Quem non nisi sancti atque perfecti : santidade e autoridade na Britannia de Gildas (s. VI d.C)
Resumo
Resumo: A região da Britannia na Antiguidade Clássica e Tardia foi por muito tempo vista como isolada devido ao seu caráter insular e como parte de uma periferia da civilização romana. Isto se deve a tradições historiográficas que buscavam, em sua maioria, encontrar no passado uma legitimação para os ideais de suas próprias épocas. Nesse sentido, são necessárias novas formas de pensar a Ilha, para que compreendamos o seu passado por uma perspectiva mais complexa e que leve em consideração tanto a participação dos habitantes da Britannia no contexto mais geral da Antiguidade Tardia, quanto como agentes de suas próprias histórias e possuídores de suas próprias idiossincrasias. Para analisarmos a Ilha entre os séculos V e VI d.C., uma das fontes indispensáveis é a De Excidio Britannia, uma epístola escrita pelo clérigo Gildas. Este é autor de uma das únicas narrativas escritas na Britannia e sobre a mesma nesse período pós-romano. Nessa obra, ele se dedica a criticar figuras de autoridade tanto no âmbito secular como no eclesiástico, questionando o comportamento de reis, mas também de bispos e outros sacerdotes. Além disso, uma das bases para o seu descontentamento com esses indivíduos é a falta de santidade na meneira como estes têm vivido. Nesse sentido, acreditamos que os temas de autoridade e santidade são importantes para a narrativa gildasiana e merecem nossa atenção. Portanto, um dos objetivos principais deste trabalho é o de analisar essas duas categorias, de autoridade e santidade, no contexto da Britannia tardo-antiga, mais especificamente, no século VI d.C.. Com essa análise, buscamos além de continuar aprofundando nossa compreensão desse contexto, também explorar as ideias e concepções que Gildas possuía sobre o seu próprio mundo, não como um indívidio isolado e insular, mas como alguém que vivia em um contexto muito mais complexo. Abstract: The region of Britannia in Classical and Late Antiquity was long seen as isolated due to its insular character and as part of a periphery of Roman civilization. This is due to historiographical traditions that sought, for the most part, to find in the past a legitimation for the ideals of their time. In this sense, new ways of thinking about the Island are needed, so that we understand its past from a more complex perspective that takes into account both the participation of the inhabitants of Britannia in the more general context of Late Antiquity, as agents of their own histories and possessors of their own idiosyncrasies. To analyze the Island between the 5th and 6th centuries AD, one of the indispensable sources is De Excidio Britannia, an epistle written by the cleric Gildas. This is the author of one of the only narratives written in and about Britannia in this post-Roman period. In this work, he is dedicated to criticizing authority figures both in the secular and in the ecclesiastical spheres, questioning the behavior of kings, but also of bishops and other priests. Furthermore, one of the grounds for his displeasure with these individuals is the lack of holiness in the way they have lived. In this sense, we believe that the themes of authority and sanctity are important to the Gildasian narrative and deserve our attention. Therefore, one of the main objectives of this work is to analyze these two categories, of authority and sanctity, in the context of late-antique Britannia, more specifically, in the 6th century AD. With this analysis, in addition to continuing to deepen our understanding of this context, we also sought to explore the ideas and conceptions that Gildas had about his own world, not as an isolated and insular individual, but as someone who lived in a much more complex context.
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- Teses [157]