Resiliência financeira e responsabilidade social corporativa
Resumo
Resumo: A presente pesquisa teve como objetivo analisar os efeitos da relação entre resiliência financeira e o valor de empresa, moderados pelo ESG Score, em período de enfrentamento de evento inesperado para empresas brasileiras de capital aberto. Nesse estudo, a resiliência financeira foi considerada como a capacidade das organizações em resistir e se adaptar aos efeitos de um evento adverso, de uma ruptura ou de um choque inesperado. Apesar de interrupções internas ou externas (sudden stops), uma organização resiliente financeiramente pode manter suas funções ou então, responder essa ruptura, retornando ao seu estado original ou se mover para um estado novo mais considerável. Fundamentada nesses constructos, elaborei métricas quantitativas financeiras que representassem idoneamente cada construto com a finalidade de abordar de modo integral os aspectos que estruturam a resiliência financeira. Por meio dos resultados provenientes das métricas quantitativas, as observações foram classificadas em quintis, e posteriormente qualificadas em três níveis de resiliência financeira, reduzida, moderada e forte. Na segunda etapa, utilizei o método da regressão logit multinomial para avaliar a relação entre cada nível de resiliência financeira e suas cinco dimensões (robustez, capacidade antecipatória, conscientização, flexibilidade e capacidade de recuperação). A predição do modelo obtida para as três categorias qualitativas de resiliência financeira demonstrou uma probabilidade de 86,63% para a categoria reduzida, 71,14% para a moderada e 79,67% para a categoria forte; refletindose em uma acurácia geral de 76,06%. A terceira etapa foi o ponto fundamental dessa tese, pois investigou os efeitos moderadores do ESG score na relação entre valor de mercado e os três níveis de resiliência financeira. Por meio da regressão multivariada de dados longitudinais sob o estimador de efeitos fixos robustos, os achados desse estudo revelaram que os efeitos moderadores do ESG Score intensificaram a relação entre a resiliência financeira e o valor de mercado da empresa até determinado ponto de investimento nas práticas de ESG. Sendo que a intensidade maior ocorreu para as empresas resilientes moderadamente, seguido das empresas com resiliência reduzida e por último as empresas de nível forte para resiliência financeira. No entanto, o efeito positivo ocorreu com os níveis reduzido e moderado de resiliência financeira, enquanto para o nível forte o efeito foi negativo. Esse achado revelou que há um ponto optimal para o investimento em ESG, e que uma vez superado esse ponto os custos adicionais se tornaram mais altos que os benefícios do investimento. A presença de uma relação inversa entre resiliência financeira forte e o valor de mercado quando moderado pelo desempenho do índice de ESG envolve uma situação de trade-off perante dois objetivos. Por um lado, as ações gerenciais que buscam tornar as organizações resilientes financeiramente perante a eventos inesperados a fim de garantir a continuidade das operações e a criação de valor da empresa, de outro o investimento adequado necessário para o desempenho do índice de ESG ancorado nas práticas ambientais, sociais e de governança. A gestão desse trade-off é uma função que requer uma estratégia dinâmica. As principais contribuições desse estudo são a construção teórica-empírica do índice de resiliência financeira em três níveis de intensidade envolvendo métricas quantitativas relacionadas aos construtos das dimensões de resiliência e a demonstração de que os investimentos em ESG Score auxiliam as empresas no enfrentamento de adversidades e choques inesperados ao intensificar as ações financeiras resilientes das empresas. Contudo, as empresas consideradas de nível forte em resiliência financeira necessitam observar que os custos envolvidos no desempenho do ESG score não superem seus benefícios a ponto de reduzir o nível forte de resiliência e o valor da empresa. Abstract: The present research aimed to analyze the effects of the relationship between financial resilience and company value, moderated by the ESG Score, when facing an unexpected event for publicly traded Brazilian companies. In this study, financial resilience was considered as the ability of organizations to resist and adapt to the effects of an adverse event, disruption, or unexpected shock. Despite internal or external interruptions (sudden stops), a financially resilient organization can maintain its functions or respond to this disruption by returning to its original state or moving to a new, more considerable state. Based on these constructs, I developed quantitative financial metrics that adequately represented each construct to address the aspects that structure financial resilience comprehensively. Using the results from quantitative metrics, observations were classified into quintiles and subsequently classified into three levels of financial resilience: reduced, moderate, and strong. In the second stage, I used the multinomial logit regression method to evaluate the relationship between each level of financial resilience and its five dimensions (robustness, anticipatory capacity, awareness, flexibility, and recovery capacity). The model prediction obtained for the three qualitative categories of financial resilience demonstrated a probability of 86.63% for the reduced category, 71.14% for the moderate category, and 79.67% for the strong category, resulting in an overall accuracy of 76.06%. The third stage was the fundamental point of this thesis, as it investigated the moderating effects of the ESG score on the relationship between market value and the three levels of financial resilience. Through multivariate regression of longitudinal data using the fixed robust impact estimator, this study's findings revealed that the ESG Score's moderating effects intensified the relationship between financial resilience and the company's market value up to a certain point of investment in management practices. ESG. The most incredible intensity occurred for moderately resilient companies, followed by companies with reduced and strong financial resilience. However, the positive effect happened with the low and moderate levels of financial resilience, while for the intense level, the effect was negative. This finding revealed an optimal point for investing in ESG, and once this point is exceeded, the additional costs become higher than the benefits of the investment. The presence of an inverse relationship between strong financial resilience and market value when moderated by the performance of the ESG index involves a trade-off situation facing two objectives. On the one hand, managerial actions that seek to make organizations financially resilient in the face of unexpected events to guarantee the continuity of operations and the creation of value for the company; on the other, the adequate investment necessary for the performance of the ESG index anchored in practices environmental, social and governance. Managing this trade-off is a function that requires a dynamic strategy. The main contributions of this study are the theoretical-empirical construction of the financial resilience index at three levels of intensity involving quantitative metrics related to the constructs of resilience dimensions and the demonstration that investments in ESG Score help companies in facing adversities shocks and unexpected events by intensifying companies’ resilient financial actions. However, companies with a strong level of financial resilience need to ensure that the costs involved in performing the ESG score do not outweigh its benefits to the point of reducing the strong level of resilience and the company's value.
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