Comparação da evolução dos pacientes submetidos a implante de stents farmacológicos de segunda geração longos e curtos em longo prazo
Resumo
Resumo: Fundamento: Mesmo após o advento dos stents farmacológicos, o comprimento da lesão aterosclerótica persistiu como fator preditor de reestenose, trombose de stent e, consequentemente, de revascularização da lesão alvo. Para tentar superar esta deficiência, foram desenvolvidas endopróteses com hastes mais finas, polímeros mais avançados e drogas com liberação mais ajustada. Ainda é tema de debate se a extensão dos stents farmacológicos de segunda geração interfere na evolução clínica dos pacientes. Objetivo: Determinar se o comprimento dos stents farmacológicos de segunda geração afeta sua segurança e eficácia em longo prazo. Métodos: Neste estudo de delineamento retrospectivo, observacional, não randomizado, unicêntrico foram incluídos todos os pacientes submetidos a angioplastias coronárias realizadas pela equipe de cardiologistas intervencionistas da Maestri e Kormann Consultoria Médico-Científica Ltda. no período de 01º de janeiro de 2011 a 31 de dezembro de 2017, e que receberam somente stents farmacológicos de segunda geração. Eles foram divididos de acordo com a extensão das endopróteses que receberam em: 1) grupo dos stents longos: pelo menos uma endoprótese com extensão maior ou igual a 30 mm e 2) grupo dos stents curtos: apenas endopróteses com extensão menor ou igual a 20 mm sem sobreposição. Foi definido como desfecho primário a falha da lesão alvo; composto por óbito de causa cardiovascular, infarto relacionado ao vaso alvo e revascularização da lesão alvo. Os desfechos secundários avaliados foram: 1) de segurança (acidente vascular encefálico, óbito de causa cardiovascular, óbito por qualquer causa, qualquer infarto agudo do miocárdio, sangramento BARC-3 e -5 e trombose definitiva de stent); 2) de eficácia (revascularização da lesão alvo, revascularização do vaso alvo e qualquer revascularização coronária) e 3) eventos cardiovasculares principais; composto por óbito por qualquer causa, qualquer infarto agudo do miocárdio e revascularização da lesão alvo. Resultados: Foram incluídos 278 pacientes (38,9%) no grupo dos stents curtos (19,32 ± 8,6 mm) e 436 (61,1%), na coorte dos stents longos (55,38 ± 23,3 mm). Eles foram acompanhados por período médio de três anos. Houve incidência significativamente maior de falha da lesão alvo no segundo grupo: 16,7% contra 10,4% [SHR (IC 95%): 1,78 (1,15 - 2,76); p = 0,01]. Quanto a todos os desfechos secundários, as diferenças não foram significativas. Das variáveis selecionadas para a análise multivariada, a revascularização completa foi confirmada como fator protetor e as seguintes foram ratificadas como preditoras de falha da lesão alvo: grupo dos stents longos, procedimentos para tratamento de reestenose de stent implantado previamente, diagnóstico prévio de insuficiência cardíaca e os quadros clínicos mais graves (parada cardiorrespiratória recuperada, choque cardiogênico e edema pulmonar agudo). Conclusões: Apesar do avanço tecnológico dos stents farmacológicos de segunda geração, o implante de endopróteses com extensão maior ou igual a 30 mm está associado a taxa mais elevada de falha da lesão alvo. Portanto, o seu comprimento interfere de forma significativa nos desfechos clínicos Abstract: Background: Even after the advent of drug-eluting stents, lesion length has persisted as a predictor of restenosis, stent thrombosis and, consequently, target lesion revascularization. To attempt to overcome this deficiency, new endoprostheses were developed with thinner struts, more advanced polymers and drugs with more adjusted release. It is still debated whether the length of second-generation drug-eluting stents affects clinical outcomes. Objective: To determine whether the length of second-generation drug-eluting stents affects their long-term safety and efficacy. Methods: In this observational, retrospective, non-randomized, singlecenter study, all patients treated exclusively with second-generation drug-eluting stents by the team of interventional cardiologists of Maestri and Kormann Consultoria Médico-Científica Ltda. from January 1, 2011, to December 31, 2017, were included. They were divided according to the length of the endoprostheses they received: 1) long stents group: at least one stent with an extension greater than or equal to 30 mm and 2) short stents group: one or more stents with an extension less than or equal to 20 mm without overlapping. Target lesion failure was defined as the primary endpoint; composed of cardiovascular death, target vessel myocardial infarction and target lesion revascularization. The secondary ones were: 1) safety endpoints (stroke, cardiovascular death, all-cause mortality, any acute myocardial infarction, BARC-3 and -5 bleeding and definite stent thrombosis); 2) efficacy endpoints (target lesion revascularization, target vessel revascularization and any coronary revascularization) and 3) major adverse cardiovascular events; composed of all-cause mortality, any acute myocardial infarction and target lesion revascularization. Results: 278 patients (38,9%) were included in the short stents group (19.32 ± 8.6 mm) and 436 (61,1%), in the long stents cohort (55.38 ± 23.3 mm). They were followed for an average three-year period. There was a significantly higher incidence of target lesion failure in the long stents group: 16.7% versus 10.4% [SHR (95% CI): 1.78 (1.15 - 2.76); p = 0.01]. For all the secondary endpoints, the differences were not significant. Of the variables selected for multivariate analysis, complete revascularization was confirmed as a protective factor and the following ones were ratified as predictors of target lesion failure: the long stents group, procedures for treating in-stent restenosis, previous heart failure diagnosis and the most serious clinical conditions (recovered cardiorespiratory arrest, cardiogenic shock and acute pulmonary edema). Conclusions: Despite the technological advances in second-generation drug-eluting stents, the implantation of endoprostheses with an extension greater than or equal to 30 mm is associated with higher rate of target lesion failure. Therefore, their length significantly impacts clinical outcomes
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