Padrões alimentares de gestantes brasileiras em um estudo multicêntrico (EMDI-Brasil)
Resumo
Resumo: Introdução: A nutrição adequada é fundamental para assegurar o crescimento e desenvolvimento saudável do feto e da futura criança, além da manutenção da saúde materna. Sendo assim, a avaliação do consumo alimentar de gestantes é importante para identificar ingestões inadequadas e padrões alimentares desfavoráveis. Objetivo: Identificar os padrões alimentares de gestantes de onze municípios brasileiros e seus fatores associados. Método: Trata-se de um estudo transversal que utilizou a base de dados do Estudo Multicêntrico de Deficiência de Iodo (EMDI-Brasil), com gestantes em acompanhamento pré-natal no Sistema Único de Saúde de onze municípios brasileiros. A coleta ocorreu entre setembro de 2018 e abril de 2021. O consumo alimentar foi avaliado por meio do recordatório de 24 horas e os alimentos agrupados de acordo com a classificação da FAO/WHO (GIFT). Os padrões alimentares foram identificados por meio da análise fatorial exploratória por componentes principais. Para a interpretação dos padrões alimentares, foram consideradas cargas fatoriais superiores a -0,30 e 0,30. Modelo de regressão bivariada e multivariada foram aplicados para identificar as associações com as variáveis demográficas, socioeconômicas e alimentares. A variabilidade dos resultados entre os diferentes centros foi incorporada ao modelo por meio de um efeito aleatório, assumindo uma distribuição normal com média zero e variância constante. Resultados: A análise fatorial permitiu identificar cinco padrões alimentares entre as 2247 gestantes, que explicam 41,2% da variância total: "Tradicional Brasileiro", "Proteico-Calórico", "Vegetariano", "Obesogênico" e "Misto". Após ajuste no modelo, as gestantes no segundo trimestre gestacional tiveram maior aderência (Coef 0.133, IC95% 0.064 – 0.202) ao padrão "Tradicional Brasileiro", enquanto aquelas com ensino médio (Coef -0.016, IC95% -0.216 - -0.016) ou superior (Coef -0.265, IC95% 0.416 – -0.114) e renda domiciliar mais alta (Coef -0.180, IC95% -0.303 – -0.057) mostraram menor adesão. Gestantes com renda familiar mensal entre R$1000,00 e R$1999,99 (Coef -0.114, IC95% -0.218 – -0.010) e acima ou igual a R$2000,00 (Coef -0.118, IC95% -0.177 – -0.059) apresentaram menor adesão ao padrão "Proteico Calórico", enquanto não-primigestas (Coef 0.187, IC95% 0.085 – 0.289) apresentaram maior adesão. Já o padrão "Vegetariano" teve maior aderência por gestantes entre 25 e 34 anos (Coef 0.093, IC95% 0.020 – 0.166) e com ensino superior ou pós-graduação (Coef 0.267, IC95% 0.136 – 0.398) e que se alimentavam fora de casa (Coef 0.178, IC95% 0.055 – 0.301). O padrão "Obesogênico" foi mais prevalente nas gestantes no segundo segundo (Coef 0.216, IC95% 0.085 – 0.347) e terceiro (Coef 0.306, IC95% 0.181 – 0.431) trimestres, e menor adesão entre gestantes na faixa de 25 a 34 anos (Coef -0.138, IC95% -0.228 – -0.048) e acima de 35 anos (Coef -0.226, IC95% -0.361 – -0.091) e que viviam com o(a) cônjuge (Coef -0.105, IC95% -0.205 – -0.005). Gestantes com ensino superior (Coef 0.352, IC95% 0.131 – 0.573) e renda acima de R$2000,00 (Coef 0.114, IC95% 0.020 – 0.208) tiveram maior adesão ao padrão alimentar "Misto". Conclusão: O estudo identificou cinco padrões alimentares entre as gestantes participantes do EMDI-Brasil, com associações significativas entre diversos fatores sociodemográficos, onde variou principalmente conforme escolaridade, renda, idade e idade gestacional das gestantes, indicando desigualdades no consumo alimentar durante a gestação, especialmente aquelas em condições socioeconômicas desfavoráveis Abstract: Introduction: Adequate nutrition is essential to ensure the healthy growth and development of the fetus and future child and maintain maternal health. Thus, assessing the dietary intake of pregnant women is crucial to identifying inadequate intakes and unfavorable dietary patterns. Objective: To identify the dietary patterns of pregnant women from eleven Brazilian municipalities and their associated factors. Methods: This cross-sectional study used data from the Multicenter Study on Iodine Deficiency (EMDI-Brazil), including pregnant women receiving prenatal care in the Brazilian Unified Health System across eleven municipalities. Data collection occurred between September 2018 and April 2021. Dietary intake was assessed using a 24 hour recall, and food items were grouped according to the FAO/WHO (GIFT) classification. Dietary patterns were derived using exploratory factor analysis via principal component analysis. Factor loadings above -0.30 and 0.30 were considered for pattern interpretation. Bivariate and multivariate regression models were applied to identify associations with demographic, socioeconomic, and dietary variables. Variability across different study centers was incorporated into the model through a random effect, assuming a normal distribution with a mean of zero and constant variance. Results: Factor analysis identified five dietary patterns among 2,247 pregnant women, explaining 41.2% of the total variance: "Traditional Brazilian," "Protein-Caloric," "Vegetarian," "Obesogenic," and "Mixed." After model adjustment, pregnant women in the second trimester showed greater adherence (Coef 0.133, 95%CI 0.064–0.202) to the "Traditional Brazilian" pattern, while those with a high school education (Coef -0.016, 95%CI -0.216 to -0.016), higher education (Coef 0.265, 95%CI -0.416 to -0.114), and higher household income (Coef -0.180, 95%CI 0.303 to -0.057) had lower adherence. Pregnant women with a monthly household income between R$1,000.00 and R$1,999.99 (Coef -0.114, 95%CI -0.218 to -0.010) and those earning R$2,000.00 or more (Coef -0.118, 95%CI -0.177 to -0.059) had lower adherence to the "Protein-Caloric" pattern, while multiparous women (Coef 0.187, 95%CI 0.085–0.289) showed greater adherence. The "Vegetarian" pattern was more prevalent among older pregnant women (Coef 0.093, 95%CI 0.020–0.166), those with higher education or postgraduate degrees (Coef 0.267, 95%CI 0.136–0.398), and those who frequently ate out (Coef 0.178, 95%CI 0.055–0.301). The "Obesogenic" pattern was more prevalent among women in the second (Coef 0.216, 95%CI 0.085 0.347) and third (Coef 0.306, 95%CI 0.181–0.431) trimesters but had lower adherence among women aged 25–34 years (Coef -0.138, 95%CI -0.228 to -0.048), those over 35 years (Coef -0.226, 95%CI -0.361 to -0.091), and those living with a partner (Coef -0.105, 95%CI -0.205 to -0.005). Pregnant women with higher education (Coef 0.352, IC95% 0.131 – 0.573) and income (Coef 0.114, IC95% 0.020 – 0.208) showed greater adherence to the "Mixed" dietary pattern. Conclusion: This study identified five dietary patterns among pregnant women participating in EMDI-Brazil, with significant associations with various sociodemographic factors. Dietary patterns varied primarily according to education level, income, age, and gestational age, highlighting inequalities in dietary intake during pregnancy, particularly among those in disadvantaged socioeconomic conditions
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