Avaliação da troponina I de alta sensibilidade como marcador de mortalidade cardiovascular em pacientes portadores de doença renal crônica
Resumo
Resumo: A doença cardiovascular (DCV) é a principal causa de morte de pacientes com doença renal crônica (DRC) e a avaliação de risco cardiovascular (CV) desses pacientes ainda é motivo de debate. Vários estudos têm apontado a troponina como um marcador de mortalidade CV em pacientes com DRC, porém, não há consenso em sua aplicabilidade na prática clínica. Há poucos estudos avaliando ensaios laboratoriais de troponina I de alta sensibilidade (TnI-as) nesse contexto. O objetivo deste estudo foi avaliar a associação entre a elevação sérica da TnI-as e a mortalidade CV e geral em uma coorte de pacientes portadores de DRC estágio 3 a 5 ao longo de 5 anos. Metodologia: foram avaliados TnI-as, parâmetros clínicos, marcadores inflamatórios (proteína C reativa; fator de necrose tumoral alfa, interleucina -6), de calcificação vascular (osteoprotegerina [OPG]), do metabolismo do cálcio-fósforo (fetuína) e marcadores ecocardiográficos (fração de ejeção, índice de massa cardíaca e disfunção diastólica) de 145 pacientes com DRC estágios 3-5 que foram seguidos por até 66 meses para análise de sobrevida. A associação de TnI-as com mortalidade CV e geral foi estabelecida utilizando curvas de Kaplan-Meier. O valor de corte de TnI-as que estabeleceu maior risco de mortalidade foi estabelecido a partir da curva ROC. Análise multivariada para mortalidade foi realizada a partir de modelos de regressão de Cox. Resultados: o valor de corte de TnI-as para mortalidade CV e geral foi 0.057 ng/ml. Pacientes com níveis elevados de troponina apresentaram maior risco de mortalidade CV e geral. Na análise multivariada, a elevação da TnI-as foi um marcador independente de mortalidade CV mesmo quando sexo, idade, DCV prévia, diabetes melitus (DM), diálise, alterações ecocardiográficas e níveis elevados de OPG foram incluídos no modelo de análise (razão de risco 12.8 (95% IC 1.56-105.08), p=0.018) Conclusão: A TnI-as se mostrou um marcador independente de mortalidade CV em pacientes com DRC (3-5) podendo ser utilizada como um parâmetro laboratorial para estratificação de risco CV em pacientes portadores de DRC. Abstract: Cardiovascular disease (CVD) is the most important cause of death among chronic kidney disease (CKD) patients. However, the prognostic evaluation of cardiovascular (CV) risk in CKD patients is not well established. Despite previous reports of troponin as a prognosticator of CVD mortality in CKD patients, there is no consensus on its applicability in clinical practice. Moreover, studies on highsensitivity troponin I (hsTnI) in this context are scarce. We evaluated the association between hsTnI and cardiovascular and overall mortality among CKD patients to define higher CV-risk patients in this population. Methods. 145 patients with CKD stages 3 to 5 underwent measurements of hsTnI, inflammatory (C-reative protein, interleukine-6, tumor necrosis factor alfa), calcium-phosphorus metabolism (fetuin), vascular calcification (osteoprotegerin) and echocardiographic parameters (diastolic dysfunction, cardiac mass index, ejection fraction) who were subsequently followed for up to 66 months for survival analysis. The association of hsTnI with CV and overall mortality risk was established using Kaplan-Meier curves. The cutoff value of hsTnI as a predictor of CV and overall mortality was defined using ROC curve analysis. Multivariate analysis for CV and overall mortality was done using Cox regression models. Results. The cutoff value of hsTnI for overall and CV mortality was 0.057 ng/ml. Patients with higher levels of hsTnI had higher CV and overall mortality. In multivariate analysis, higher hsTnI was a marker of increased CV mortality risk (hazard ratio 12.8 (95%CI 1.56-105.08), p=0.018), independent of age, sex, previous CVD, diabetes and dialysis, echocardiographic findings and osteoprotegerin plasma levels. Conclusion. The finding that hsTnI is an independent marker of CV mortality in CKD patients at stages 3 to 5 suggests that hsTnI may serve as a potential marker in CV risk stratification in this patient population.
Collections
- Dissertações [149]