Influência da adubação verde no crescimento e sobrevivência de duas espécies florestais nativas em plantio de restauração florestal

Abstract

Resumo : A conservação dos ecossistemas é um dos maiores desafios do desenvolvimento sustentável. A perda significativa de cobertura vegetal se deve, entre outros fatores, ao elevado nível de atividades antrópicas que causam a fragmentação florestal e o isolamento de populações. A restauração florestal busca o restabelecimento de uma área degradada por meio da retomada dos processos naturais até um estado semelhante à sua condição original. Entre as técnicas utilizadas, o plantio consorciado de mudas de espécies florestais nativas em linhas com a semeadura de espécies forrageiras de adubação verde nas entrelinhas do plantio, formando corredores vegetados, promove uma rápida cobertura do solo e a uma gradual recuperação da vegetação nativa. Neste contexto, a presente pesquisa buscou avaliar o crescimento e a sobrevivência de Mimosa scabrella Benth. (bracatinga) e Luehea divaricata Martius & Zucarini (açoita-cavalo) em um plantio consorciado de espécies florestais nativas com adubação verde em uma área de restauração florestal no bioma da Mata Atlântica, na região sul do Brasil. O experimento foi implantado em dezembro de 2019 no projeto Arboreto, no Centro de Estações Experimentais Fazenda Canguiri da Universidade Federal do Paraná (UFPR), localizado no município de Pinhais, região metropolitana de Curitiba - PR. O delineamento utilizado foi de blocos casualizados contendo três tratamentos: plantio convencional (testemunha); consórcio com gramínea Avena strigosa Schieb (aveiapreta) e consórcio com leguminosa Vicia sativa L. (ervilhaca). O espaçamento adotado foi de 3 metros na entrelinha - onde foram semeadas as espécies forrageiras - por 2 metros entre plantas na linha de plantio. Foram medidas a altura, o diâmetro do colo, a projeção de copa e avaliada a sobrevivência. Aos 41 meses, Luehea divaricata apresentou sobrevivência de 100% em todos os tratamentos, já Mimosa scabrella apresentou maior sobrevivência no consórcio com leguminosa (97,22%). As espécies não diferiram em relação ao crescimento tanto em altura quanto em diâmetro do colo nos tratamentos aplicados. Já a projeção de copa foi de 28,42 m² para Mimosa scabrella e 11,39 m² para Luehea divaricata no consórcio com leguminosas, superior em relação aos demais tratamentos. Portanto, o consórcio com leguminosas forrageiras trouxe benefícios para a sobrevivência e desenvolvimento da copa das espécies no período avaliado, demonstrando ser uma técnica aplicável nos projetos de restauração em área degradadas.

Abstract : The ecosystems conservation is one of the major challenge of sustainable development. The significant loss of vegetation cover is due, among other factors, to the high level of anthropic activities that cause forest fragmentation and populations isolation. Forest restoration seeks the reestablishment of a degraded area through the resumption of natural processes to a similar state of its original condition. Among the techniques used, the intercropping of native forest seedlings in rows with the seeding of green manure forage species between the rows of planting, forming vegetated corridors, promotes a rapid soil coverage and a gradual recovery of native vegetation. In this context, the present research sought to evaluate the growth and survival of Mimosa scabrella Benth. (bracatinga) and Luehea divaricata Martius & Zucarini (açoita-cavalo) in a intercropping of native forest species with green manure in a forest restoration area in the Atlantic Forest biome in southern Brazil. The experiment was implemented in December 2019 in the Arboreto project, at the Centro de Estações Experimentais Fazenda Canguiri of the Federal University of Paraná (UFPR), located in the municipality of Pinhais, metropolitan region of Curitiba - PR. A randomized block design with three treatments was used: conventional planting (control); intercropped with forage grasses Avena strigosa Schieb (black oat) and intercropped with forage legumes Vicia sativa L. (vetch). The spacing adopted was 3 meters between the rows - where the forage species were sown - by 2 meters between plants in the planting row. Height, diameter of the stem, crown projection, and survival were measured. At 41 months, Luehea divaricata showed 100% survival in all treatments, while Mimosa scabrella showed higher survival in the intercrop with Vicia sativa (97.22%). The species did not differ with respect to growth in height and diameter of the stem in the treatments applied. The canopy projection was 28.42 m² for Mimosa scabrella and 11.39 m² for Luehea divaricata in the Vicia sativa intercrop, which was higher than in the other treatments. Therefore, the intercropping with forage legumes brought benefits for the survival and canopy development of the species during the period evaluated, proving to be an applicable technique in restoration projects in degraded areas