Avaliação do perfil epidemiológico dos nacidos vivos no Brasil antes e durante a pandemia da COVID-19

Abstract

Resumo : A COVID-19, doença causada pelo vírus SARS-CoV-2, foi declarada como pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em março de 2020, impactando a saúde brasileira. Relacionado à saúde materno-infantil, há evidências dos efeitos adversos da doença sobre a gestação, parto e recém-nascido, além dos impactos indiretos causados pelas medidas restritivas associadas à pandemia. Objetivo: avaliar as características clínicas e sociodemográficas dos nascidos vivos no Brasil antes e durante a pandemia da COVID-19. Metodologia: foi realizado um estudo ecológico e observacional retrospectivo de abordagem qualitativa. Foram analisados os dados de nascidos vivos, comparando-os em dois períodos: prépandêmico (maio de 2018 a fevereiro de 2020) e pandêmico (março de 2020 a dezembro e 2021). As informações foram retiradas do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) e tabeladas no Excel®, que também foi utilizado para o teste qui-quadrado. O risco relativo e intervalo de confiança foram obtidos a partir do site MedCalc®. Resultados e Discussão: foram analisados dados de 10.190.417 nascidos vivos entre os dois momentos estabelecidos. Houve pequeno aumento na incidência de mães de idade avançada (0,4%), solteiras (3,1%), parto cesariano (0,9%) e prematuros (0,1%) durante o período pandêmico. Anomalias congênitas, APGAR e peso ao nascer não apresentaram diferenças estatisticamente significativas. Estudos realizados em países com realidades socioeconômicas diferentes demonstraram resultados divergentes em relação às variáveis estudadas, como por exemplo o aumento pouco maior de 2% encontrado na taxa de bebês com baixo peso ao nascer descrito no Uruguai. Considerações finais: De maneira geral, o impacto da pandemia não alterou substancialmente o acesso de gestantes ao cuidado pré-natal, nem parâmetros neonatais importantes. No entanto, mesmo com alterações modestas, é necessário cuidado na interpretação dos resultados aqui relatados. Pesquisas mais aprimoradas são necessárias para elucidação de outros efeitos da pandemia da COVID-19 associados à saúde materno-infantil brasileira

Abstract : COVID-19, a disease caused by the SARS-CoV-2 virus, was declared a pandemic by the World Health Organization (WHO) in March 2020, impacting Brazilian health. Related to maternal and child health, there is evidence of the adverse effects of the disease on pregnancy, childbirth and the newborn, in addition to the indirect impacts caused by the restrictive measures associated with the pandemic. Objective: to evaluate the clinical and sociodemographic characteristics of live births in Brazil before and during the COVID-19 pandemic. Methodology: a retrospective ecological and observational study with a qualitative approach was carried out. Data on live births were analyzed, comparing them in two periods: pre-pandemic (May 2018 to February 2020) and pandemic (March 2020 to December and 2021). Information was taken from Information System on Live Births (SINASC) and tabulated in Excel®, which was also used for the chi-square test. Relative risk and confidence intervals were obtained from the MedCalc® website. Results and Discussion: Data from 10,190,417 live births between the two established moments were analyzed. There was a small increase in the incidence of elderly (0,4%), single (3,1%), cesarean delivery (0,9%) and premature (0,1%) mothers during the pandemic period. Congenital anomalies, APGAR and birth weight did not show statistically significant differences. Studies carried out in countries with different socioeconomic realities have shown divergent results in relation to the variables studied, such as the increase of slightly more than 2% found in the rate of babies with low birth weight described in Uruguay. Final considerations: In general, the impact of the pandemic did not substantially change pregnant women's access to prenatal care, nor important neonatal parameters. However, even with modest changes, caution is needed in interpreting the results reported here. More improved research is needed to elucidate other effects of the COVID-19 pandemic associated with Brazilian maternal and child health