DIFICULDADES DE ATUAÇÃO PERCEBIDAS POR PROFISSIONAIS DE SAÚDE MENTAL DO NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA EM MUNICÍPIOS DE MG
Data
2020-07-31Autor
RAFAELA FERNANDES LOURENÇO
VANESSA CRISTINA DE PAIVA OLIVEIRA
CARLOS ALBERTO PEGOLO DA GAMA
MARIA ADELAIDE JANUÁRIO DE CAMPOS
VÍVIAN ANDRADE ARAÚJO COELHO
DENISE ALVES GUIMARÃES
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Introdução: Apesar dos avanços registrados na atenção em SM a partir da Reforma Psiquiátrica, ainda estão presentes problemas relacionados à permanência do modelo biomédico e dificuldades de integração entre diferentes níveis da atenção em saúde. O Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF) surgiu como uma proposta de transferência de tecnologia de especialistas para os profissionais da APS e buscando construir mudanças nas práticas profissionais na área de SM.
Objetivos: Este estudo buscou identificar e analisar dificuldades relacionadas à atuação dos profissionais de SM dos NASFs de alguns municípios da macrorregião Oeste de Minas Gerais.
Materiais e métodos: Foi realizada em 2017, pesquisa qualitativa, de caráter exploratório, por meio de entrevista semiestruturada com profissionais dos NASFs que atuavam na área de SM em 11 municípios na macrorregião Oeste de Minas Gerais. O campo de estudo considerou os municípios que possuíam NASF na macrorregião, que é composta por 54 municípios, distribuídos em 6 microrregiões. Foram considerados 2 municípios de cada microrregião, sendo o município polo e outro município sorteado. Quando no município polo não havia NASF implantado, foram sorteados 2 municípios da microrregião que possuíam o serviço. Nos municípios com mais de uma equipe de NASF, também foi feito sorteio para definição da inclusão. Houve recusa de participação de um profissional e o estudo foi conduzido considerando-se 11 municípios, sendo 6 de pequeno porte e 5 de médio porte. O roteiro de entrevistas foi baseado nas ações previstas na portaria do NASF e na Edição dos Cadernos da Atenção Básica – Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Caderno 39). Todos os princípios éticos para resguardar o sigilo e não identificação dos informantes.
Resultados: Os profissionais identificaram problemas de atuação relacionadas às condições de trabalho inadequadas; alta rotatividade dos profissionais; falta de capacitação; estigmas e preconceitos relacionados à SM e aos sujeitos em sofrimento psíquico. Estão presentes entre os profissionais da APS expectativas de que os profissionais de SM do NASF se dediquem a atendimentos individualizados e essa é uma prática predominante entre eles, a despeito da atuação preconizada para o NASF. Estão presentes dificuldades para desenvolvimento de práticas interdisciplinares e trabalho em rede. Apesar dos problemas identificados, reconhecem a importância do NASF em relação às mudanças culturais e no processo de trabalho e cuidado em SM.
Considerações finais: As dificuldades identificadas representam limitação para a atenção em SM na APS e no avanço das propostas do NASF; impedem o avanço da política de SM na APS, criando obstáculos ao avanço de ações intersetoriais e interdisciplinares; além de favorecem a manutenção da lógica biomédica pautada na clínica individualizada.