NÍVEL DE DEPENDÊNCIA DO USUÁRIO E VÍNCULO DO CUIDADOR EM TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL DOMICILIAR
Resumo
Introdução: O nível de dependência do doente é um fator que favorece estresses físicos e mentais, visto que quanto mais comprometida sua autonomia, maiores são as demandas e complexidade das atividades desenvolvidas pelo cuidador. Em geral, percebe-se que muitos cuidadores apresentam desgastes na qualidade de vida em função de alterações biopsicossociais que o ato de cuidar os impõe. A responsabilidade do cuidado do paciente costuma ser atribuída em geral a um familiar e frequentemente são mulheres. Identificar o perfil dos cuidadores se faz necessário, pois implica na saúde do cuidador, assim como no seu desempenho. Discernir níveis de dependência do paciente, assim como reconhecer o cuidador como formal ou informal são alguns dos aspectos que podem auxiliar numa melhor assistência voltada a esses pacientes e cuidadores. Objetivo: identificar nível de dependência do usuário em Terapia Nutricional Enteral no Domicílio (TNED) e o vínculo do cuidador. Método: foi realizado um estudo retrospectivo, em que informações foram coletadas do banco de dados dos usuários do Programa de Atenção Nutricional às Pessoas com Necessidades Especiais de Alimentação (PAN) em Curitiba/Paraná. As informações obtidas são provenientes de prontuários de avaliação nutricional utilizados pelas nutricionistas no período de 10 anos. Foram classificados os níveis de dependência do usuário, a presença e vínculo de cuidadores. O nível de dependência do paciente em relação ao cuidador foi classificado de acordo com a escala de desempenho em cuidados paliativos versão 2, de autoria da Victoria Hospice Society e adaptado pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo em 2008. O projeto foi aprovado no comitê de ética CAAE: 49265615.1.0000.0102. Resultados: Dos 675 pacientes analisados, 93,4% (n=631) possuíam cuidador. No que concerne ao nível de dependência do usuário em TNED, 76% (n=513) eram completamente dependentes, 8,7% (n=59) quase completamente dependentes, 8,7% (n=59) recebiam assistência considerável, 3,8% (n=26) assistência ocasional e 2,6% (n=18) possuíam completa autonomia. Dentre os pacientes 93,4 % (n=631) dispunham de cuidador, 3,8% (n=26) não possuíam e 2,6% (n= 18) não informaram. Quando informado sobre o perfil dos cuidadores, 88,9% (n=561) eram familiares, 9,3%(n=59) contratados e 0,4% (n=3) amigos. Conclusões: Percebeu-se que a maioria dos pacientes são completamente ou quase completamente dependentes, possuem assistência domiciliar de cuidadores informais, sendo que a maioria são familiares. À vista disso, esse cenário requer um olhar integral aos sujeitos envolvidos, que podem estar em vulnerabilidade social e de saúde. Os dados da pesquisa norteiam a necessidade de treinamentos do processo de cuidado, para evitar o impacto na qualidade de vida do usuário e do cuidador, já que esse convive muitas vezes com grande carga de exigências da TNED.