Investigação fitoquímica e atividades biológicas da raiz de Morus nigra (Moraceae)
Resumo
Resumo : A Morus nigra L., popularmente conhecida como amoreira-preta, é uma planta originária da Ásia que se adaptou bem ao clima brasileiro. Essa espécie pertence à família Moraceae e é amplamente distribuída no Brasil nos biomas da Mata Atlântica, Cerrado, Pampa, Pantanal e Amazônia. A amoreira-preta é uma árvore de porte médio e seus frutos variam do roxo ao preto, sendo apreciados tanto por seu sabor quanto por suas propriedades medicinais. A Morus nigra é rica em compostos químicos que incluem alcalóides, cumarinas, triterpenos, esteróides e flavonóides. Estes compostos conferem à planta uma variedade de propriedades terapêuticas, explicando seu uso tradicional na medicina popular em tratamentos para condições inflamatórias e diabetes. Buscou-se, neste trabalho, realizar a coleta da raiz da espécie em questão, a extração dos compostos das raízes de Morus nigra, a obtenção do extrato bruto e suas frações, a determinação do teor de sólidos, a perda por dessecação e cinzas totais, o isolamento e identificação de uma substância precipitada durante a extração, a análise do perfil fitoquímico das frações, a avaliação da toxicidade preliminar do extrato bruto e suas frações, além da avaliação da atividade microbiológica do extrato bruto. Para verificar o perfil fitoquímico, realizou-se a extração em Soxhlet, o fracionamento foi feito pelo sistema de partição líquido-líquido, utilizando os seguintes solventes de polaridade crescente: hexano, clorofórmio e acetato de etila, já o teor de sólidos presentes no extrato bruto foi determinado utilizando a metodologia descrita na Farmacopéia Brasileira 6ª edição, a perda por dessecação foi determinado de acordo com a metodologia 012/IV do Instituto Adolfo Lutz (2008) e as cinzas totais foi realizada de acordo com a metodologia descrita pela Farmacopéia Brasileira 6ª edição. Para realizar a investigação química/estrutural do precipitado foi utilizada a ressonância magnética nuclear (RMN). Em seguida foi realizada a pesquisa de metabólitos secundários via cromatografia em camada delgada e para separar os compostos foi empregada cromatografia líquida e Sephadex®. Para avaliar a toxicidade do extrato bruto e frações, empregou-se o teste in vitro frente à A. Salina, aplicando análise de CL50 com o programa estatístico SPSS e para avaliar a atividade antimicrobiana a técnica de microdiluição em caldo. Obteve-se um isolado da raiz de M. nigra e a partir dos dados de RMN de ¹³C, ¹H e DEPT 135, propôs-se para este isolado uma possível estrutura química de um composto orgânico que possui o grupo funcional carboxilato de cadeia longa e insaturada. Foram obtidos resultados de teor de sólidos de 2,034%, perda por dessecação de 1,87% e o teor de cinzas totais de3,41%. Também foi observado nas cromatografias a presença de cumarinas, taninos, esteroides, flavonoides e antraquinonas. Além disso, houve a comprovação que o extrato e suas frações não apresentaram toxicidade frente à Artemia salina e foi observado possíveis atividades antimicrobianas no extrato bruto contra P. aeruginosa ATCC® 27853, S. aureus ATCC® 6538 e E. faecalis ATCC® 29212. A partir dos resultados obtidos, pretende-se incentivar futuras pesquisas da raiz de M. nigra. Abstract : Morus nigra L., popularly known as black mulberry, is a plant native to Asia that has adapted well to the Brazilian climate. This species belongs to the Moraceae family and is widely distributed in Brazil in the Atlantic Forest, Cerrado, Pampa, Pantanal and Amazon biomes. The black mulberry is a medium-sized tree and its fruits range from purple to black, and are appreciated both for their flavor and for their medicinal properties. Morus nigra is rich in chemical compounds that include alkaloids, coumarins, triterpenes, steroids and flavonoids. These compounds give the plant a variety of therapeutic properties, explaining its traditional use in folk medicine in treatments for inflammatory conditions and diabetes. This work sought to collect the root of the species in question, extract the compounds from the roots of Morus nigra, obtain the crude extract and its fractions, determine the solids content, loss due to desiccation and total ash, isolate and identify a substance precipitated during extraction, analyze the phytochemical profile of the fractions, evaluate the preliminary toxicity of the crude extract and its fractions, in addition to evaluating the microbiological activity of the crude extract. To verify the phytochemical profile, Soxhlet extraction was performed, fractionation was done by the liquid-liquid partition system, using the following solvents of increasing polarity: hexane, chloroform and ethyl acetate, while the solids content present in the crude extract was determined using the methodology described in the Brazilian Pharmacopoeia 6th edition, the loss on drying was determined according to methodology 012/IV of the Adolfo Lutz Institute (2008) and the total ash was performed according to the methodology described by the Brazilian Pharmacopoeia 6th edition. To perform the chemical/structural investigation of the precipitate, nuclear magnetic resonance (NMR) was used. Then, the research of secondary metabolites was performed via thin layer chromatography and to separate the compounds, liquid chromatography and Sephadex® were used. To evaluate the toxicity of the crude extract and fractions, the in vitro test against A. salina was used, applying LC50 analysis with the SPSS statistical program and to evaluate the antimicrobial activity the broth microdilution technique. An isolate of the root of M. nigra was obtained and from the data of NMR of ¹³C, ¹H and DEPT 135, a possible chemical structure of an organic compound that has the functional group carboxylate of long and unsaturated chain was proposed for this isolate. Results of solids content of 2.034%, loss on drying of 1.87% and total ash content of 3.41% were obtained. The presence of coumarins, tannins, steroids, flavonoids and anthraquinones was also observed in the chromatographies. Furthermore, it was proven that the extract and its fractions did not present toxicity against Artemia salina and possible antimicrobial activities were observed in the crude extract against P. aeruginosa ATCC® 27853, S. aureus ATCC® 6538 and E. faecalis ATCC® 29212. Based on the results obtained, we intend to encourage future research on the root of M. nigra.
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