Biografemas de espacialidades vividas : o escrever da experiência na criação de espaços

Abstract

Resumo: Este trabalho fala sobre espaços, linguagens e experiências. À luz do pensamento fenomenológico, tem como objetivo compreender como as experiências espaciais são simbolicamente inscritas no espaço e no tempo, moldando narrativas subjetivas de existência. Para isso, a pesquisa se baseia na visão geográfica do espaço como linguagem, produzido e reproduzido por um processo de escrita permeado por uma complexa e contraditória gama de significações do viver. Debruça-se, pois, no entendimento do espaço como um processo de escrita da experiência de vida, enquanto simultaneamente reconhece a experiência de viver como uma forma de escrita espacial. Nesse sentido, essa dissertação explora a relação entre espaço e experiência, investigando como essas experiências são (re)construídas através da linguagem. Utilizando o conceito de biografema, desenvolvido por Barthes, essa investigação se realizou por meio da observação participante, em um processo de escrita que inclui fragmentos de poemas, fotografias, desenhos e outros registros simbólicos que compõem biografias espaciais, culminando em um "escreviver" da pesquisa científica, onde vida, experiência e espaço se entrelaçam. Ao analisar espacialidades vividas, revela-se não apenas as múltiplas dimensões do viver, mas também como as experiências individuais e coletivas são representadas e reconstruídas no/a partir do espaço. Por fim, defende-se com esse trabalho a escrita geográfica a partir de outros referenciais epistemológicos, propondo elaborar o conceito de espaço a partir de encontros mais livres, criativos e poéticos, partindo do entendimento de que a Geografia, assim como a linguagem, transcende as normativas gramaticais que pretendem ordenar a vida

Abstract: This work discusses spaces, languages, and experiences. In light of phenomenological thinking, it aims to understand how spatial experiences are symbolically inscribed in space and time, shaping subjective narratives of existence. To achieve this, the research is based on the geographical view of space as language, produced and reproduced by a writing process permeated by a complex and contradictory range of meanings of living. It delves into understanding space as a writing process of life experience, while simultaneously recognizing the experience of living as a form of spatial writing. In this sense, this dissertation explores the relationship between space and experience, investigating how these experiences are (re)constructed through language. Using the concept of biographeme, developed by Barthes, this investigation was carried out through participant observation, in a writing process that includes fragments of poems, photographs, drawings, and other symbolic records that compose spatial biographies, culminating in a "writing-living" of scientific research, where life, experience, and space intertwine. By analyzing lived spatialities, it reveals not only the multiple dimensions of living but also how individual and collective experiences are represented and reconstructed in/from space. Finally, this work advocates for geographical writing from other epistemological references, proposing to elaborate the concept of space from freer, more creative, and poetic encounters, based on the understanding that Geography, like language, transcends the grammatical norms that intend to order life