Revolvendo o acervo fotográfico do Museu Paranaense em busca do retrato da família indígena
Visualizar/ Abrir
Data
2024Autor
Cordeiro, Noemia Paula Fontanela de Moura
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Resumo: Esta tese tem como objetivo investigar como o Museu Paranaense (MUPA) está abordando a necessária ressignificação de seu acervo imagético, especialmente fotográfico, em relação à visualidade da família indígena. O acervo fotográfico do museu, particularmente no que tange aos registros de famílias indígenas, reflete uma visualidade influenciada pelo movimento paranista, que buscava forjar uma identidade para o Estado do Paraná. Romário Martins, um dos principais colaboradores desse movimento, foi diretor do MUPA entre 1902 e 1928, período em que os registros de famílias indígenas foram ofuscados em favor da exaltação da família branca, elitizada e de ascendência europeia, apagando a violência sofrida pelos povos originários do Paraná. Desde 2019, sob a direção de Gabriela Bettega, o Museu vem passando por uma "nova fase", buscando maior integração com a comunidade e abrindo seu espaço para diversos segmentos da sociedade. Essa transformação inclui a interação com artistas locais e nacionais, visando a criação de um espaço compartilhado entre história e arte. Um marco dessa fase foi a exposição Retomada da Imagem, realizada entre novembro de 2021 e março de 2022, que sinalizou o início de um processo decolonial no museu, com o objetivo de observar com mais atenção a presença indígena. O projeto envolveu artistas como Denilson Baniwa e Gustavo Caboco, que, junto com outros colaboradores, "relegendaram" imagens do acervo, utilizando os termos "álbum" e "família", reafirmando o valor afetivo da fotografia de família para os povos indígenas. Esse processo de tentativa de decolonização do Museu seguiu com a visita dos Kayapós ao MUPA em 2022 e com exposição Mejtere: Histórias Recontadas em 2023. Uma importante base teórica desta pesquisa é o conceito de "círculo mágico" de Walter Benjamin, que se refere ao espaço simbólico onde as coleções fotográficas encontram sentido, tanto para as famílias retratadas quanto para os observadores. Esse conceito serve de ponto de partida para refletir sobre como as fotografias de famílias indígenas podem ser ressignificadas no acervo do MUPA, contribuindo para uma leitura mais inclusiva e decolonial da história visual do Paraná. O conceito de "círculo mágico" aplicado às coleções de fotografias de família problematiza o processo de incorporação desses objetos afetivos em acervos museológicos, que pode ocorrer por doação familiar, aquisição institucional ou doação de terceiros. No caso das fotografias das famílias indígenas no acervo do MUPA, o fechamento desse círculo depende da ressignificação dessas imagens, como exemplificado na exposição Retomada da Imagem, em que a correção de legendas e a renomeação dos retratos ativam "narrativas suspensas", iniciando o processo de conclusão desse ciclo Abstract: This thesis aims to investigate how the Museu Paranaense (MUPA) is addressing the necessary re-signification of its visual, particularly photographic, collection concerning the representation of Indigenous families. The museum’s photographic archive, especially regarding the documentation of Indigenous families, reflects a visuality influenced by the paranista movement, which sought to forge an identity for the State of Paraná. Romário Martins, one of the main contributors to this movement, served as MUPA’s director between 1902 and 1928, a period during which records of Indigenous families were overshadowed in favor of exalting white, elitist families of European descent, effectively erasing the violence suffered by the Indigenous peoples of Paraná. Since 2019, under the direction of Gabriela Bettega, the museum has undergone a "new phase," seeking greater community integration and opening its space to various societal segments. This transformation includes engagement with both local and national artists, aiming to create a shared space between history and art. A milestone in this phase was the Retomada da Imagem (Image Reclamation) exhibition, held between November 2021 and March 2022, which marked the beginning of a decolonial process at the museum, with the goal of paying closer attention to Indigenous presence. The project involved artists such as Denilson Baniwa and Gustavo Caboco, who, alongside other collaborators, "re-captioned" images from the collection, using the terms "album" and "family," reaffirming the emotional value of family photography within Indigenous cultures. This attempt at decolonizing the Museum continued with the Kayapó people's visit to the MUPA in 2022, followed by the exhibition Mejtere: Histórias Recontadas in 2023. An important theoretical foundation of this research is Walter Benjamin's concept of the "magic circle", which refers to the symbolic space where photographic collections find meaning, both for the families depicted and for the observers. This concept serves as a starting point to reflect on how photographs of Indigenous families can be re-signified within MUPA’s collection, contributing to a more inclusive and decolonial reading of Paraná’s visual history. The concept of the "magic circle," when applied to family photograph collections, raises questions about how these affective objects are incorporated into museum archives, a process that may occur through family donations, institutional acquisition, or third-party contributions. In the case of the photographs of Indigenous families in MUPA's collection, the closing of this circle depends on the re-signification of these images, as exemplified by the Retomada da Imagem exhibition, in which the correction of captions and renaming of portraits activate "suspended narratives," beginning the process of completing this cycle
Collections
- Teses [163]