Custos diretos na Doença de Crohn no sistema público de saúde : experiência de um centro terciário no sul do Brasil
Resumo
Resumo: Introdução: A doença de Crohn (DC) é uma doença inflamatória intestinal, imunomediada e de etiologia multifatorial, podendo acometer da boca ao ânus, ambos os sexos e todas as idades. Por tratar-se de uma doença crônica, requer seguimento por toda a vida. O presente trabalho tem por objetivo descrever os custos diretos do tratamento dos pacientes com DC em um hospital universitário público terciário no sul do Brasil. Metodologia: Trata-se uma coorte retrospectiva, que incluiu pacientes acima de 18 anos com DC com acompanhamento entre 2000 e 2021 em um hospital público terciário brasileiro. Foram excluídos pacientes com perda de seguimento e informações incompletas em prontuário. Foram extraídos dados demográficos dos pacientes e do seu tratamento, como medicações, consultas, exames e internações. Os valores foram obtidos através dos dados fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), secretaria de saúde do Estado e planilha de custos do hospital. Para a comparação de grupos foi usado o teste t de Student e de Mann-Whitney. Para as variáveis categóricas utilizou-se o teste exato de Fisher ou o teste de Qui-quadrado. Para a análise comparativa entre o período durante o uso de anti-TNF[alfa] foi usado o teste de Wilcoxon e para correlação da introdução de anti-TNF[alfa] foi utilizado o teste de correlação de Spearman. Para a comparação dos custos de ressarcimento do SUS e hospitalares foram selecionados os pacientes acompanhados entre 2006 e 2020, e os custos foram calculados em reais, dólares e correção para inflação. A avaliação estatística das diferenças fenotípicas foi feita com o teste ANOVA e Scheffe post hoc. Resultados: Foram incluídos 199 pacientes, sendo 83 do fenótipo perianal fistulizante, 50,3% do sexo feminino, com média de idade ao diagnóstico de 35 ±14 anos e 10 ± 6 anos de seguimento. O custo total anual durante o acompanhamento foi de USD (dólres americanos) 5646,67 ± 4849,60, sendo 97% referente às medicações. Os pacientes com doença perianal fistulizante tiveram custo total maior de tratamento, especialmente em medicações, consultas e internamentos. Houve menor custo na introdução precoce de anti-TNF[alfa] nesses pacientes em relação ao número de internamentos, e custos de exames endoscópicos, consultas e custo total, porém com baixa correlação. Dos 191 pacientes incluídos para a avaliação entre custo e ressarcimento, o custo de ressarcimento foi de USD 6741,40 ± 2526,87, o custo hospitalar de USD 7162,88 ± 2732,30, e corrigido pela inflação de USD 11274,36 ± 5806,85. Discussão: O presente estudo corrobora com achados de que pacientes com doença perianal fistulizante podem ter um custo de tratamento maior. Os custos relacionados à medicação foram proporcionalmente superiores aos relatados na literatura, mas com custo total inferior aos estudos internacionais. Do mesmo modo, apesar da diferença entre os valores dos financiadores, se a partir da tabela do SUS ou a realidade dos custos hospitalares, os pacientes com fenótipo fistulizante também tem maior custo de tratamento quando comparado ao fenótipo inflamatório. Conclusão: No cenário analisado, observa-se que o tratamento da DC apresenta que a adequada alocação de recursos é capaz de fornecer com baixo custo tratamento adequado. Suscitam-se questionamentos sobre a atualização das tabelas do SUS e seu planejamento de gestão Abstract: Introduction: Crohn's disease (CD) is an immune-mediated inflammatory intestinal disease of multifactorial etiology, which can occur from the mouth to the anus, both sexes and all ages. As it is a chronic disease, it requires lifelong follow-up. The present work aims to describe the direct health care costs of treating patients with CD at the Hospital de Clínicas Complex of the Federal University of Paraná. Methods: This is a retrospective cohort, which included patients over 18 years of age with CD with follow-up between 2000 and 2021 in a Brazilian public tertiary hospital. Patients who lost follow-up and with incomplete information in medical records were excluded. Demographic data on patients and their treatment were extracted, such as medications, consultations, exams and hospitalizations. The values were obtained through data provided by the Unified Health System (SUS), the State health department and the hospital cost spreadsheet. To compare groups, the Student's t test and the Mann-Whitney test were used. For categorical variables, Fisher's exact test or the Chi-square test was used. For comparative analysis between the period during the use of anti-TNF[alfa], the Wilcoxon test was used and to correlate the introduction of anti-TNF[alfa], the Spearman correlation test was used. To compare SUS and hospital reimbursement costs, patients followed between 2006 and 2020 were selected, and costs were calculated in reais, dollars and correction for inflation. Statistical evaluation of phenotypic differences was performed using the ANOVA and Scheffe post hoc tests. Results: One hundred and ninety-nine patients were included, 83 of whom had perianal fistulizing phenotype, 50.3% were female, with a mean age at diagnosis of 35 ± 14 years and 10 ± 6 years of follow-up. The total annual cost during follow-up was USD (US dollars) 5646.67 ± 4849.60, 97% of which was related to medications. Patients with fistulizing perianal disease had a higher total cost of treatment, especially in medications, consultations and hospitalizations. There was a lower cost with the early introduction of anti-TNF[alfa] in these patients in relation to the number of hospitalizations, costs of endoscopic exams, consultations and total cost, but with low correlation. Of the 191 patients included for the evaluation between cost and reimbursement, the reimbursement cost was USD 6741.40 ± 2526.87, the hospital cost was USD 7162.88 ± 2732.30, and adjusted for inflation was USD 11274.36 ± 5806.85. Discussion: The present study corroborates findings that patients with fistulizing perianal disease may have a higher treatment cost. Medication-related costs were proportionally higher than those reported in the literature, but with a total cost lower than international studies. Likewise, despite the difference between funders' values, whether based on the SUS table or the reality of hospital costs, patients with a fistulizing phenotype also have a higher treatment cost when compared to the inflammatory phenotype. Conclusion: In the scenario analyzed, it is observed that the treatment of CD shows that the adequate allocation of resources is capable of providing adequate treatment at low cost. Questions arise about updating SUS tables and their management planning
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