TERAPIA COMUNITÁRIA INTEGRATIVA E A ABORDAGEM JUNTO A PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Data
2020-07-31Autor
RENATA JACOBOVSKI
RENATA JACOBOVSKI
LUÍS FELIPE FERRO
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Mostrar registro completoResumo
Introdução: As Práticas Integrativas e Complementares do SUS (PICS), atualmente previstas pela política pública nacional de Saúde, são métodos terapêuticos baseados em conhecimentos tradicionais. A Terapia Comunitária Integrativa (TCI), uma destas práticas, promove encontros interpessoais heterogêneos para o compartilhamento de experiências, contribuindo para a formação de uma consciência social. Objetivo: Relatar a experiência vivenciada por meio da realização de rodas de TCI junto à população de rua. Métodos: o presente trabalho se constitui por meio do relato de experiência na condução de 22 rodas de TCI com pessoas em situação de rua, realizadas semanalmente entre maio e outubro de 2019, na Unidade de Proteção Social Especial de Média Complexidade (Centro POP Matriz) de Curitiba. Dados sobre as rodas serão apresentados, assim como sua estrutura. Resultados: A média de participantes por roda foi de 19 pessoas, a menor se constituiu de 7 integrantes e a maior com 31. Mais da metade dos indivíduos de todas as rodas foram do sexo masculino e 75% dos participantes estavam na faixa de idade entre os 20 e 59 anos. Conforme os princípios da TCI, todas as atividades foram realizadas em círculos, compartilhando experiências e saberes de maneira horizontal. Os participantes foram acolhidos e expuseram, no centro da roda, objetos que lhes eram significativos. As rodas foram estruturadas de acordo com as etapas da TCI: acolhimento inicial; escolha do tema, configurada para incitar os presentes a pensar sobre o que e por que falar; contextualização, a partir da qual o escolhido explana coletivamente sua inquietação e os demais podem fazer perguntas; problematização, fase em que o problema é levado da esfera individual para a coletiva a fim de que surjam soluções comunitárias de enfrentamento. Por fim, ocorre o encerramento, em que todos ficam apoiados em pé e referem o que estão levando da roda. As únicas regras utilizadas, apresentadas no acolhimento, são de fazer silêncio enquanto o outro falar, falar apenas de si, acolher o outro e não julgar e presentear o grupo com músicas, piadas, ditados, entre outras opções de cultura. Com base nas atividades, os problemas que mais afligem os participantes, conforme sua percepção, foram: angústia por morar na rua; desemprego; falta de um lar; uso de drogas/vício/abstinência; e conflitos familiares. Dentre as soluções de enfrentamento em relação aos problemas abordados, as mais apresentadas foram: reconciliação/apoio familiar; apoio espiritual; apoio de amigos/conhecidos; o trabalho informal; o estudo; o cuidado da saúde mental; a força pessoal/vontade própria. Conclusão: As rodas de TCI demonstraram grande potência para a constituição de um espaço coletivo de compartilhamento de experiências e formação de vínculos sociais, assim como para motivar os participantes a desenvolver as estratégias elaboradas coletivamente.