Arquitetura estratigráfica e origem de unidades reservatório do Grupo Itararé, permocarbonífero da bacia do Paraná
Resumo
Resumo: Há décadas, a Bacia do Paraná, que abrange o território central e sul do Brasil, além de parte do Uruguai, Argentina e Paraguai, é alvo de interesse com relação ao seu potencial exploratório. Porém, sua grande extensão territorial (aproximadamente 1.600.000 km²) e, os espessos derrames magmáticos cenozoicos que recobrem seu registro sedimentar, dificultam a aquisição e qualidade de dados tanto diretos como indiretos (perfilagem geofísica, aquisição de testemunhos e dados sísmicos, por exemplo). Sendo assim, o uso de análogos aflorantes se torna uma ferramenta interessante na caracterização litoestratigráfica da bacia e no reconhecimento da evolução da sedimentação ao longo da mesma, conhecimento fundamental para a identificação de possíveis plays exploratórios. Baseando-se nisso, esse trabalho caracteriza duas unidades arenosas aflorantes do Grupo Itararé (Permocarbonífero), conhecidas informalmente como Lapa e Pedra Alta, visando identificar semelhanças e diferenças acerca da arquitetura deposicional e evolução da sedimentação em cada uma delas. Além disso, são feitas inferências sobre o potencial exploratório desses sistemas, comparando-os a sistemas semelhantes em outras regiões do mundo. Tanto o arenito Lapa, quanto o arenito Pedra Alta, afloram no município de Lapa (PR), que dista aproximadamente 70 km de Curitiba, porém, estratigraficamente, o arenito Lapa é mais antigo. Partiu-se da hipótese de que ambos fossem corpos arenosos confinados, geometricamente canalizados, que teriam se formado em condições bastante parecidas e que, portanto, apresentariam uma coluna estratigráfica bastante semelhante. Isso porquê trabalhos anteriores a respeito do arenito Lapa o apontavam como um sistema confinado e canalizado (depositado sobre discordância) e, as escassas informações sobre o arenito Pedra Alta indicavam que haviam semelhanças, ao menos litológicas, entre os dois. Outra questão abordada é a origem do paleovale sobre o qual o arenito Lapa foi depositado, visto que diferentes interpretações foram sugeridas. Sucessões arenosas depositadas em bacias glaciadas, como é o caso dos arenitos do Grupo Itararé, constituem importantes reservatórios de petróleo, havendo acumulações conhecidas, por exemplo, no Ordoviciano do norte da África e Oriente Médio; no Permo-Carbonífero da Austrália, Oman, América do Sul; e no Pleistoceno do norte da Europa. Nessas bacias, arenitos ocorrem comumente na forma de depósitos confinados em paleovales, interpretados como preenchimento de incisões subglaciais do tipo tunnel-valley e, portanto, essa foi a hipótese inicialmente considerada para explicar a origem da incisão sobre a qual o arenito Lapa se depositou. Abstract: The Paraná Basin, which covers the central and southern portions of Brazil, as well as part of Uruguay, Argentina and Paraguay, has been focus of study due to its exploratory potential. However, due to its large territorial extension (approximately 1,600,000 km²) and the thick Cenozoic magmatic spills that cover its sedimentary record, the acquisition of both direct and indirect data with good quality (well log and seismic data, for example) is hard. Therefore, the use of outcrop analogues becomes an interesting tool in the lithostratigraphic characterization of the basin and in the recognition of the evolution of its sedimentation, fundamental knowledge for the identification of possible exploratory plays. Based on this, this work characterizes two sandy outcropping units of the Itararé Group (Permocarboniferous), informally known as Lapa and Pedra Alta, in order to identify similarities and differences about the depositional architecture and evolution of sedimentation in each one. In addition, inferences are made about the exploratory potential of these systems, comparing them to similar systems in other regions of the world. Both the Lapa sandstone and the Pedra Alta sandstone occur in the county of Lapa (PR), approximately 70 km west from Curitiba, however the Lapa sandstone is older than Pedra Alta sandstone. Initially it was considered that both units were confined, geometrically channeled sandy bodies that would have formed in very similar conditions and would therefore have a very similar stratigraphic column. This is based on previous work on the Lapa sandstone where it was described as a confined and channelized system (deposited on discordance), and on the scarce information about the Pedra Alta sandstone, which indicated that there were similarities, at least lithological, between the units. Another discussed issue is the origin of the paleovalley on which the Lapa sandstone was deposited, since different interpretations were previously suggested. Sandy successions deposited in glaciated basins, such as the sandstones of the Itararé Group, constitute important oil reservoirs, with accumulations known, for example, in the Ordovician of North Africa and the Middle East; in the Permo-Carboniferous of Australia, Oman, South America; and in the Pleistocene of northern Europe. In these basins, sandstones commonly occur in the form of paleovalley confined deposits, interpreted as tunnel-valley subglacial incisions. Therefore, this was the hypothesis initially considered to explain the origin of the incision on which the Lapa sandstone was deposited.
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