A GESTÃO AUTÔNOMA DA MEDICAÇÃO (GAM) A PARTIR DA EXPERIÊNCIA EM ALGUNS SERVIÇOS DE SAÚDE MENTAL
Data
2020-07-31Autor
CHAYANNE FEDERHEN
SABRINA STEFANELLO
DEIVISSON VIANNA DANTAS DOS SANTOS
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Introdução: A Gestão Autônoma da Medicação (GAM) é uma prática de cuidado em saúde mental, voltada às (aos) usuárias(os) de psicofármacos, na qual se trabalham informações sobre medicamentos e direitos das(os) usuárias(os), de forma crítica e reflexiva. Acontece em encontros de grupo ou individuais nos quais se busca trabalhar a ampliação da autonomia do sujeito. Objetivo: O trabalho teve como objetivo avaliar qualitativamente a estratégia GAM em Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) do município de Curitiba-PR, buscando analisar a experiência das(os) participantes quanto ao desenvolvimento de autonomia e a sua posição em relação ao tratamento com psicotrópicos. Metodologia: O trabalho se desenhou como uma pesquisa qualitativa, na qual se realizaram entrevistas semi-estruturadas com as participantes dos grupos GAM. As entrevistas foram organizadas em narrativas para análise de conteúdo em perspectiva fenomenológica. Resultados: Identificaram-se 4 categorias temáticas (O grupo GAM; Interação com o serviço; Os efeitos do grupo GAM; Os desafios do GAM) e 9 núcleos argumentais (Motivações para participar; Dinâmica do grupo; O guia GAM; Aceitação da equipe e influência do ambiente institucional; Como o grupo GAM acrescentou informações na minha vida; Influência e resultado do grupo GAM; Indução de mudanças nas trabalhadoras; A relação com os medicamentos; Os desafios enfrentados pelo grupo GAM). Os resultados mostraram que existem muitas dúvidas sobre as medicações entre as (os) usuárias(os), que o grupo GAM se apresenta como um espaço de construção de vínculo e socialização e contribui para a horizontalidade nas relações. A GAM dá suporte ao desenvolvimento de autonomia, aumentando seu entendimento sobre as medicações, tratamentos e direitos, bem como auxilia o autoconhecimento. Porém, observou-se que apesar das mudanças preconizadas pela Reforma Psiquiátrica ainda operam como hegemônicas as lógicas biomédica, médico-centrada e hierarquizada, dificultando a efetivação ampliada dos resultados obtidos com a estratégia GAM. Considerações finais: Para efetivação dos resultados observados, entende-se como fundamental que em paralelo haja comprometimento político e administrativo com o investimento e a efetivação de Políticas em Saúde Mental pautadas nos pressupostos da Reforma Psiquiátrica e da Luta Antimanicomial, assim como uma gestão da clínica que atue nesse mesmo sentido.