Insegurança alimentar, comportamentos relacionados à saúde e ao equilíbrio de energia entre gestantes em acompanhamento pré-natal no sistema único de saúde
Resumo
Resumo: A insegurança alimentar (IA) e seus fatores desencadeantes podem estar relacionados às mudanças nos padrões de vida, como a adoção de diferentes comportamentos relacionados à saúde (CRS) e ao equilíbrio de energia (CREE). Objetivou-se investigar a prevalência de IA e sua associação com a simultaneidade dos CRS, e com os padrões de CREE em gestantes em acompanhamento pré-natal no Sistema Único de Saúde (SUS). Trata-se de um recorte transversal em uma coorte prospectiva com gestantes em acompanhamento pré-natal nas unidades de saúde do SUS (n=24) de Colombo (PR). A coleta de dados ocorreu entre fevereiro de 2018 a junho de 2019, por meio de entrevista com questionário semiestruturado. A IA foi investigada por meio da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar. Os CRS investigados foram: 1) tabagismo 2) consumo de álcool nos últimos 12 meses 3) consumo não regular de fruta, e 4) inatividade física. A simultaneidade de CRS em relação à IA e as variáveis de exposição foi estimada por meio do cálculo de Razão de Prevalência (RP) e intervalos de confiança de 95% (IC95%). Os CREE investigados foram: 1) tempo gasto em atividades físicas (tarefas domésticas, cuidar de outros, esporte/exercício, deslocamento, trabalho remunerado); 2) frequência de consumo de alimentos: frutas, verduras e legumes (FVL), refrigerantes, bebidas adocicadas, doces e guloseimas. Os padrões de distribuição dos CREE foram identificados por meio de análise fatorial, com geração de escores, os quais foram posteriormente investigados em relação à presença de IA leve ou moderada/grave, e ajustados por meio da regressão quantílica. Das 679 gestantes convidadas, 553 (81,5%) aceitaram participar. A prevalência de IA foi de 40,1% (IC95% 36,0%-44,0%), as mulheres com IA apresentaram maiores prevalências de simultaneidade de CRS 1) consumo de álcool e consumo não regular de fruta (7,7%); 2) consumo não regular de fruta e inatividade física (5,5%). A análise fatorial permitiu identificar quatro padrões distintos de CREE entre 484 gestantes: Fator 1) Tarefas domésticas, cuidar de outros, exercício/esporte e inatividade física; Fator 2) FVL; Fator 3) Refrigerante e refresco artificial, doces e guloseimas; Fator 4) Trabalho remunerado e deslocamento. Após análises ajustadas as mulheres com IA leve apresentaram maiores escores para o Fator 1 (B0,21 IC95% 0,07; 0,34). As mulheres com IA moderada/grave apresentaram menores escores para o Fator 2 (B-0,35 IC95% - 0,62; -0,08), os escores aumentaram com a idade (B0,01 IC95% 0,00; 0,01) e a escolaridade (B0,02 IC 95% 0,00; 0,05). Para o Fator 3, os escores diminuíram com a idade (B-0,02 IC 95% -0,03; -0,01), e para o Fator 4 aumentaram com a escolaridade (B0,05 IC 95% 0,03; 0,06). Este estudo sugere que IA está associada à maior prevalência de CRS e padrões de CREE que incluem maiores escores para Fator 1 e menores para Fator 2. Destaca-se importância de atenção ao período do pré-natal, com identificação dos CRS e dos CREE, especialmente entre as mulheres com IA. Abstract: Food insecurity (FI) and its scores may be associated with changes in living standards, such as the admission of different health-related behavior (HRB) and energy balance (EBRB). The objective of this study was to investigate the prevalence of FI and its association with the simultaneous HRB and CREE patterns in pregnant women undergoing prenatal care in the Unified Health System (SUS). This is a cross-sectional questionnaire in a prospective cohort of pregnant women undergoing prenatal care at SUS (n= 24) health units in Colombo (PR). Data collection took place from February 2018 to June 2019 through an interview with a semi-structured. FI was investigated through the Brazilian Food Insecurity Scale. The HRB investigated were: 1) alcohol consumption in the last 12 months 3) non-regular fruit consumption, and 4) physical inactivity. The simultaneity of HRB in relation to FI and as access variables was calculated by confidence interval 95% (95%CI). The EBRB investigated were: 1) time spent in physical activities; 2) frequency of food consumption: fruits, vegetables and legumes (FVL), soft drinks, sugared drinks and candies. The EBRB distribution patterns were analyzed by factor analysis with scores, which were investigated for the presence of moderate/severe levels and adjusted by quantile regression. Of the 679 pregnant women invited, 553 (81.5%) agreed to participate. The prevalence of FI was 40.1% (95% CI 36.0% - 44.0%), women with FI had higher prevalence of simultaneous HRB 1) alcohol consumption and non-regular fruit consumption (7.7%); 2) non-regular fruit consumption and physical inactivity (5.5%). Factor analysis allowed us to identify four distinct EBRB patterns among 484 pregnant women: Factor 1) Housework, taking care of others, exercise/sport and physical inactivity; Factor 2) FVL; Factor 3) soft drinks, sugared drinks and candies; Factor 4) occupational and transportation. After adjusted analyzes, women with mild FI had higher Factor 1 scores (B0.21 95% CI 0.07; 0.34). Women with moderate/severe FI had lower Factor 2 scores (B-0.35 95% CI -0.62; -0.08), scores increased with age (B0.01 95% CI 0.00; 0.01) and education (B0.02 95% CI 0.00; 0.05). For Factor 3, scores decreased with age (B-0.02 95% CI -0.03; -0.01), and for Factor 4 increased with education (B0.05 95% CI 0.03; 0.06). This study suggests that FI is associated with a higher prevalence of HRB and EBRB patterns that include higher Factor 1 scores and lower Factor 2 scores. The importance of attention to the prenatal period is highlighted, with identification of HRB and EBRB, especially among women with FI.
Collections
- Dissertações [100]