Osteosarcopenia, qualidade óssea, fraturas e mortalidade na insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFEr)
Resumo
Resumo: Doenças cuja prevalência aumenta com o envelhecimento, como insuficiência cardíaca (IC), sarcopenia e osteoporose, estão associadas a altas taxas de hospitalizações, fraturas, incapacidades e mortalidade. No entanto, a relação entre IC e o comprometimento osteomuscular é pouco explorada. Este estudo de coorte prospectiva, com 7 anos de seguimento, teve como objetivo avaliar a mortalidade por todas as causas em pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFEr), considerando a osteossarcopenia (OS). Foram avaliados 85 pacientes com ICFEr e 142 controles hígidos, pareados por sexo, índice de massa corporal (IMC) e idade, com ajustes dos resultados para comorbidades, adiposidade corporal, sexo, gênero e idade. Também foi realizada análise sobre a prevalência de OS e sarcopenia, qualidade óssea (avaliada pelo escore ósseo trabecular - TBS), densidade mineral óssea (DMO), fraturas identificadas clinicamente e por Vertebral Fractures Assessment (VFA), além do risco de fraturas futuras, calculado pelo FRAX ajustado para TBS e fraturas subclínicas. Os pacientes estavam clinicamente estáveis e em acompanhamento ambulatorial. Doenças pulmonares, renais ou metabólicas graves, ou condições que interferissem na composição corporal, foram excluídas. A sarcopenia foi definida segundo os critérios do European Working Group on Sarcopenia in Older People, utilizando densitometria (DXA), e a osteossarcopenia (OS) foi caracterizada pela coexistência de sarcopenia e osteoporose, conforme os critérios da American Association of Clinical Endocrinologists. Os pacientes com ICFEr apresentaram maior prevalência de OS em comparação aos controles (10,1% vs. 1,45%, P = 0,003) e, entre os pacientes com ICFEr, aqueles com OS tiveram maior mortalidade (24% vs. 8%, P = 0,046) em relação aos pacientes sem OS, além de maior mortalidade em comparação aos controles com OS (24% vs. 2,2%, P = 0,001). A OS (HR 3,77; P = 0,002) e a sarcopenia (HR 2,35; P = 0,027) foram associadas à mortalidade após ajustes. Fatores como infarto, acidente vascular cerebral (AVC), fraqueza, baixa massa magra, baixa albumina, maior ingestão energética e menor adiposidade também se associaram à mortalidade. Além disso, fatores como idade avançada, menor massa magra, baixa albumina, maior ingestão energética e menor taxa de uso de estatinas correlacionaram-se com TBS reduzido, observado em 51,8% dos pacientes (TBS médio: 1,296 ± 0,140 para os pacientes e 1,320 ± 0,110 para os controles; P = 0,07). Fraturas detectadas pelo VFA ocorreram em 42,4% dos pacientes, com aumento de 16% a 23% no risco de fraturas após ajuste do FRAX para TBS e fraturas subclínicas. Assim, a OS foi um preditor de mortalidade, e os pacientes com ICFEr apresentaram maior prevalência de fraturas, comprometimento da qualidade óssea e maior prevalência de OS em comparação aos controles Abstract: Diseases whose prevalence increases with aging, such as heart failure (HF), sarcopenia, and osteoporosis, are associated with high rates of hospitalization, fractures, disability, and mortality. However, the concurrent relationship between HF and osteomuscular impairment is underexplored. This prospective cohort study, with 7 years of follow-up, aimed to assess all-cause mortality in patients with heart failure with reduced ejection fraction (HFrEF), considering osteosarcopenia (OS). Eighty-five patients with HFrEF and 142 healthy controls, matched for sex, body mass index (BMI), and age, were evaluated, with adjustments for comorbidities, body adiposity, sex, gender, and age. Analyses were also conducted on the prevalence of OS and sarcopenia, bone quality (assessed by trabecular bone score - TBS), bone mineral density (BMD), fractures identified clinically and by Vertebral Fractures Assessment (VFA), as well as the risk of future fractures, calculated using the FRAX tool adjusted for TBS and subclinical fractures. Patients were clinically stable and undergoing outpatient care. Severe pulmonary, renal, or metabolic diseases, or conditions that interfered with body composition, were excluded. Sarcopenia was defined according to the criteria of the European Working Group on Sarcopenia in Older People, using densitometry (DXA), and osteosarcopenia (OS) was characterized by the coexistence of sarcopenia and osteoporosis, according to the criteria of the American Association of Clinical Endocrinologists. Patients with HFrEF had a higher prevalence of OS compared to controls (10.1% vs. 1.45%, P = 0.003), and among patients with HFrEF, those with OS had a higher mortality (24% vs. 8%, P = 0.046) compared to patients without OS, as well as higher mortality compared to controls with OS (24% vs. 2.2%, P = 0.001). OS (HR 3.77; P = 0.002) and sarcopenia (HR 2.35; P = 0.027) were associated with mortality after adjustments. Factors such as myocardial infarction, stroke, weakness, low lean mass, low albumin, high energy intake, and lower adiposity were also associated with mortality. Furthermore, factors such as advanced age, lower lean mass, low albumin, higher energy intake, and a lower rate of statin use were associated with reduced TBS, observed in 51.8% of patients (mean TBS: 1.296 ± 0.140 for patients and 1.320 ± 0.110 for controls; P = 0.07). VFA-detected fractures occurred in 42.4% of patients, with a 16% to 23% increase in the risk of fractures after adjusting the FRAX tool for TBS and fractures. Thus, OS was an independent predictor of mortality, and patients with HFrEF also had a higher prevalence of fractures, impaired bone quality, and a higher prevalence of OS compared to controls
Collections
- Teses [69]