Desocidentalização da pesquisa em comunicação : uma análise cientométrica da produção intelectual sul-americana (2013-2022)
Resumo
Resumo: Este trabalho investiga a dinâmica de produção e diversificação intelectual que caracteriza o campo acadêmico da Comunicação a fim de verificar se, e em que medida, a hegemonia de perspectivas ocidentais tem restringido a representatividade de vozes e pesquisas de contextos non-mainstream. A questão central que norteia o estudo é: De que modo a circulação de pesquisadores da América do Sul em circuitos intelectuais de alto prestígio ocorre e de que modo tal inserção contribui para diversificar a pesquisa em Comunicação? Pretende-se averiguar a questão estrutural da internacionalização a partir de indicadores característicos da produção dos países sul-americanos, enfatizando-se as estratégias de internacionalização adotadas por essas comunidades intelectuais. O corpus empírico compreende 1.827 trabalhos publicados em revistas de alto prestígio na área de Communicação e Mídia entre 2013 e 2022 por autores baseados em países da América do Sul – incluindo Brasil (704), Argentina (165), Chile (404), Colômbia (313), Equador (152), Peru (54), Uruguai (20), Paraguai (2), Venezuela (10) e Bolívia (3). Pretende-se analisar de que forma variáveis como índice de produção científica, temas abordados nos trabalhos, filiação institucional dos autores e ranking dos periódicos se associam à internacionalização da pesquisa em Comunicação. A pesquisa revelou que o Brasil lidera em número total de publicações (704), mas concentra-se principalmente em Q3 e Q4, enquanto Chile e Colômbia têm maior proporção de publicações em Q1 e Q2. Revistas como International Journal of Communication abrigam os artigos de maior impacto, sendo Chile o país com maior presença em Q1. O Chile também possui a maior proporção de citações locais (65%), contrastando com Bolívia e Paraguai, que dependem 100% de referências externas. Esses dados destacam disparidades regionais e estratégias diferenciadas de publicação. Ao mapear as características dos trabalhos que alcançam sucesso em periódicos internacionais e identificar as áreas temáticas de interesse, o estudo destaca a influência norte-americana predominante e evidencia as epistemologias e estratégias adotadas pelo Sul Global. Essa abordagem permite compreender como os países sul-americanos articulam suas produções científicas em um contexto de desafios estruturais e de internacionalização, buscando maior inserção e visibilidade em circuitos de prestígio global Abstract: This study investigates the dynamics of intellectual production and diversification that characterize the academic field of Communication, aiming to examine whether, and to what extent, the hegemony of Western perspectives has constrained the representativeness of voices and research from non-mainstream contexts. The central research question guiding this study is: How does the participation of South American researchers in high-prestige intellectual circuits occur, and how does such inclusion contribute to diversifying Communication research? The study seeks to address the structural issue of internationalization through indicators of South American countries' scholarly output, with a focus on the internationalization strategies adopted by these intellectual communities. The empirical corpus includes 1,827 articles published in high-impact Communication and Media journals between 2013 and 2022 by authors based in South American countries— Brazil (704), Argentina (165), Chile (404), Colombia (313), Ecuador (152), Peru (54), Uruguay (20), Paraguay (2), Venezuela (10), and Bolivia (3). The analysis explores how variables such as scientific production indexes, research themes, authors’ institutional affiliations, and journal rankings relate to the internationalization of Communication research. The findings reveal that Brazil leads in total publications (704) but is primarily concentrated in Q3 and Q4 journals, while Chile and Colombia have a higher proportion of publications in Q1 and Q2 journals. Journals such as the International Journal of Communication host the highest-impact articles, with Chile having the strongest presence in Q1. Chile also exhibits the highest proportion of local citations (65%), contrasting with Bolivia and Paraguay, which rely entirely on external references (100%). These findings underscore regional disparities and differentiated publication strategies. By mapping the characteristics of successful works in international journals and identifying thematic areas of interest, the study highlights the predominance of North American influence while showcasing the epistemologies and strategies adopted by the Global South. This approach provides insights into how South American countries articulate their scholarly output within a context of structural challenges and internationalization, striving for greater inclusion and visibility in prestigious academic circuits
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