dc.description.abstract | Estabelecido como construto científico no final dos anos 70 por Dan Olweus, pesquisador no campo da psicologia na Universidade de Bergen (Noruega), o bullying espalhou-se mundialmente desde então, na função de nomear práticas de intimidação repetitivas entre pares, especialmente nos ambientes escolares. No Brasil, o termo conquista enorme popularidade a partir dos anos 2000. Minha tese de doutorado em andamento problematiza etnograficamente como o conceito de bullying vem informando, no cenário brasileiro contemporâneo, a dinâmica dos espaços educacionais, a realização de pesquisas científicas, a elaboração de políticas públicas, a cobertura midiática e a concepção de novos produtos oferecidos pelo mercado. Em todos esses contextos, a noção de bullying, em um sentido foucaultiano, desponta a um só tempo como um conhecimento científico, uma técnica de governo e um mecanismo gerador de novas subjetividades. Nesta comunicação, objetivo refletir especificamente acerca da emergência do conceito de bullying no tenso debate sobre gênero que tem se delineado na realidade brasileira. Para tanto, analisarei a significância da acepção de bullying nas lutas da população transgênero por direitos e contra a discriminação, à luz de uma perspectiva interseccional. No entorno desse ativismo, situo as contradições que permeiam a promulgação da lei nacional antibullying no final de 2015, em meio a sucessivos vetos legais às discussões sobre gênero e sexualidade nas escolas brasileiras. | |