Jaime I o Conquistador e as relações sociopolíticas na Coroa de Aragão (1208-1276)

Abstract

Resumo: O presente estudo tem como foco de investigação o longínquo reinado de Jaime I de Aragão, o Conquistador, que se estendeu por mais de seis décadas e foi assinalado por uma série de eventos de natureza política, como disputas pelo poder, insurreições do estamento nobiliárquico, campanhas militares, matrimônios, além de acordos e alianças construídas no âmbito da política interna e externa da Coroa. Tal miríade de acontecimentos demandaram por parte da monarquia aragonesa uma delicada atuação na articulação das relações sociopolíticas com a sociedade política catalano-aragonesa, nominalmente a alta nobreza, cuja influência na governação tornava seu apoio fundamental para a consecução das ações conduzidas por Jaime I no decorrer do seu reinado. Sendo assim, o objetivo principal desta pesquisa centra-se em analisar como Jaime I atuou na condução das relações sociopolíticas em suas vinculações internas com a sociedade política catalã e aragonesa, notadamente a nobreza, no decurso dos principais eventos políticos assinalados durante o seu reinado. Para tal propósito, recorremos à análise crítica de uma diversidade de fontes documentais constantes na Real Chancelaria Régia de Jaime I de Aragão, abrangendo atas de Cortes, cartas de arras, doações de fortalezas, tratados, bulas papais, testamentos, entre outros, além da crônica régia "O Livro dos Feitos de D. Jaime I de Aragão", intercruzando as informações que trazem entre si e relacionando-as com as discussões desenvolvidas pela historiografia especializada. Ao atingir o objetivo estabelecido, os resultados evidenciaram que a atuação de Jaime I diante da intrincada rede de relações sociopolíticas e de poder estabelecidas em suas conexões com a sociedade política catalã e aragonesa, delineou-se a partir da compreensão de que o exercício do poder nesse contexto se configurava de forma compartilhada por meio de uma concepção pactual. Dito de outra forma, o rei não governava em uma perspectiva unilateral, uma vez que a alta nobreza exercia um peso político fundamental na esfera governativa, sendo que a percepção de tal dinâmica por parte de Jaime I se constituía como o fio condutor estratégico para a execução das principais linhas de ação desenvolvidas ao longo do seu reinado.

Abstract: The present study focuses on the distant reign of Jaime I of Aragon, the Conqueror, which spanned over six decades and was marked by a series of political events such as power disputes, uprisings of the noble estate, military campaigns, marriages, as well as agreements and alliances built within the internal and external politics of the Crown. This myriad of events required delicate involvement from the aragonese monarchy in the articulation of sociopolitical relations with the catalan-aragonese political society, notably the high nobility, whose influence in governance was crucial for the accomplishment of actions led by James I throughout his reign. Therefore, the main objective of this research is to analyze how James I operated in the management of sociopolitical relations in his internal connections with the Catalan and Aragonese political society, especially the nobility, during the main political events marked during his reign. For this purpose, we resort to the critical analysis of a variety of documentary sources from the Royal Chancellery of Jaime I of Aragon, including Cortes records, dowry letters, fortress donations, treaties, papal bulls, wills, among others, as well as the royal chronicle "The Book of Done of King Jaime I of Aragon", cross-referencing the information they provide and relating it to the discussions developed by specialized historiography. Upon achieving the established objective, the results highlighted that Jaime I's actions in the intricate network of sociopolitical and power relations established in his connections with the catalan and aragonese political society were shaped by the understanding that the exercise of power in this context took on a shared form through a pact-based conception. In other words, the king did not rule from a unilateral perspective, as the high nobility exerted a fundamental political weight in the governing sphere, and Jaime I's perception of this dynamic served as the strategic guiding thread for the execution of the main lines of action developed throughout his reign.