Uma intervenção analítico-comportamental no tratamento da dependência tecnológica : avaliação em duas mulheres

Abstract

Resumo: A internet tem alcançado um número cada vez maior de pessoas ao redor do mundo. Graças aos avanços tecnológicos e à disseminação do acesso à internet no âmbito global, cerca de 3,5 bilhões de pessoas são usuárias dela. O uso abusivo da internet pode, contudo, gerar um quadro chamado dependência tecnológica, o qual apresenta fortes associações com problemas de saúde mental e física, prejuízos sociais, acadêmicos e financeiros. O presente estudo objetivou avaliar sessões de Terapia Analítico-Comportamental (TAC), acrescida do aplicativo Cogni®, em comportamentos ligados à Dependência de Internet, em duas mulheres. O método consistiu em um delineamento experimental de caso único (A-B-A), intrassujeito, com retirada e com replicação entre participantes. A fase A consistiu em uma linha de base referente ao tempo de uso (sete dias de observação), em horas. A fase B consistiu em dez sessões de TAC, acrescida do aplicativo Cogni®. A nova fase A consistiu na retirada das sessões de intervenção (30 dias de observação). Nas três fases, o tempo de uso foi registrado pelo aplicativo Qustodio®. Antes do início da intervenção e em um seguimento de 15 e 30 dias, foram aplicados os seguintes instrumentos: entrevista semiestruturada, Internet Addiction Test (IAT), Inventário de Beck Depressão (BDI-II), Inventário de Habilidades Sociais (IHS-2) e Liebowitz Social Anxiety Scale (LSAS). Os resultados indicam que não houve mudança no tempo de uso dos smartphones ao longo das fases. Uma análise funcional das topografias ligadas ao uso de diferentes aplicativos sugere que houve alterações em classes de respostas, em concordância com as intervenções terapêuticas. Discute-se a utilidade da identificação de variáveis idiográficas no tratamento da chamada dependência tecnológica, assim como as vantagens da TAC para seu tratamento.

Abstract: The internet is being part of a growing number of people worldwide. Thanks to technological advances and to the dissemination of internet access globally, about 3 billion people are users. The abusive use of the internet can, however, lead to a technological dependence problem, which has strong correlations with physical and mental health problems, social problems, academic and financial losses. The present study aimed to evaluate Behavioral Analytical Therapy (TAC) sessions, plus the Cogni® application, in behaviors related to Internet Dependence, in two women. The method consists of a single-case experimental design (A-B-A), intra-subject, with withdrawal and replication among participants. Phase A consisted of a baseline measurement of the time of use (seven days of observation), in hours. Phase B consisted of ten TAC sessions, plus the Cogni® application, the intervention sessions were withdrawn (30 days of observation). In the three phases, the usage time was recorded by the Qustodio® app. Before the beginning of the intervention and in a follow-up of 15 and 30 days, the following instruments were applied: semi-structured interview, Internet Addiction Test (IAT), Beck Depression Inventory (II), Social Skills Inventory (SSI-Del-Prette) and Liebowitz Social Anxiety Scale (LSAS). The results indicate that there was no change in the time of smartphone use throughout the phases. A functional analysis of the topographies of use of different apps suggests changes in classes of responses, in accordance with the therapeutic interventions. The usefulness of identifying idiographic variables in the treatment of technological dependence is discussed, as well as the advantages of TAC for its treatment.