O paciente vivenciando a segurança do cuidado no âmbito hospitalar

Abstract

Resumo: Para obter a segurança dos cuidados de saúde, é necessário informar, envolver e considerar os pacientes parceiros, além de motivá-los a participar da realização dos cuidados e desenvolver o cuidado de si. A complexidade dos cuidados e dos procedimentos realizados no ambiente hospitalar, aliada às relações, torna o período de hospitalização desafiador para os pacientes. Por essa razão, este estudo sustenta-se nos conceitos de saber e poder do referencial teórico de Michel Foucault, com o objetivo de compreender como o paciente vivencia a segurança do seu cuidado no âmbito hospitalar. Para tanto, foi realizada uma pesquisa qualitativa, interpretativa, utilizando a teoria fundamentada nos dados, que ofereceu a profundidade e o rigor científico necessários para atingir os objetivos. A coleta de dados se deu no maior hospital público do Paraná e a amostragem teórica de 30 participantes foi dividida em três grupos amostrais. O primeiro grupo amostral foi constituído por 15 pacientes, que passaram mais de 72 horas internados no hospital no ano de 2022, sem histórico de incidentes de segurança notificados, com idades entre 18 e 59 anos. O segundo grupo amostral, formado por oito pacientes, incluiu aqueles que sofreram incidentes leves notificados, seguindo os demais critérios de inclusão e exclusão do primeiro grupo. O terceiro grupo amostral foi composto por sete profissionais de saúde que atuam nos setores em que os pacientes dos grupos anteriores estiveram internados. A coleta de dados ocorreu de forma intermitente, de janeiro de 2023 a janeiro de 2024, e, para a análise, foi utilizada a corrente glaseriana, com a organização dos dados apoiada pelo software NVivo®. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, mediante Parecer nº 5.578.094 – CAAE 45568821.4.0000.0096. Elaborou-se a teoria substantiva "o paciente vivenciando a segurança do cuidado no âmbito hospitalar", abrangendo seis conceitos: "desenvolvendo consciência sobre sua condição de saúde", "percebendo os cuidados recebidos", "desfrutando do cuidado seguro", "identificando o cuidado inseguro", "evoluindo no cuidado de si", "refletindo sobre o cuidado recebido", o conceito central "construindo a segurança do cuidado no âmbito hospitalar" e 19 subconceitos, resultantes da análise e codificação teórica dos dados, conforme a estrutura da codificação teórica dos seis Cs (causa, contexto, condição, contingência, covariância e consequência). Ao ampliar a voz do paciente, esta tese possibilitou evidenciar a forma como ele vivencia a segurança do seu cuidado durante a hospitalização e preencher lacunas existentes no conhecimento atual, trazendo proposições para governantes, instituições de ensino, pesquisa, saúde, profissionais familiares e pacientes, para fortalecer as ações de cuidado seguro na prática, além de direcionar a criação de um fôlder para difundir entre pacientes e familiares conhecimento sobre a hospitalização e a segurança do cuidado. Por fim, a tese confirmou que a vivência do paciente na segurança do seu cuidado é permeada pelo saber e poder e a (re)construção desses conceitos, é possível envolver e tornar o paciente participante do seu cuidado.

Abstract: To health care safety, it is necessary to inform, involve and consider patients partners, as well as to motivate them to participate in the delivery of care and develop care of themselves. The complexity of the care and procedures carried out in the hospital environment, combined with the relationships, makes the period of hospitalization challenging for patients. For this reason, this study is based on the concepts of knowledge and power of the theoretical reference of Michel Foucault, with the aim of understanding how the patient experiences the safety of his care in the hospital. To this end, a qualitative, interpretative research was carried out, using the theory based on data, which offered the depth and scientific rigour necessary to the objectives. The data collection took place at the largest public hospital in Paraná and the theoretical sampling of 30 participants was divided into three sample groups. The first sample group consisted of 15 patients, who spent more than 72 hours in hospital in the year 2022, with no history of safety incidents, aged between 18 and 59. The second sample group, consisting of eight patients, included those who experienced mild incidents, following the other inclusion and exclusion criteria of the first group. The third sample group was composed of seven health professionals working in the sectors in which patients from the previous groups were hospitalized. The data collection took place intermittently, from January 2023 to January 2024, and, for the analysis, the glacier current was used, with the data organization supported by the NVivo® software. The research was approved by the Research Ethics Committee by Opinion No. 5.578.094 – CAAE 45568821.4.0000.0096. The substantive theory "the patient experiencing the safety of care in the hospital" was developed, covering six concepts: "developing awareness about his health condition", "perceiving the care received", "enjoying safe care", "identifying insecure care," "evolving in self-care", "reflecting on care received," the central concept "building the security of care within the hospital", and 19 subconcepts, resulting from the analysis and theoretical codification of the data, according to the structure of the theoretic coding of the six Cs (cause, context, condition, contingency, covariance and consequence). By enlarging the voice of the patient, this thesis made it possible to highlight how he experiences the safety of his care during hospitalization and fill existing gaps in current knowledge, bringing proposals to governors, educational institutions, research, health, family professionals and patients, to strengthen the actions of safe care in practice, as well as direct the creation of a folder to disseminate among patients and families knowledge about hospitalization and safety of care. Finally, the thesis confirmed that the patient's experience in the safety of their care is permeated by knowledge and power and the (re)construction of these concepts, it is possible to involve and make the patient a participant in their care.