Como a imprensa televisiva fecha espaços para negros no Brasil : a baixa representatividade racial no horário nobre da informação
Resumo
Resumo: A presente pesquisa discute o desequilíbrio na representatividade entre pessoas brancas e pessoas negras como fontes no jornalismo brasileiro. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que negros (pretos e pardos) representam 56 % dos brasileiros (2022). A questão que se coloca é por que, nos telejornais, esse grupo aparece sub representado. O caminho para comprovação desta realidade e as discussões que suscita foram buscados a partir do principal telejornal brasileiro, o Jornal Nacional, da Rede Globo, escolhido por ser o mais antigo, de maior audiência, e servir de modelo para outras produções jornalísticas. A avaliação compreendeu mais de 200 edições, com a classificação pela cor da pele, de todas as pessoas que deram entrevista; e também um levantamento de quantas delas eram fontes qualificadas. O resultado da pesquisa aponta, na melhor das hipóteses, uma pessoa negra para cada 4 entrevistados, isso em um dos 8 meses pesquisados. No pior mês de representatividade, os negros não chegaram a 12%. Os números são ainda mais desfavoráveis quando se trata de fontes qualificadas. Fontes jurídicas, empresariais e governamentais negras não chegaram a 3% no período da pesquisa. Também fazem parte do estudo uma entrevista semiestruturada com pesquisadores negros de áreas diferentes, comentando a percepção que têm do telejornalismo; uma pesquisa feita com produtores de televisão sobre a presença de pessoas negras entre suas fontes, e um questionário enviado ao editor chefe do JN, com questões que tratam como o telejornal trabalha a representatividade. Entre os autores que balizaram a pesquisa estão nomes como Martín-Barbero e Néstor Garcia Canclini, estudiosos dos efeitos da produção de TV na audiência; Laurence Bardin pelo seu trabalho com pesquisas quantitativas e qualitativas; Muniz Sodré, Sílvio Almeida, Djamila Ribeiro, pelos estudos contemporâneos sobre racismo no Brasil; Umberto Eco pelas suas abordagens sempre atuais da TV; Lélia Gonzalez, Angela Davise Patrícia Hill Collins e seus conceitos sobre interseccionalidade; Cida Bento e sua defesa pela inclusão negra em todas as áreas. Percebam que entre os estudiosos a maior parte é formada por negros, muitas vezes invisibilizados em pesquisas científicas. Abstract: This research discusses the imbalance in representation between white people and black people as sources in Brazilian journalism. The IBGE (Brazilian Institute of Geography and Statistics) points out that blacks (black and brown) represent 56% of Brazilians (2022). The question that arises is why, in television news, this group appears underrepresented. The way to prove this reality and the discussions it raises were sought from the main Brazilian newscast, Jornal Nacional, from Rede Globo, chosen because it is the oldest, with the largest audience, and serves as a model for other journalistic productions. The evaluation comprised more than 200 editions, with the classification by skin color of all the people who gave an interview; and also a survey of how many of them were specialist sources. The result of the research indicates, at best, one black person for every 4 interviewees, this in one of the 8 months surveyed. In the worst month of representativeness, blacks did not reach 12%. The numbers are even more unfavorable when it comes to qualified sources. Black legal, business and government sources did not reach 3% in the survey period. Also part of the study are a semi-structured interview with black researchers from different areas, commenting on their perception of tv journalism; a survey carried out with television producers about the presence of black people among their sources, and a questionnaire sent to the chief editor of JN, with questions that deal with how the television news works with representativeness. Among the authors who guided the research are names such as Martín-Barbero and Néstor Garcia Canclini, who study the effects of TV production on the audience; Laurence Bardin for his work with quantitative and qualitative research; Muniz Sodré, Sílvio Almeida, Djamila Ribeiro, for contemporary studies on racism in Brazil; Umberto Eco for his always up-to-date approaches to TV; Lélia Gonzalez, Angela Davis and Patricia Hill Collins and their concepts of intersectionality; Cida Bento and her defense for black inclusion in all areas. Realize that among scholars most are made up of black people, oftem made invisible in scientiric research.
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