em gap de tratamento nos nove municípios. Predominaram as pessoas do sexo masculino (63%), entre 30 e 49 anos (52,8%), brancas (59,27%), com ensino médio (23,2%), entre as que informaram a escolaridade. As maiores taxas de prevalência de pessoas em gap foram observadas nos municípios de Colombo e Piraquara, enquanto as menores taxas foram observadas em Curitiba e Araucária. Do total de pessoas em gap de tratamento, 296 (21,2%) estavam em imunossupressão típica de Aids. Tornam-se necessários ajustes nos serviços de saúde destes municípios de forma a possibilitarem o diagnóstico oportuno e o encaminhamento adequado das pessoas diagnosticadas para iniciarem o tratamento antirretroviral, especialmente aquelas pessoas em imunossupressão.

Abstract : AIDS is characterized by a set of signs and symptoms resulting from the progression of infection by the HIV virus. HIV is a retrovirus that mainly affects the cells of the immune system, leading individuals to immunosuppression. For more than four decades, the care and management of individuals with HIV/AIDS has been a constant challenge for public health. Studies indicate that access to antiretroviral therapy (ART) significantly reduced AIDS-related morbidity and mortality and established the status of a chronic condition for HIV infection. In Brazil, since 1996, antiretroviral medications have been made available free of charge by the SUS to all people with HIV. Furthermore, the Ministry of Health recommends the immediate start of treatment for people diagnosed with HIV. However, many people with a diagnosis still do not start ART, running the risk of clinical progression to AIDS, in addition to increasing transmission of the virus further by not suppressing its load in the body. Therefore, the objective of this study was to investigate the treatment gap (gap) in the most populous municipalities in the Metropolitan Region of Curitiba (more than 100 thousand inhabitants), in the year 2023. This is a descriptive study, with across-sectional design, carried out with data obtained from Ministry of Health systems on HIV/AIDS treatment. 1397 people with a treatment gap were identified in the nine municipalities. Males (63%), between 30 and 49 years old (52.8%), white (59.27%), with secondary education (23.2%) predominated among those who reported their education. The highest prevalence rates of people in gaps were observed in the municipalities of Colombo and Piraquara, while the lowest rates were observed in Curitiba and Araucária. Of the total number of people in a treatment gap, 296 (21.2%) were on immunosuppression typical of AIDS. Adjustments are necessary in the health services of these municipalities in order to enable timely diagnosis and adequate referral of diagnosed people to begin antiretroviral treatment, especially those people on immunosuppression.