Panorama da mortalidade por esquizofrenia no Estado do Paraná/Brasil : um estudo retrospectivo de 2011 a 2021
Resumo
Resumo: Indivíduos com esquizofrenia estão expostos a um risco aumentado de morte, por causas naturais e não naturais, quando comparados à população em geral. A maioria dos estudos sobre mortalidade na esquizofrenia foram realizados em países de alta renda, principalmente na Europa e América do Norte. No Brasil não há publicações sobre este assunto posteriores a 2016. Realizamos um estudo retrospectivo no qual avaliamos a taxa de mortalidade padronizada (SMR) por sexo e idade em uma coorte de pacientes diagnosticados com esquizofrenia cadastrados no banco de dados da Farmácia do estado do Paraná (FEPR). Efetuamos um linkage probabilístico com o banco de dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde. Foram incluídas 23.326 pessoas, de 16 a 75 anos, com diagnóstico clínico de esquizofrenia de 2011 a 2021. Pacientes com esquizofrenia apresentaram um risco 30% maior (SMR = 1,30, IC 95%: 1,24-1,36) de morte por causas gerais em comparação com a população do Paraná. Mulheres com esquizofrenia apresentaram maior risco de morte do que homens, especialmente na faixa etária de 16 a 29 anos (SMR = 3,03, IC 95%: 1,97-4,48). O uso de clozapina foi protetor contra a mortalidade geral (OR = 0,79, IC 95%: 0,65-0,95), enquanto a presença de obesidade não afetou o risco de morte. Identificamos maior chance de óbito por causas neurológicas, respiratórias, endocrinológicas, gastrointestinais e não naturais, além de um risco elevado de suicídio (SMR = 2,87, IC 95%: 2,23-3,64) nesta população. Realizamos ainda uma segunda análise referente as mortes ocorridas por COVID-19 entre os anos de 2020 a 2021 em 20.417 pacientes de 18 a 80 anos. Identificamos que indivíduos com esquizofrenia apresentaram um risco 120% maior de morte por COVID-19 (SMR = 2,21, IC: 95% 1,90-2,55) quando comparados à população do Paraná. Uma maior idade (OR = 1,04, 95% IC 1,02-1,05, por ano) e a presença de obesidade (OR = 1,89, 95% IC 1,39-2,57) foram associadas a uma maior chance de morte por COVID-19. Em um país de média renda como o Brasil, os portadores de esquizofrenia do estado do Paraná apresentaram um maior risco de morte prematura por causas naturais e não naturais, principalmente por suicídio e doenças respiratórias como COVID-19. Este risco foi mais elevado nos mais jovens de 16 a 29 anos. Nossos resultados expõem a vulnerabilidade desta população à mortalidade precoce e indicam a necessidade de prioriza-la na tomada de medidas de prevenção e promoção de saúde Abstract: Individuals with schizophrenia are exposed to an increased risk of death, from natural and non-natural causes, when compared to the general population. Most studies on mortality in schizophrenia have been carried out in high-income countries, mainly in Europe and North America. In Brazil, there are no publications on this subject after 2016. We carried out a retrospective analysis in which we evaluated the standardized mortality ratio (SMR) by age and sex in a cohort of patients diagnosed with schizophrenia and registered in the Pharmacy database of the state of Paraná (FEPR). We conducted a probabilistic linkage with the database of the Mortality Information System (SIM) of the Ministry of Health. 23,326 people were included, aged 16 to 75 years, with a clinical diagnosis of schizophrenia from 2011 to 2021. Patients with schizophrenia had a risk of 30% higher (SMR = 1.30, 95% CI: 1.24-1.36) of death from general causes compared to the population of Paraná. Women with schizophrenia had a higher risk of death than men, especially those aged 16 to 29 years (SMR = 3.03, 95% CI: 1.97-4.48). The use of clozapine was protective against overall mortality (OR = 0.79, 95% CI: 0.65-0.95), while the presence of obesity did not affect the risk of death. We identified a greater chance of death from neurological, respiratory, endocrinological, gastrointestinal and non-natural causes, in addition to a higher risk of suicide (SMR = 2.87, 95% CI: 2.23-3.64) in this population. We also carried out a second analysis regarding deaths caused by COVID-19 between 2020 and 2021 in 20,417 patients aged 18 to 80 years. We identified that individuals with schizophrenia had more than 120% greater risk of dying from COVID-19 (SMR = 2.21, CI: 95% 1.90- 2.55) when compared to the population of Paraná. Older age (OR = 1.04, 95% CI 1.02- 1.05, per year) and the presence of obesity (OR = 1.89, 95% CI 1.39-2.57) were associated with a higher odd of death from COVID-19. In a middle-income country like Brazil, people with schizophrenia in the state of Paraná are at risk of premature death from natural and non-natural causes, mainly due to suicide and respiratory diseases such as COVID-19. This risk was higher in younger people aged 16 to 29. Our results expose the vulnerability of this population to early mortality and indicate the need to prioritize prevention and health promotion measures
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