Harmonização da classificação de leguminosas e desagregação de receitas na avaliação do consumo desses alimentos no Brasil
Resumo
Resumo: O consumo de leguminosas pela população é de fundamental importância, visto o seu papel em compor a alimentação base da população brasileira, como o feijão, e representar uma fonte excelente de vitaminas e minerais, tendo baixo custo de produção. Entretanto, mensurar esse consumo está suscetível a influência de vieses que dificultam ainda a comparação de dados entre estudos. Para amenizar esse problema, a FAO/WHO GIFT criou um repositório de acesso com dados de consumo de alimentos e bebidas harmonizados. Trata-se de um estudo observacional, descritivo transversal que teve como objetivo identificar e quantificar as leguminosas consumidas pela população brasileira após desagregação de receitas e harmonização de dados do Inquérito Alimentar Nutricional da Pesquisa de Orçamento Familiar (INA/POF), tendo como base a classificação FAO/WHO GIFT. Para isso, as leguminosas consumidas no INA/POF foram identificadas, descritas e classificadas. As receitas contendo leguminosas foram desagregadas e todos esses dados foram novamente harmonizados. Os dados foram analisados por meio da frequência de consumidores, consumo médio per capita, consumo médio per capita para 1000 calorias e comparação por Intervalos de Confiança (IC). Como resultados, após a desagregação de receitas, foi encontrada uma frequência de consumidores de 84,3% (IC95%: 83,4 – 85,1), com maior frequência na região Centro-Oeste e Nordeste (88,1%; IC95%: 86,3 – 89,7) e menor na região Norte (67,4%; IC95%: 64,0 – 70,7), bem como nas estimativas de consumo médio per capita de 202,2g/dia (IC95%: 191,8 – 212,6) e 141,2g/dia (IC95%: 131,7 – 151,2), respectivamente. Com relação aos estratos sociodemográficos, foi observada uma maior frequência de consumidores entre os homens (87%; IC95%: 86,0 – 87,9), pelas pessoas de raça preta (86,9% IC95%: 84,8 – 88,8) e parda (86,6%; IC95%: 85,6 – 87,6). Na faixa de escolaridade de ensino fundamental incompleto (87,6% IC95%: 86,8 – 88,4), que residem em zona rural (87,3%; IC95%: 85,9 – 88,6) e que recebem entre meio e um salário-mínimo (89,1%; IC95%: 88,0 – 90,0). Nesse estudo, as estimativas encontradas após a desagregação de receitas foram muito parecidas com as estimativas utilizando os dados originais do INA/POF, mostrando que nessa comparação, para o grupo das leguminosas, a desagregação de receitas não melhora as estimativas, mas confirma os dados obtidos anteriormente pela pesquisa original. Utilizando a classificação FAO/WHO GIFT, o consumo de leguminosas diminuiu, mas aplicando a desagregação de receitas, o consumo aumentou novamente, concluindo que a desagregação pode ser importante, mas de acordo com a classificação empregada nos dados. Sugere-se, portanto, que novos estudos sejam desenvolvidos para aprimorar essa técnica de desagregação em outros grupos alimentares, contribuindo para preencher as lacunas sobre o assunto nas publicações científicas Abstract: The consumption of pulses by the population is of fundamental importance, given their role in forming the staple diet of the Brazilian population, such as beans, and representing an excellent source of vitamins and minerals at a low production cost. However, measuring this consumption is susceptible to biases that complicate the comparison of data across studies. To mitigate this problem, the FAO/WHO GIFT created an accessible repository with harmonized food and beverage consumption data. This study was a cross-sectional observational descriptive study aimed at identifying and quantifying the pulses consumed by the Brazilian population after disaggregating recipes and harmonizing data from the Dietary Nutritional Survey of the Family Budget Survey (INA/POF), based on the FAO/WHO GIFT classification. To achieve this, the pulses consumed in the INA/POF were identified, described, and classified. Recipes containing pulses were disaggregated, and all these data were harmonized again. The data were analyzed through consumer frequency, average per capita consumption, average per capita consumption for 1000 calories, and comparison by Confidence Intervals (IC). As a result, after the disaggregation of recipes, a consumer frequency of 84,3% (IC95% 83,4 – 85,1) was found, with a higher frequency in the Central-West and Midwest region (88,1%; IC95% 86,3 – 89,7) and lower in the North region (67,4%; IC95% 64,0 – 70,7), as well as average per capita consumption estimates of 202.2g/day (IC95% 191,8 – 212,6) and 141.2g/day (IC95% 131,7 – 151,2), respectively. Regarding sociodemographic groups, a higher frequency of consumers was observed among men (87%; IC95% 86,0 – 87,9), among black individuals (86.9%; IC95% 84,8 – 88,8) and brown individuals (86,6%; IC95%: 85,6 – 87,6). In the incomplete elementary education group (87.6%; IC95% 86,8 – 88,4), those residing in rural areas (87.3%; IC95% 85,9 – 88,6), and those earning between half and one minimum wage (89.1%; IC95% 88,0 – 90,0). In this study, the estimates found after recipe disaggregation were very similar to those using the original INA/POF data, showing that in this comparison, for the pulses group, recipe disaggregation did not improve estimates but confirmed the data obtained previously by the original survey. Using the FAO/WHO GIFT classification, pulse consumption initially decreased for the pulses group. However, with recipe disaggregation, consumption levels rose again, indicating that disaggregation can be significant, depending on the classification used in the data. Therefore, it is suggested that new studies be developed to enhance this disaggregation technique in other food groups, contributing to filling the gaps on the subject in scientific publications
Collections
- Dissertações [102]