Avaliação quantitativa de risco microbiológico aplicada a águas para reuso : uma revisão sistemática
Resumo
Resumo : Com o aumento significativo de escassez hídrica no Brasil na última década, como consequência de longo processo de seca severa no semiárido nordestino brasileiro em 2013 e nas regiões sul e sudeste nos anos de 2014 e 2015, a insegurança hídrica passou a ser temida até mesmo num país que apresenta grande quantidade de recursos hídricos. Diante desse cenário, a prática do reúso de água se demonstra como uma ferramenta estratégica na solução de problemas de escassez, contribuindo também para a recuperação ambiental de corpos hídricos. No entanto, para obter proveito dessa prática de maneira segura, é necessário o atendimento de padrões de qualidade adequados, que permitam a diminuição de riscos sanitários á população que desfruta da água para reúso, especialmente riscos de caráter microbiológico, associados a diversos microrganismos patógenos de veiculação hídrica. Nesse contexto, há o destaque para a ferramenta de Avaliação Quantitativa de Riscos Microbiológicos (AQRM) no controle quantitativo desses riscos, com objetivo de auxiliar na tomada de decisões. O presente trabalhou buscou caracterizar o estado de arte da aplicação da AQRM a diversas modalidades de reúso através de análise bibliométrica e revisão crítica de pesquisas relacionadas ao tema, visando identificar tendências em relação ás modalidades e aos microrganismos patógenos analisados em cada uma delas. As modalidades mais populares de análise de AQRM foram a agrícola (53,5%) e a de reúso urbano não potável (32,2%), ao passo que outras modalidades como reúso potável (16,5%), industrial (3,1%) e de aquicultura (0,8%) foram menos abordadas nas pesquisas. As relações de microrganismos patógenos escolhidos para análise em cada modalidade de reúso mostram os Norovírus e Rotavírus como os vírus patógenos mais abordados nas modalidades, e a Escherichia coli como a principal bactéria analisada. A bactéria Campylobacteria e o protozoário Cryptosporidium apresentaram maior relevância para as modalidades de reúso urbano não potável (31,7% e 39% respectivamente) e reúso potável (42,9% e 76,2%) do que para a modalidade de reúso agrícola ( 7,2% e 17,5%), tanto em participação relativa da
modalidade quanto em números absolutos de artigos. A comparação dos microrganismos patógenos abordados nas pesquisas de AQRM aplicada a águas de reúso com patógenos cujos padrões são previstos nas normativas nacionais brasileiras revelou que esses documentos reguladores não abordam diversos patógenos de preocupação dos pesquisadores em relação á utilização da água para reúso pela população, nem mesmo a Resolução Conjunta SES/SIMA nº 01/2020 do Estado de São Paulo, que embora se destaque por prever padrões para Escherichia coli, Ascaris spp., Giardia e Cryptosporidium para a modalidade de reúso urbano não potável, não aborda outros microrganismos patógenos como os vírus Norovírus, Rotavírus e as bactérias Salmonella spp. e Campylobacteria, presentes significativamente nos estudos
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