O PROCESSO DE SOFRIMENTO MENTAL EM AGRICULTORES: A RELAÇÃO ENTRE SOFRIMENTO E AGROTÓXICOS.
Resumo
INTRODUÇÃO
Várias pesquisas já foram desenvolvidas no Brasil e no exterior sobre as taxas de adoecimento mental e suicídio nos agricultores. Embora uma combinação de variáveis interfira nesses quadros, todos eles apontam uma influência significativa do uso de agrotóxicos para a produção de transtornos mentais. Nesse sentido, o tema da pesquisa é de suma importância para fundamentar mudanças que dizem respeito à vida dos agricultores do país. O método consiste em uma revisão bibliográfica sobre os processos de sofrimento e adoecimento mental dos agricultores e os impactos neurológicos dos agrotóxicos.
OBJETIVOS
O objetivo dessa pesquisa é aprofundar o estudo a respeito da ligação entre transtornos mentais e o envenenamento por agrotóxicos, para compreender sua centralidade nos quadros de adoecimento mental de agricultores.
MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo se caracteriza por uma pesquisa bibliográfica, na medida em que se baseia no recorte de fontes para alcance do objetivo proposto em relação ao tema. O método de pesquisa desenvolvido realizou as seguintes etapas até o momento: 1. Identificação de fontes e composição de acervo; 2. Estudo das fontes e seleção com base naquelas que contribuiriam mais ao estudo, excluindo artigos que não citam dados sobre o adoecimento mental de agricultores e que não comentam sobre essa relação e artigos que não citam dados sobre o uso de agrotóxicos relacionados a alterações neurológicas; 3. Análise dos dados obtidos; 4. Interpretação dos dados.
RESULTADOS PARCIAIS
Savage (1988) indica uma estreita relação entre o envenenamento por organofosfato e sequelas neurológicas crônicas, acarretando desde insônia à ansiedade, depressão e esquizofrenia. Em estudo realizado por Falk, Carvalho, Silva e Pinheiro (1996) em Venâncio Aires, foi constatado que os três meses que mais se utilizam agrotóxicos estão entre os quatro meses com maior número de suicídio. Agricultores que sofreram episódios de intoxicação com organofosforados apresentam grau de sintomas depressivos maiores do que aqueles que não sofreram. Ademais, nos últimos anos, entre 2007 e 2015 a maior taxa de suicídio no Brasil se deu em agricultores, atingindo o dobro da média nacional por ano. Nas pesquisas selecionadas, o aumento da escolaridade esteve relacionado com menor prevalência de transtornos mentais comuns, enquanto a ocorrência de intoxicação por agrotóxicos esteve ligada à maior prevalência de transtornos psiquiátricos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A exposição a agrotóxicos é considerada um fator de risco para o aparecimento de doenças mentais. Estudos apontam que após intoxicação aguda por agrotóxicos foram reportadas uma variedade de efeitos neuropsicológicos relacionados ao funcionamento cognitivo. Assim, é possível notar que agrotóxicos e transtornos mentais revelam uma relação de causa e efeito, a qual é possivelmente influenciada por outras variáveis sociais e culturais.