A luta por reconhecimento de Axel Honneth : influências, críticas e questionamentos
Resumo
Resumo: O tema central desta dissertação é a análise da obra Luta por Reconhecimento (Kampf um Anerkennung, 1992) do filósofo Axel Honneth. Sobretudo, a discussão de alguns problemas conceituais que ela carrega: a teoria do reconhecimento, destaque central do livro, possui a capacidade de englobar todas as realidades do mundo ou, pelo menos, da maioria? Pode ela oferecer uma superação da metafísica diante do conhecimento contemporâneo? Está sujeita ao perigo de se tornar uma forma de culturalismo reducionista? Neste livro, o autor, uma das figuras mais renomadas da terceira geração da Escola de Frankfurt, levanta a importância das relações interpessoais na formação da identidade individual e coletiva de uma sociedade. Para ele, a interação de tensões e conflitos entre indivíduos e grupos cria uma narrativa complexa que molda simbolicamente nossa percepção sobre os conceitos de igualdade e reconhecimento em três esferas: amor, direito e solidariedade. Eis um sistema que ilustra o processo de socialização e sujeitificação do ser humano através de três diferentes etapas de reconhecimento, que são explicadas pela psicanálise, pela antropologia e por alguns eventos históricos da humanidade. No primeiro capítulo, abordaremos os primórdios dessa teoria normativa de sociedade, explorando os escritos de Hegel durante seu período em Jena (1800-1806), uma fase que Honneth critica como sendo "mais metafísica do que deveria ser". O segundo capítulo analisará a transcrição das aulas de George H. Mead sobre o behaviorismo social. Esses serão os temas discutidos nos dois primeiros capítulos da dissertação: delinear a reinterpretação dos termos mais abstratos, como reconhecimento-de-si, autoconsciência e autorrelação, desde suas formas conceituais até uma abordagem fenomenológica empiricamente controlada que incorpora autênticas manifestações de reconhecimento. No terceiro capítulo, destacaremos as relações de reconhecimento, revisitando a aplicação de Honneth da teoria psicanalítica das relações objetais do pediatra Donald W. Winnicott e a teoria do respeito cognitivo de Stephen L. Darwall. O quarto capítulo dedicar-se-á a explorar a outra face desse quadro: os maus-tratos, a negligência, a violação, a privação de direitos e a degradação social e cultural. O quinto e último capítulo submeterá o pensamento de Honneth a uma análise crítica, examinando as problemáticas centrais da obra. Abstract: The central theme of this dissertation is the analysis of the work The Struggle for Recognition (Kampf um Anerkennung, 1992) by philosopher Axel Honneth. Primarily, the examination of certain conceptual issues it carries: does the theory of recognition, a central focus of the book, has the capacity to encompass all realities of the world or, at least, the majority? Can it provide a transcendence of metaphysics in the face of contemporary knowledge? Is it susceptible to the danger of becoming a form of reductionist culturalism? In this book, the author, one of the most renowned figures of the third generation of the Frankfurt School, emphasizes the significance of interpersonal relationships in shaping the individual and collective identity of a society. According to him, the interaction of tensions and conflicts among individuals and groups creates a complex narrative that symbolically shapes our perception of concepts such as equality and recognition in three spheres: love, law, and solidarity. This system illustrates the process of socialization and subjectification of the human being through three distinct stages of recognition, explained by psychoanalysis, anthropology, and certain historical events of humanity. In the first chapter, we will delve into the origins of this normative theory of society, exploring the writings of Hegel during his time in Jena (1800-1806), a phase criticized by Honneth as being "more metaphysical than it should be". The second chapter will analyze the transcription of George H. Mead's lectures on social behaviorism. These will be the topics discussed in the first two chapters of the dissertation: outlining the reinterpretation of abstract terms such as self-recognition, self-awareness, and self-relation, from their conceptual forms to an empirically controlled phenomenological approach that incorporates authentic manifestations of recognition. In the third chapter, we will highlight recognition relationships, revisiting Honneth’s application of pediatrician Donald W. Winnicott's psychoanalytic theory of object relations and Stephen L. Darwall’s theory of cognitive respect. The fourth chapter will explore the other side of this framework: mistreatment, neglection, violation, deprivation of rights, and social and cultural degradation. The fifth and final chapter will subject Honneth’s thought to critical analysis, examining the central issues of the work.
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