Aplicação clínica do neurofeedback utilizando o ritmo sensitivo motor: revisão sistemática com metanálise

Abstract

Resumo: O avanço das tecnologias tem possibilitado reflexões sobre estratégias de reabilitação baseadas na interface cérebro-máquina (BCI), dentre as utilizadas, encontra-se o neurofeedback, técnica baseada no condicionamento operante, cujo foco encontra-se no treino do paciente para desenvolver o controle voluntário do controle neural. Desta forma, o objetivo do presente estudo foi avaliar de forma sistemática as diferentes aplicações clínicas do neurofeedback com base no ritmo sensitivo motor. Foram realizadas buscas em plataformas pré-selecionadas Pubmed; PsyArXiv; IEEEXplore; Arxiv; MedRxiv e Open Science Framework. Resultando em um total de 394 artigos, também foram recuperados artigos de referências com potencialidade relevante a ser analisada. Após a exclusão dos itens duplicados pelo sistema Zotero, obteve-se um total de 388 itens que foram triados por três avaliadores através da leitura do título e resumos e por consenso foram excluídos 286 artigos que não atendiam aos critérios de inclusão. Após a etapa de análise de elegibilidade dos artigos, foram analisados 44 artigos na íntegra para verificação da possibilidade de uma meta-análise. Dos 44 artigos selecionados, 27 estudos eram de voltados a casos de Acidente Vascular Encefálico (AVE), 4 de fibromialgia, 2 de insônia, 3 de tetraplegia e paraplegia, 2 de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), 1 de Comprometimento Cognitivo Leve (CCL), 2 de Lesão medular, 2 de esclerose múltipla e 1 de Amputação do Membro Inferior. Foi possível verificar um aumento considerável no número de publicações ao longo dos anos, no qual em 2010 ocorreram duas publicações variando até o ano de 2021 para 6 artigos. Um ponto importante a ser considerado encontra-se no fato de que embora exista variados tipos de patologias que apresentem uso do ritmo sensitivo motor como protocolo de intervenção e que relatam melhoras significativas, é notável o reduzido número de participantes entre as amostras. Observa-se uma diferença de taxa entre os artigos de 55,5% de análise de cálculo amostral como procedimento para justificativa do tamanho da amostra, além de um pequeno número de estudos duplo-cegos (8,8 % dos estudos). Os resultados da análise estatística apontou que embora estiveram presentes pesquisas relacionadas a diferentes doenças, foi possível ser realizada a comparação apenas das publicações de Acidente Vascular Encefálico e Fibromialgia, sendo possível perceber que os pacientes com AVE não se beneficiaram mais das intervenções de neurofeedback quando comparados a outras terapias (0,31, IC 95% 0,03 - 0,60, p = 0,03), e não houve presença de heterogeneidade significativa entre os estudos de AVE, sendo classificados como moderado I² = 46 % p-valor=0,06, no entanto, os estudos de Fibromialgia apresentaram, pela análise quantitativa, maior benefício para o grupo que utilizou o neurofeedback (-0,73, IC 95% -1,22 - -0,24, p = 0,001. A análise entre os grupos não foram observadas diferenças significativas entre as intervenções com neurofeedback e terapia padrão (0,05, IC 95%, -0,20 - 0,30, p = 0,69), com a presença de heterogeneidade substancial I² = 92,2%, p-valor <0,001. Desta forma, observa-se a importância do desenvolvimento de estudos que contemplem um (N) amostral significativo para reafirmar os efeitos positivos das intervenções, a presença de padronização dos protocolos utilizados, assim como estudos que realizem o acompanhamento dos pacientes após as intervenções visando avaliar a presença de resultados positivos a longo prazo.

Abstract: The advancement of technologies has enabled thoughts on rehabilitation strategies adopted in the brain-machine interface (BCI), among those used, there is neurofeedback, a technique based on operant conditioning, whose focus is on training the patient to develop voluntary control of neural control. Thus, the aim of the present study was to systematically evaluate the different clinical applications of neurofeedback based on sensory motor rhythm. Searches were carried out on preselected Pubmed platforms; PsyArXiv; IEEEXplore; Arxiv; MedRxiv and Open Science Framework. Resulting in a total of 394 articles, reference articles with relevant potential to be investigated were also retrieved. After excluding duplicate items by the Zotero system, a total of 388 items were obtained, which were screened by three evaluators by reading the title and abstracts and by consensus, 286 articles were excluded that did not meet the inclusion criteria. After the article eligibility analysis step, 44 articles were analyzed in full to verify the possibility of a metaanalysis. Of the 44 articles selected, 27 studies were focused on cases of cerebrovascular accident (CVA), 4 on fibromyalgia, 2 on insomnia, 3 on quadriplegia and paraplegia, 2 on Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD), 1 on Mild Cognitive (CCL), 2 for Spinal Cord Injury, 2 for Multiple Sclerosis and 1 for Lower Limb Amputation. It was possible to verify a considerable increase in the number of publications over the years, in which in 2010 there were two publications ranging up to the year 2021 to 6 articles. An important point to be considered is the fact that, although there are several types of pathologies that present the use of sensory-motor rhythm as an intervention protocol and that report significant improvements, the reduced number of participants among the samples is remarkable. There is a difference in the rate between the articles of 55.5% of sample calculation analysis as a procedure for justifying the sample size, in addition to a small number of doubleblind studies (8.8% of the studies). The results of the statistical analysis pointed out that although researches related to different diseases were present, it was possible to compare only the publications of Encephalic Vascular Accident and Fibromyalgia, being possible to perceive that patients with stroke did not benefit more from neurofeedback interventions when compared to other therapies (0.31, 95% CI 0.03 - 0.60, p = 0.03), and there was no significant heterogeneity between stroke studies, being classified as moderate I² = 46% p-value =0.06, however, the Fibromyalgia studies showed, by quantitative analysis, greater benefit for the group that used neurofeedback (-0.73, 95% CI -1.22 - 0.24, p = 0.001). The between-group analysis showed no significant differences between interventions with neurofeedback and standard therapy (0.05, 95% CI, -0.20 - 0.30, p = 0.69), with the presence of substantial heterogeneity I² = 92.2%, p-value <0.001. In this way, it is observed the importance of developing studies that include a (N) significant sample to reaffirm the positive effects of the interventions, the presence of standardization of the protocols used, as well as studies that carry out the follow-up of the patients after the interventions, aiming to evaluate the presence of long-term positive results.