O afrouxa-membros me torce, doce-amargo, impossível de resistir

Abstract

Resumo: Na pesquisa aqui apresentada, investiguei as desfigurações que derivam da mancha inscrevendo na matéria suas modificações e intempéries como em um diário no corpo. O corpo, ao debruçar-se sobre outras matérias, os devaneios e as metáforas incubidas no processo artístico e de escrita, busca criar uma presença fora de si mesmo, uma alteridade, como em um parto. O motivo é experienciar os materiais, os objetos, a tinta viscosa e os tecidos com o intuito de descobrir o que a água é capaz de transportar, percorrer, acumular e atravessar - ou não - a partir da permeabilidade erótica das sensações. Para criar uma anatomia do desejo, a dissolução funcionou como uma metáfora para descrever poeticamente a forma que as sensações percorrem a carne, permitindo à ela que se estenda para fora do que seria entendido como sua unidade e rigidez. O objeto de análise é a produção de pinturas, objetos, instalações e assemblages entre os anos de 2019 e 2023 e escritos de diários e devaneios, a fim de refletir sobre os trabalhos realizados por meio de uma análise do processo artístico