Caminhos de sensibilização : recebendo migrantes no SUS

Abstract

O fenômeno das migrações humanas não é novo na história da humanidade. Na atualidade ele é descrito como uma crise humanitária migratória mundial, maioritariamente em direção aos países em vias de desenvolvimento. Nestes, dentre os quais o Brasil, a falta de políticas migratórias para o acolhimento desta população contribui para a sua vulnerabilidade. Entre os desafios enfrentados estão as barreiras de acesso ao necessitar atenção em saúde. No marco dos princípios do SUS, a universalidade garante o direito à saúde para a população migrante, que tem na Atenção Primária em Saúde sua porta de entrada. A presente pesquisa trata-se de uma pesquisa-ação realizada em uma Unidade Básica de Saúde com o objetivo de construir ações para sensibilização da equipe de saúde da família para o acolhimento da população migrante. Conforme as etapas foram ocorrendo, as estratégias de aproximação entre trabalhadores da saúde e migrantes ocuparam outros espaços, fortalecendo-se inclusive enquanto ações de superação destas barreiras. Antes das ações, este grupo populacional acessava apenas os serviços de formas pontuais e curativas. Abrir espaço para que contassem suas histórias permitiu a criação do vínculo e o acolhimento desta população. A construção de vínculo é um recurso terapêutico e um componente crucial do cuidado em saúde. Ao possuir vínculo com este grupo populacional os profissionais passam a considerá-los membros da comunidade e pertencentes ao território, o que se mostra essencial para um cuidado de saúde integral e humanizado

The phenomenon of human migration is not new in the history of humanity. Currently, it is described as a global humanitarian migration crisis, primarily directed towards developing countries. In these countries, including Brazil, the lack of migration policies to accommodate this population contributes to their vulnerability. Among the challenges faced are barriers to accessing necessary healthcare services. According to the principles of the SUS (Brazil's Unified Health System), universality guarantees the right to health for the migrant population, which finds its entry point in Primary Health Care. This research is an action research conducted in a Basic Health Unit aimed at developing actions to sensitize the family health team to welcome the migrant population. As the stages progressed, the strategies for engagement occupied other spaces, strengthening themselves even as actions to overcome these barriers. Before these actions, this population group accessed services only sporadically and for curative purposes. Creating space for them to share their stories allowed for the creation of bonds and the welcoming of this population. Building bonds is a therapeutic resource and a crucial component of healthcare. By establishing bonds with this population group, professionals begin to consider them members of the community and belonging to the territory, which is essential for comprehensive and humanized healthcare